Naruto sentia-se terrivelmente desconfortável naquela situação, a música alta da Snake tornava difícil ouvir até seus próprios pensamentos. Quando chegou na boate perguntou a Hinata o que levaria alguém a colocar um nome como aquele na fachada do edifício, a morena apenas riu e disse que se ele conhecesse Orochimaru entenderia.
Sentado num dos bancos em frente ao balcão do bar onde Hinata trabalhava, ele as vezes se punha a observar a massa frenética de corpos agitados em movimentos dessincronizados e provocantes na pista de dança. Vez ou outra ele reparava nos casais que se formavam com um simples encontrão e em questão de segundos estavam se beijando e esfregando os corpos um no outro sem o mínimo pudor.
Perguntava-se como os humanos eram capazes daquilo, entregar-se a desconhecidos como se seus corpos não valessem nada. Sua natureza não permitia-lhe entender toda aquela confusão e, mentalmente, repreendia a todos eles. Os momentos mais incômodos, entretanto, viam de situações mais pessoais. Naruto pegou-se completamente desprevenido quando houve a primeira tentativa de aproximação de uma mulher. Estava internamente questionando-se se aquela tinha sido uma boa ideia quando uma loira alta e esguia se aproximou com um sorriso repleto de segundas intenções e sentou-se ao seu lado, oferecendo-se para beber com ele.
Naruto fora frio ao dizer que não bebia, mas ela insistiu em uma conversa em que ele pouco participava, respondendo suas perguntas de maneira vaga e não a ignorando por completo apenas por educação. Depois de um tempo ela desistiu e ele viu nos olhos de Hinata o quanto ela se divertiu com sua total fata de jeito para lidar com a situação. Mais mulheres se aproximaram depois disso e todas elas saíram frustradas.
- Você sabe que elas vão continuar aparecendo, não sabe? – Hinata perguntou do outro lado do balcão enquanto preparava um drink.
- Eu percebi. Mas não entendo o porquê. – Ele sabia que soava como uma criança emburrada e confusa, mas não se importou. Estava cansado demais daquele lugar para se preocupar com essas coisas.
Hinata serviu o homem sentado alguns bancos à sua direita e voltou para continuar sua conversa.
- Você é carne nova por aqui, isso por si só já as deixa curiosas. Mas elas estão vindo, principalmente, porque para os padrões humanos você é bem atrativo.
Ele percebeu que apesar do sorriso em seus lábios ela falava sério e ao contrário do que acontecia sempre que ela o elogiava nesse aspecto, naquele momento ela não falava com malícia. Parecia apenas querer tirar dele sua confusão.
Naruto não a respondeu e Hinata não iniciou outro tópico, estava ocupada e sabia que manter uma conversa com o loiro só a distrairia, portanto mantiveram o silêncio entre eles novamente, assim como haviam feito a maior parte da noite desde que chegaram.
Naruto então voltou a observar a única coisa naquele lugar que não o desagradava assim que batia o olhar, a coisa que mais o manteve atento durante toda a noite: Hinata. Ele estava impressionado com a agilidade com que ela atendia a todos que chegavam atrás de uma bebida, quase nunca tendo mais que alguns poucos minutos para relaxar. Percebeu que muitos vinham por causa dela e não pelas bebidas em si e isso, de certa forma, o desagradou.
Notou que ela mantinha o sorriso o tempo todo, mesmo quando ouvia coisas não muito agradáveis e percebeu então o quanto ela se esforçava para parecer sempre simpática, independentemente de quem se aproximava. Hinata era educada e agradecia a todos os elogios que recebia, era paciente com os clientes mais estúpidos e ria das piadas e cantadas completamente sem graça que os homens, em sua maioria bêbados, faziam na tentativa de agradá-la. A observou ouvir atentamente relatos de homens e mulheres desesperados por términos de relacionamentos ou cansados de seus trabalhos, sempre soando compreensiva e oferecendo delicadamente um drink e um conselho como ajuda. As vezes ela deixava o comportamento cortês de lado e investia em sorrisos e olhares sedutores, ela sabia bem como tirar vantagem da beleza de que dispunha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Pecado do Anjo
Fiksi PenggemarNum mundo de corações partidos é comum perguntar a alguém sobre o amor e ouvir sobre decepção. Num mundo de relacionamentos cada vez mais superficiais é comum amores rasos, impossíveis de se jogar de cabeça. Num mundo como esse seria impossível o fl...