Naruto conteve sua vontade de socar a árvore no parque, mas reprimir seus impulsos estavam deixando-o apenas mais nervoso. Ele precisava se livrar daquela tensão, mas não podia perder tempo com isso. Era um impasse complicado. Quanto mais nervoso ficava menos claros se tornavam seus pensamentos.
- Onde você foi, Hinata? – Ele começava a sentir o desespero de não encontrá-la a tempo.
Já tinha ido na casa dela, de Kiba, na boate, no Ichiraku, no parque, na praia. Onde mais ela iria? Era como se tivesse milhares de opções e ao mesmo tempo não tivesse nenhuma. Tokyo era uma cidade gigante, mas ele não poderia vasculhá-la por completo. Precisava de um destino, mas Hinata não estava em nenhum lugar daqueles que ele havia pensado.
Se Hinata precisasse fugir de alguma coisa, de seus pensamentos, de seus problemas, para onde ela iria? A ideia estalou em sua cabeça e ele se xingou mentalmente. Como não tinha pensado nisso antes?
Com um pequeno impulso se lançou aos céus e suas asas o levaram em velocidade para além da inacabável inquietação da cidade.
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Naruto pousou no terraço da antiga fábrica no exato momento em que Hinata havia se levantado. Ela estava de costas para ele, o que não fazia diferença já que não poderia vê-lo de qualquer maneira, mas ele a analisava com cuidado. Seu coração se partiu ao ver a garrafa de vodca em sua mão, já quase vazia.
O que poderia ter acontecido para que ela voltasse a beber?
Ele a viu se virar lentamente, com um sorriso triste nos lábios e o rosto banhado por lágrimas que ainda caiam. Nada poderia ser mais doloroso do que vê-la naquele estado, ainda tentando sorrir.
- Você está aí, não está? – A voz dela não tinha nada da animação costumeira, mas não foi aquilo que mais lhe chamou a atenção.
Ela estava falando com ele? Como era possível? Ela não poderia vê-lo. Percebeu que Hinata olhava em sua direção, mas seus olhos não focavam em nada. Ela realmente não o via.
- Eu sei que está, estou sentindo você. – Continuou e novas lágrimas caíram. – Obrigada por ter vindo. Eu deveria estar com raiva de você, sabia? – Ela tentou abrir mais o sorriso, mas o resultado foi totalmente o oposto. – Mas eu não consigo, porque eu sinto tanto a sua falta. – Ela segurou com força o pingente em forma de cristal preso em seu pescoço. – Eu não te culpo por ir embora... – Ela chorava cada vez mais forte. – Se eu fosse você eu também não iria querer ser amigo de uma pessoa como eu.
Naruto a observava, sem saber o que fazer. Hinata estava bêbada, mas parecia sincera. Suas palavras cortavam seu coração em milhares de pedaços, ele não tinha ideia de que ela se sentiria assim depois que ele fosse embora.
- Eu não sei mais o que fazer, Naru... – Seus olhos tinham um brilho desesperado e varriam o lugar a sua frente, como se esperasse vê-lo. – Eu estou tão cansada... Mas agora você está aqui, eu sei que está, e eu sinto que posso ao menos te agradecer. Eu me culparia se não fizesse isso. Obrigada por ter me dado alguma esperança...
Ele não podia mais suportar aquilo. Era doloroso demais. Naruto se revelou e viu o espanto nos olhos de Hinata, não porque ela não soubesse que ele estava lá, mas porque não achou que ele a deixaria vê-lo.
Hinata sorriu. Estava certa. Ele a havia escutado. Tinha feito a única coisa que precisava fazer: agradecer.
Naruto tinha um ar preocupado e olhos tristes, mas ela sorriu para ele e ele pensou que aquilo era um bom sinal, começava a se sentir aliviado, estava pronto para explicar-lhe as coisas quando ela voltou a falar.
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O Pecado do Anjo
FanfictionNum mundo de corações partidos é comum perguntar a alguém sobre o amor e ouvir sobre decepção. Num mundo de relacionamentos cada vez mais superficiais é comum amores rasos, impossíveis de se jogar de cabeça. Num mundo como esse seria impossível o fl...