Capítulo 3 - Humana

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Naruto acordou com o sol, já se sentindo bem melhor do que no dia anterior. Sua cura estava correndo bem, à exceção pelas asas, que levariam mais alguns dias para se curarem. Elas formavam a parte mais sensível de seu corpo e, não bastasse isso, sofreram grandes danos.

Desceu as escadas se espreguiçando e logo viu Hinata deitada no sofá, dormindo. Não a tinha ouvido chegar de madrugada, tão profundo estava seu sono. Aproximou-se da morena e estranhou a garrafa de vodca ao seu lado, quando se ajoelhou na sua frente e tirou do rosto dela o cabelo que o cobria, sentiu logo o cheiro de bebida que ela exalava. Entendeu quais eram os tipos de problemas em que ela estava envolvida.

Naruto suspirou com a cena, esperava que a dimensão daquela situação fosse menor do que esperava. Subiu até o quarto e pegou uma coberta para ela, quando a deixou numa posição minimamente mais confortável a cobriu e foi para a cozinha, onde preparou um café forte.

Hinata acordou com o barulho vindo da cozinha, sentou-se no sofá sentindo a dor de cabeça costumeira que a incomodava sempre que extrapolava demais com as bebidas. Pegou a garrafa de vodca no chão e se levantou tendo a impressão de que seu corpo estava mais pesado do que o normal.

- Bom dia. – O loiro lhe disse olhando-a de trás do balcão da cozinha americana.

- Bom dia. – Ela respondeu terminando de beber o que havia sobrado na garrafa.

- Você não deveria fazer isso. – Ele lhe disse com a expressão séria.

- Eu não deveria fazer muitas coisas que faço. – Ela respondeu indo até ele e pegando uma caneca de café fumegante.

- Hinata, estou falando sério. Eu não sei o que exatamente você anda aprontando, mas você precisa parar. Aquele demônio estava atrás de você, não se preocupa com isso?

- Nem um pouco.

- Como não? Ele ia te matar! – Ele estava incrédulo com a calma com a qual ela o respondia.

- Não tenho medo de morrer. Se tivesse eu tinha mudado meu jeito há muito tempo atrás, e não estou afim de fazer isso.

- Você sabe onde vai parar se continuar assim?

- Deixe-me adivinhar, anjo... No inferno?

- As coisas não vão ser divertidas por lá Hinata.

- Então deixe-me ter alguma diversão por aqui, enquanto ainda estou viva.

- Eu não vou ficar aqui o tempo todo para te proteger, sabia? Assim que minhas asas se recuperarem eu terei mais o que fazer.

- Não se preocupe, eu não estava mesmo contando com a proteção de ninguém, muito menos sua. Tenho quase certeza de que você não aguentaria me acompanhar.

- Você não está nem me levando a sério, está?

Hinata o encarou cuidadosamente, Naruto tinha uma aparência jovial, mas seu jeito e seus olhos traziam a experiência de muitas vidas antes da dela. Ele parecia sério demais, austero demais, sentiu vontade de mudar aquilo.

- Estou te levando a sério, acredito em tudo que está me falando e é por isso que vou te contar uma coisa. Sabe do que eu realmente tenho medo? – Ele negou com a cabeça e ela continuou. – Tenho medo da vida, não da morte. Todos os dias que eu acordo é a vida quem me tortura e eu sinto que já estou no inferno. A morte é uma perspectiva vaga de algo que eu não conheço de verdade, e coisas que eu não conheço não me assustam. Mas as coisas que já vi, que já escutei, que já vivi... São elas que me assombram de noite e são delas que eu fujo.

O Pecado do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora