Hinata decidiu que não conseguiria ficar em casa assim que entrou no banheiro. Esperava que a água que caia do chuveiro fosse capaz de varrer de sua cabeça suas memórias, mas ela não foi e as lembranças continuavam a voltar em sua mente, como um filme se repetindo e ela não gostava daquele filme.
Ao menos estava aliviada por ter despertado cedo, assim Naruto viu apenas o início do desastre que sua vida havia se tornado. Se Hinata pudesse metaforizar tudo que já havia lhe acontecido, diria que sua vida era um dominó perfeitamente alinhado, que ia bem até a o acidente no qual tinha envolvido sua mãe. Aquele acidente fora a primeira peça a cair e, depois dela, todas as que estavam em sua frente começaram a cair também.
Quando saiu de casa ela estava decidida a fazer uma corrida, atividade física sempre ajudava nesses casos, mas já fazia meia hora desde que ela começara a correr e não se sentia melhor. O fato de suas memórias terem sido ativadas à força parecia que as deixavam mais vivas e mais reais, além de muito mais fortes.
A ideia então veio rápida em sua cabeça e ela pegou o celular. Kiba atendeu com a voz rouca, dando a entender que havia acabado de acordar, mas concordou em encontrá-la. Hinata sabia onde ele morava e foi andando até lá. A casa de Kiba era grande e extremamente luxuosa por dentro, o maldito havia nascido rico e não tinha dó de gastar o que tinha.
Ela entrou e foi direto ao quarto dele, onde sabia que o encontraria. Kiba já dormia de novo, o que não a deixou surpresa, na verdade ficou aliviada por saber que as coisas seriam ainda mais fáceis assim. Foi direto na primeira gaveta da cômoda ao lado da cama e tirou de lá um saquinho com as pílulas que ela reconheceu serem iguais às que ele havia lhe apresentado alguns meses antes. Estava pronta para enfiá-las no bolso e sair quando sentiu a mão dele segurando seu pulso, sem fazer muita força.
Ela o encarou e viu que ele ainda mantinha os olhos fechados.
- Não acredito que veio aqui só para me roubar. Que feio, Hinatinha. – Sua voz, apesar do sono, tinha um tom divertido.
- É um caso de necessidade e você está quase morto aí, tenho certeza de que nem se importa de verdade.
- Deixe pelo menos uma para mim. – Ele pediu manhoso.
Hinata o encarou, sempre que se encontrava com Kiba ele estava assim ou estava agitado demais com o excesso de drogas. Nunca sóbrio, nunca bem. Suspirou com aquilo, a imagem não lhe agradava.
Não entendia porque ele havia chegado tão fundo tendo tanto, mas sabia que não era ninguém capaz de julgá-lo. No fundo Kiba nunca se importou de verdade com os bolos que ela lhe dava, com as várias vezes que roubou suas drogas ou com todas as ofensas que ela lhe dirigia sempre que estava nervosa. Ela tentava dizer que só dormia com ele pelas drogas, mas sabia que ele nunca havia lhe forçado a absolutamente nada e nunca realmente a havia negado alguma coisa quando ela simplesmente não queria dormir com ele.
Pensou que, ao seu modo bem ruim, Kiba tinha sido o primeiro a apenas entregar-lhe as coisas, fingindo que cobrava algo que na verdade só acontecia quando Hinata queria. Ela se deitou ao lado dele na cama e ele abriu os olhos para encará-la.
- Não me diga que mudou de ideia. – Ele tentou sorrir maliciosamente, mas ela sabia que ele estava acabado.
- Não mesmo.
- Honestamente? Que bom. Eu passaria vergonha nesse estado.
Os dois riram.
- Você está sempre passando vergonha.
- Mas não do tipo de não conseguir transar.
- Pelo menos nisso.
- O que vai fazer com todas as minhas balinhas?
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O Pecado do Anjo
FanfictionNum mundo de corações partidos é comum perguntar a alguém sobre o amor e ouvir sobre decepção. Num mundo de relacionamentos cada vez mais superficiais é comum amores rasos, impossíveis de se jogar de cabeça. Num mundo como esse seria impossível o fl...