Capítulo 2 - Anjo

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Naruto acordou sentindo o corpo dolorido, olhou ao redor e não reconheceu o lugar onde estava, sequer se lembrava de como havia chegado ali. Tirou a coberta de cima do corpo e se sentou na beirada da cama, estranhando a ausência de suas roupas. Onde estariam sua blusa e calça? Decidiu que aquele seria um problema a se resolver depois.

Levantou-se e, mal havia dado um passo, seu joelho cedeu sobre seu peso e ele caiu derrubando algumas coisas que estavam na cômoda ao lado da cama, onde se apoiou na tentativa de reduzir o impacto da queda. O barulho que fez logo trouxe suas consequências e ele ouviu o som de passos se aproximando rapidamente. Uma mulher de cabelos negros chegou instantes depois e, após vê-lo tentando se reerguer, correu até o seu lado e o ajudou a voltar para a cama.

Naruto a observou enquanto, em silêncio, ela o pegou pela cintura e o dava apoio para se levantar. Era uma mulher bonita, muito bonita. A primeira coisa em que reparou foi em seus olhos estranhos, mas surpreendentemente belos. Em todos os seus anos jamais havia visto uma beleza assim, o que o deixou intrigado. Já fazia muito tempo desde que deixara de se impressionar com a beleza humana. De onde ela herdara aqueles fascinantes olhos? Estava curioso, mas precisava se conter. Não era o momento para se distrair com coisas supérfluas, haviam coisas mais importantes com o que se preocupar.

- Será possível que mesmo acordado você vai continuar destruindo minhas coisas? – Ela falou na tentativa de parecer indignada, embora ele visse em seu jeito que ela estava mais preocupada do que nervosa.

Assim que o deixou na cama ela começou a pegar e guardar as coisas que estavam no chão.

- Quem é você? – Apesar de sentir a garganta seca, sua voz saiu firme.

- Hinata. – Ela respondeu apenas e ele percebeu sua insegurança em responder, como se não estivesse certa do que estava fazendo. Ele não a julgava por isso.

- E onde eu estou, Hinata? – Ele estava sério, precisava avaliar sua situação.

- Na minha casa, anjo. – Ela terminou de arrumar as coisas e se levantou o encarando, enfatizou a última palavra da mesma forma como ele havia enfatizado seu nome.

- Como sabe o que eu sou? – Seu olhar se estreitou para ela, quase ameaçador, mas ela não demonstrou nenhum incômodo com aquilo.

- Apenas dedução.

- Dedução a partir de quê?

- Quando eu te encontrei você tinha asas, uma espada que desaparecia no ar, estava matando alguma coisa que não era dessa Terra e sua pele brilhava. Precisa de mais alguma coisa para concluir que você não é humano?

Ele não soube o que responder, jamais havia esperado tanta petulância vinda de um ser humano que havia acabado de entrar em contato com algo muito além de sua compreensão. Apesar disso, a resposta dela o fez se lembrar.

- O demônio... Agora me lembro. Você é a humana do beco.

- É, eu sou. Mais alguma dúvida?

- O que eu estou fazendo de cueca na sua casa? – Ele tentou disfarçar o constrangimento que sentia com aquela pergunta.

- Você estava ferido e eu resolvi trazer você para cá, para que pudesse cuidar de seus ferimentos. Tive que tirar suas roupas para fazer os curativos. Na verdade, você já estava sem camisa quando eu te encontrei, então tecnicamente eu só tirei suas calças.

- Não vejo nenhum curativo nas minhas pernas. – Ele ergueu a sobrancelha a encarando.

- Porque você não tinha muitos ferimentos nela, apenas alguns cortes superficiais e hematomas. Os cortes já se fecharam e eu tirei os curativos que havia colocado, quanto aos hematomas eu usei pomadas, provavelmente você ainda vai sentir seu corpo meio... melequento. – Ela deu de ombros.

O Pecado do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora