Capítulo 15

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Não é possível. Essa mulher não pode ser Tsunade Senju. Kizashi disse que ela havia morrido no ataque, ele disse que ela morreu no ataque a vila que morávamos.

O mesmo ataque que matou inocentes, o mesmo ataque que acabou com as linhas de produção de Kizashi, o mesmo ataque que me rendeu pesadelos e rende até hoje e o mesmo ataque que tornou minha vida um inferno até meus doze anos.

Quando estava com meus nove anos, uma pessoa apareceu na porta de minha casa. Essa pessoa era Tsunade Senju. Ela estava ali para discutir com meu pai sobre a produção de cosméticos, pelo menos era isso que eu pensava.

Estava brincando com uma pequena boneca de pano que me foi dada de presente pela minha mãe quando escuto fortes batidas na porta da frente, isso era estranho. Ninguém vem para cá, ninguém mesmo. Principalmente durante noites de inverno.

Antes que pudesse se quer pensar em levantar a porta da frente é aberta por meu pai que já aparentava estar furioso. Uma mulher de cabelos loiros usando algo que parecia uma jaqueta verde entrou com pressa para dentro.

Não conseguia ouvir nada, mas sabia que eles estavam discutindo. A mulher agarrou meu pai pelo pescoço e o prensou na parede, provocando um grande baque pela força usada. Minha mãe apareceu logo em seguida, mesmo estando sentada na escada e um pouco longe eu conseguia ver que ela estava cansada.

Acabo por me perder nas memórias que tentava tanto esquecer, tentava simplesmente ignorar. Me sentei no chão enquanto apertava os olhos fortemente, implorando para as memórias daquele fatídico dia não viessem à tona.

Corria o mais rápido que minhas pernas aguentavam, tentava desviar dos galhos ao mesmo tempo em que amparava o pouco de sangue que manchava minhas roupas. Sentia pequenas queimações em meus joelhos por já ter perdido as forças e caído algumas vezes.

Elas estavam em perigo por culpa de um homem mal que não tinha piedade. O cheiro de cinzas e sangue me assusta ainda mais do que o fogo que já se tornava perceptível mesmo estando longe ainda. Minhas pernas não aguentavam mais o esforço.

Me apoiei em um tronco próximo e consegui respirar um pouco, mesmo com cheiro forte de fuligem entrando em minhas narinas. Olhei para frente e pude ver a coisa que mais temia que acontecesse. Os homens de capa estavam aqui.

Eu...

Finalmente consegui afastar as lembranças, meus olhos e rosto estavam molhados e sentia como se algo martelasse minha cabeça. Me lembro dos livros e mapas de Kizashi, de sua grande biblioteca. Aquele lugar sempre me acalmou.

Seres encapuzados começaram a surgir por todos os cantos, eles atacaram diretamente a plantação já pronta para a colheita de Kizashi, ele havia ficado tão irritado que saiu matando os civis que tentavam fugir. Os seres apareciam e iam embora como nuvens de fumaça.

Memórias que envolviam minha mãe sempre foram meu ponto fraco, elas me derrubavam e minha mente me fazia revê-las sempre.

Mebuki era uma mulher amável que veio de um mundo ignorante, uma mulher que foi pega de surpresa em uma noite de diversão e bebidas e acabou com uma criança em seu ventre.

Aprendi que não deveria confiar nos seres humanos assim que recebi a notícia e causa de sua morte. Me lembro pouco da minha infância, mas lembro que até meus cinco anos eles eram um casal feliz, ele era um homem, marido e pai incrível. Mas então a venda começou.

Os próximos anos foram um inferno, eu prefiro nem me lembrar. O lado bom é que não durou tanto tempo, já que Kizashi morreu quando eu tinha meus doze anos. A partir daí tive que me virar sozinha, continuei na mesma cabana até pouco tempo atrás, quando tive que passar a muralha.

Terra da Chuva e NeblinaOnde histórias criam vida. Descubra agora