A Morte pode ter se mostrado como uma velha amiga ao terceiro irmão Peverell, contudo, para Severus Snape, ela surgiu na forma de uma desconhecida, dentro da Casa dos Gritos, negando-lhe o fim.
Carregado a uma dimensão que julgava não passar de um m...
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Despertar ao lado de uma almofada fria não era o que Aerona esperava. Ela piscou algumas vezes e se apoiou nos cotovelos, observando o quarto em busca de Severus. Além do seu cheiro, não havia nem sinal dele. Supôs então que o professor resolvera caminhar pela floresta ou visitar a estufa, e escolheu se vestir e dar um jeito nos roncos insistentes da barriga.
A bruxa deixou as cobertas para trás e recolheu as roupas do chão, vestindo-as entre bocejos. No caminho ao refeitório, apenas o som dos sapatos. Não podia dizer que era uma sensação triste, não depois de acertar-se com Severus, contudo sentia falta das risadas e das conversas dos alunos. Nas vezes em que cogitara desistir do cargo e retornar ao outro lado, ponderou a ausência daquela alegria jovial e acabou desistindo. Agora tinha muito mais a pesar a favor de sua permanência.
— Cerys! — A irmã e Gwen tinham acabado de sair do quarto quando Aerona as avistou. — Bom dia. Bom dia, Gwen. Os informes do próximo ano letivo já foram enviados, certo? Ótimo. Minha cabeça anda tão... O quê? — perguntou ao ver as duas se entreolharem com ar de riso. — Ah, parem com isso.
— O filhote de hag é menos antipático que o esperado. A atmosfera de Annwn fez bem a ele — comentou a professora de Transfiguração.
— Eileen não é uma anciã.
— Mas é filha de uma. — Gwen disse, dando de ombros.
Aerona revirou os olhos, escolhendo concentrar-se no aroma de pão fresco que se intensificava à medida que se aproximavam do refeitório. Ao apontarem do pátio, entretanto, o coração da diretora acelerou ao ver Snape e Eileen discutindo. Ela encarou Cerys, cujo semblante refletia sua preocupação. O volume baixo das vozes não significava nada quando envolvia os dois.
Embora não desejasse se meter nos problemas de ambos, não pôde evitar se aproximar, guiando-se pela sensação agourenta de que havia algo mais que as discussões de sempre. E a confirmação veio através do olhar furioso recebido de Snape; algo muito pior que na primeira vez que se viram na escola. Ali não se tratava só de raiva ou confusão, mas um sentimento pior: decepção. "Ele descobriu".
— Severus, eu...
— Mande-me de volta. — A ordem foi dura, sem brecha para discussão.
— Não sei o que lhe falaram, mas podemos conversar e esclarecer tudo.
— O que sei é me trouxeram aqui porque você acha que eu sou alguém que não sou.
— Não é nada disso. — Precisou controlar-se para não transparecer o desespero que se assomava no peito. — A intenção primordial foi curá-lo.
Aerona nem notou Gwen se aproximar, caso precisasse intervir na briga.
— O que aconteceria quando se desse conta de que não sou Samir? — Ela recuou como se Severus a tivesse acertado com um feitiço no estômago. — Iria me descartar como essa aqui? — perguntou, indicando a mãe com a cabeça. — Iria me mandar embora? Ao menos teria a clemência para modificar minhas memórias?
