A Professora Do Meu Filho

capítulo oito- Alice

Acordei no dia seguinte com a campainha tocando. Olhei em volta vi que o sol já estava alto. Já era tarde. Me levantei com a cabeça a mil, e abri a porta. Como sempre era Rebeca, eufórica. Ela entrou e eu fechei a porta.

Você conseguiu chegar antes da tia Nalva? - perguntei indo pra cozinha fazer um café bem forte enquanto Rebeca vinha atrás de mim e sentava na cadeira da mesa.
Sim. Eu cheguei de madrugada ainda. Está tudo certo ela nem percebeu.
Você é doida! - falei enquanto colocava a água na cafeteira.
Não mais que você! - gelei ao ouvir isso.  - o porteiro me falou quando cheguei na portaria que você voltou pra casa um pouco antes de mim acompanhada pelo o próprio André Andrade. Só não vim aqui quando cheguei porque precisava dormir, tive uma noite agitada. - falou se abanando. - agora me conte tudo.
Foi como ele disse. - tentei despistar.
Alice, não tente me enganar, quero os detalhes. Conte. - vendo que não teria escapatória, contei tudo. Ela só ficou boquiaberta, e pela primeira vez vi minha prima sem palavras.  - eu, eu não tenho palavras. Pela primeira vez na vida não tenho palavras. - falou abismada.
Rebeca, foi só uma tranza com um cara rico só isso. Não vai mudar em nada minha vida. - falei como se não fosse nada.
Querida. Não foi só uma tranza com um homem rico. Foi uma tranza com o homem, André Andrade. Você já parou pra pensar em quantas mulheres queriam ter essa sua sorte?! Ele é um deus grego meu amor. O sonho de consumo de muitas mulheres da cidade. Não o trate como se fosse qualquer um porque te garanto, ele não é.
Deixa de coisa Rebeca. É só um homem. Foi só uma noite e acabou. Uma noite que nunca mais vai se repetir. - falei convicta do que estava falando.
Nunca mais vai se repetir, mais você pelo menos vai ficar com a lembrança dele em cima de você. Isso já é tudo. - falou suspirando.
Você é doida! - falei rindo. 

Era bom estar na companhia da Rebeca, ela era um pouco diferente de mim, mais, sempre fazia me sentir melhor, era como uma irmã mais nova.

Passamos o dia conversando e ela me contando sobre a noite incrível com o tal Pedro. Estava animada e ao contrário de mim, torcendo pra que ele procurasse ela depois. Já eu, sabia que o meu deus grego, não iria me procurar nunca mais. E o pior, eu era professora do filho dele. Como pude deixar essa situação chegar onde chegou.

A semana seguiu como de costume. Logo, sexta-feira chegou. E lá estava eu, esperando Miguel na sala de visitas. Ele chegou como sempre acompanhado da babá e fomos pra biblioteca. Entramos só nós dois, e pra minha total surpresa, lá estava ele, nos esperando sentado no sofá. Miguel pulou de alegria e correu para abraçar o pai. Enquanto os via abraçados, veio na minha mente a última vez que o vi, a transa na boate e a despedida. " Obrigado pela noite Alice". Era a única coisa que ouvia em meus pensamentos. Realmente, não esperava o ver ali. Ele estava abraçando o filho e finalmente dando um pouco de atenção para o menino. Fiquei feliz e apreensiva. Mergulhada em meus pensamentos notei que pai e filho me olhavam. Tentei ser o mais profissional possível e me aproximei deles.

Boa tarde. Dr. Andrade. - disse apertando sua mão, suando de nervoso pela situação, e suando por saber que ele vai sentir que estou suando. Estava quase entrando em Pânico.
Boa tarde professora Alice. - apertou minha mão e deu um sorriso safado.

Nos sentamos no sofá, e Miguel ficou no meio. Começamos a aula e eu tentei fazer de conta que ele não estava ali. Os minutos foram se passando, Miguel era só alegria vendo o pai ali lhe dando atenção e parecendo estar prestando atenção no filho. Foi uma aula mais leve. Miguel fez o possível para acertar todas as perguntas que lhe fiz. Estava radiante e sorridente. A aula acabou. Miguel ficou um pouco triste, então para lhe animar seu pai falou.

Campeão. Vou levar a professora até a porta, vá ao seu quarto e pegue o convite.

O menino fez sim com a cabeça e saiu correndo. Ele me guiou até a sala de espera. Permanecemos calados. Até que Miguel voltou rápido e eufórico.