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As chamas da fogueira cresciam rumo ao céu noturno e os alunos aproveitavam as oscilações do fogo para pulá-la

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As chamas da fogueira cresciam rumo ao céu noturno e os alunos aproveitavam as oscilações do fogo para pulá-la. Um ou outro terminava alvo do aguamenti de um dos professores, sempre atentos apesar de a vontade de beber, pelo menos, uma taça de vinho quase os consumir. Ao contrário dos adolescentes, os docentes tinham uma tarefa importante a desempenhar ao nascer do Sol e estar inebriado não ajudaria em nada.

Após o cerimonial de Alban Hefin, todos os estudantes ficaram liberados para aproveitarem da comida colhida por eles mesmos e preparada pelos setimanistas, dando uma folga aos bwbachod, que festejavam bebendo, dançando e tocando flautas. Os fundos do castelo estavam iluminados com velas flutuantes e o brilho sutil gerado do rápido bater das asas nacaradas das pequeninas fadas convidadas. Elas sobrevoavam as cabeças dos convivas e uma teve a ousadia de pousar próxima à taça de hidromel de Snape; a cabeça minúscula mal alcançando a borda de cristal.

Afastado dos demais, sentado em um tronco de madeira caído, ele observou e foi observado de volta pela criatura de traços afilados e orelhas pontudas, cujo semblante delicado contraiu-se e relaxou ao bisbilhotá-lo, decidindo-se se o conhecia ou não, ou se Snape devia ou não estar ali, entre outras fadas e seus descendentes. Terminou debruçando-se na borda da taça e sorvendo o hidromel em um gole longo para um corpo tão miúdo.

— Olhe só, você acabou de ser abençoado por uma fada — brincou Eileen, aproximando-se de fininho como se para evitar que o filho tivesse tempo de sair correndo.

— E o que ganho em troca? Saliva cintilante no meu hidromel? — Severus avaliou a taça "maculada" com desdém, erguendo o olhar ao ouvir a risada de Aerona misturada à dos outros professores.

O vestido era semelhante ao do primeiro ritual no círculo de pedras, e vê-la dançando de perto — em vez de a distância, escondido entre as árvores — fora uma experiência que servira apenas para amplificar sua confusão. A anarquia instaurada, desde o momento em que fora abduzido da realidade a qual estava acostumado e cuspido naquele novo mundo, piorava com o passar das luas. Sentado ali, observando aquela desconhecida que figurava em sonhos e desbotava suas lembranças, Snape já não conseguia encontrar um motivo válido para retornar.

— Então, o que achou da estadia em Annwn? — "Aí está um motivo", pensou ele, encarando a mãe sentar-se ao seu lado.

— Um sonho de uma noite de verão. — A resposta mordaz fez Eileen rir de um jeito que Severus nunca vira antes. Nem recordava de um momento do tipo, onde a Sra. Snape se permitira uma reação tão natural de felicidade.

Das memórias que insistiam em ficar, recordava de uma mãe soturna, apegada aos livros e de semblante blasé, disposta a ficar horas distante do marido irritadiço e do filho acabrunhado, com as roupas grandes demais, conseguidas em brechós beneficentes. Nunca houvera razões boas o suficiente para despertar sorrisos. A realidade era dolorida e encarceradora.

Como ela ousava ser feliz? Como ousara desampará-lo por tantos anos e, agora, fingir se importar?

— A senhora me parece bem enturmada com os professores e alunos. Todo dia deve ser um paraíso deste lado escondido do mundo e livre de responsabilidades.

Hiraeth ϟ PotterversoOnde histórias criam vida. Descubra agora