O caminho através da floresta era semelhante ao do riacho, onde praticava suas divinações, mas desviou o rumo ao escutar a água corrente. Apesar da oposição inicial, Severus não perdeu tempo perguntando aonde iam, deixando a navegação a cargo de Aerona. A mão segurava a dela com firmeza, e o toque não se abalou quando a vegetação rasteira foi substituída por um campo de jacintos silvestres.
A clareira iluminara-se com o brilho azulado emanado dos cogumelos que a cercavam, maiores que os nascidos do círculo mágico durante o ritual. Os esporos espargidos lembravam vagalumes, elevando-se na névoa esparsa. A música das fadas ecoava na floresta, em sua comemoração própria de Calan Awst.
Aerona soltou sua mão da de Severus e, a cada passada, um espaço se abria entre os jacintos para recepcioná-la. Ao retinir distante e gracioso dos sinos, ela se despiu do vestido e deixou-o aos seus pés. Ao se virar na direção de Snape, encontrou-o no mesmo local onde o deixara. O professor não se furtou de mirá-la, do jeito que se admira uma obra de arte preciosa demais ao toque; distante e enternecido.
Quando ela começou a se mexer, por um instante, o tempo parou. Os movimentos graciosos acompanhavam o ambiente etéreo, traduzindo em ação os sentimentos que a atmosfera de devaneios provocava. Aerona dançava sem pensar no que fazia, guiando-se pelo velho conhecido instinto. E como se conjurasse a magia para si, a clareira entrou em simetria ao se orientar pela maestrina.
Mesmo engolfada por aquele estado de enlevo, o olhar encontrava brechas para mirar Severus. Era difícil ler, na postura e semblante, o que se passava na cabeça dele. Considerava normal que trouxas e bruxos ficassem hipnotizados ao avistarem a dança das fadas, mas o mestre de Poções não era uma pessoa comum.
Ao vê-lo dar o primeiro passo na sua direção, o corpo reagiu à aproximação, bombeando adrenalina nas veias. Ela continuou a dançar, rodeando-o com a delicadeza da brisa que fazia a pele arrepiar. O olhar dele a seguiu como se o mundo ao redor não existisse para nada além de abrigá-los, coadjuvante à prima ballerina.
Com o coração agitado, Aerona parou em frente a Severus e o encarou sem constrangimento. Ele estava ali. Estava ali, mesmo que coberto por um novo invólucro, e nunca a abandonaria de verdade, como prometera há mais de um século. A bruxa passou a mão a poucos centímetros do rosto de Snape, atenta à maneira plácida com que o professor fechara os olhos, tão disposto em face do comportamento arredio dos primeiros dias em Annwn.
As mãos dela desceram pelo torso de Severus, desabotoando a sobrecasaca devagar, vigilante às reações que ele deixava escapar sob a persistência involuntária de se permitir prosseguir. Aerona o despiu com brandura, rodeando-o e parando às suas costas na hora de puxar as peças de roupa. Os braços o envolveram e as mãos subiram por dentro da camisa; a pele se arrepiando e o abdômen se contraindo diante do contato prazeroso.
— Alguém... — ele engoliu em seco, umedecendo os lábios — Alguém nos verá aqui?
— Você não se importou da última vez. — Aerona o beijou no ombro, arrastando os dedos até alcançar a braguilha das calças do professor. — Caso se sinta desconfortável, podemos...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hiraeth ϟ Potterverso
FanficA Morte pode ter se mostrado como uma velha amiga ao terceiro irmão Peverell, contudo, para Severus Snape, ela surgiu na forma de uma desconhecida, dentro da Casa dos Gritos, negando-lhe o fim. Carregado a uma dimensão que julgava não passar de um m...