Hinata abriu os olhos e reconheceu de imediato o quarto em que estava, embora não fizesse a menor ideia de como havia parado lá. Ao tentar se levantar a onda de dor que percorreu seu corpo, partindo do abdome, trouxe de volta as memórias da noite anterior.
Não pôde deixar de se sentir imediatamente preocupada com Naruto e como se ele tivesse percebido isso remexeu-se involuntariamente na cama, fazendo com que Hinata finalmente o notasse ali, deitado ao seu lado.
Ele estava dormindo, as costas viradas para cima, e ela podia ver as duas longas cicatrizes que agora a ornamentavam. Não havia nenhuma ferida aberta, mas todo o seu tronco estava coberto por hematomas escuros e pela expressão em seu rosto ela sabia que ele estava sentindo dor.
Hinata lembrou-se do pouco que havia visto na noite anterior e apesar de não ser muito, ela era capaz de lembrar com clareza os gritos desesperados do loiro. Seus olhos se encheram de lágrimas automaticamente e ela desatou a chorar, embora tentasse suprimir ao máximo qualquer som que pudesse fazer. Definitivamente não queria acordá-lo.
Virou-se de lado, apesar dos protestos doloridos de seu corpo, e acariciou o rosto do loiro. Como ele poderia ser tão incrivelmente belo mesmo naquelas condições? Por Deus, não queria que ele tivesse sofrido nada disso. Ele não merecia tanta dor.
Olhou pela janela, o sol estava alto no céu, o que indicava que já estava tarde. Com esforço ela se levantou da cama e foi até o banheiro. Hinata se olhou no espelho enquanto tirava suas próprias roupas, seu cabelo estava embaraçado, seu rosto demonstrava cansaço e sua própria postura denunciava sua mais completa exaustão.
Quando tirou a blusa manchada com seu próprio sangue, viu o lugar onde Yahiko a atravessara coberto por uma camada fina de sangue seco, ainda doía, mas ela sabia que não havia mais nenhum corte lá.
Quando mergulhou seu corpo debaixo do chuveiro e a água quente começou a limpá-la, ela viu o rastro vermelho correr por sua pele, chegar ao chão e descer como um rio carmesim até morrer no ralo. Ela escorregou pela parede e se sentou no chão enquanto era lavada pela água corrente, sequer percebia que estava chorando.
Quando estava limpa de todo sangue o hematoma em sua barriga tornou-se visível, como era recente ainda estava vermelho e bem aparente em sua pele pálida, mas ela sabia que ficaria bem pior nos próximos dias.
Quando desligou o chuveiro, após o banho demorado, ela se dedicou a secar e desembaraçar os cabelos longos, essa tarefa nunca pareceu tão cansativa. Já pronta ela saiu do quarto, era incrível a forma como um simples banho poderia deixar qualquer um melhor.
Naruto ainda dormia e ela aproveitou-se disso para cuidar de suas costas desnudas. Não havia muito que pudesse fazer, então apenas aplicou uma pomada delicadamente sobre a pele marcada, involuntariamente ele se retraia com os toques, mas ela sabia que seria ainda mais difícil com ele acordado.
Hinata desceu as escadas e foi até a cozinha, decidiu preparar um lanche para quando Naruto acordasse e aproveitou para tomar um remédio para a dor em sua cabeça, sentia-se ainda tonta e fragilizada. Enquanto tentava se manter focada na comida que preparava percebeu que ela própria estava faminta, mas já era noite quando finalmente terminou de preparar sua sopa. Ela ainda estava comendo quando ouviu um estrondo vindo do andar de cima que a fez entrar em alerta imediato.
Naruto só poderia ter acordado e, provavelmente caíra tentando se levantar. Correu subindo as escadas e assim que parou na porta viu que estava errada sobre uma coisa, ele de fato estava acordado, mas claramente não havia caído pelo esforço.
Naruto estava de joelhos, de costas para o espelho de seu quarto e automaticamente Hinata soube que ele estava analisando os estragos em suas costas antes de se deixar cair no chão. Ele sabia o que tinha sido feito com ele, mas apenas ali, naquele momento, vendo as extensas cicatrizes que cortavam suas costas, é que ele de fato sentiu o peso de sua punição.
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O Pecado do Anjo
FanfictionNum mundo de corações partidos é comum perguntar a alguém sobre o amor e ouvir sobre decepção. Num mundo de relacionamentos cada vez mais superficiais é comum amores rasos, impossíveis de se jogar de cabeça. Num mundo como esse seria impossível o fl...