Cap 6: Quarto 2 - algo inesquecível

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Abri a porta aos poucos tentando exergar o que havia do outro lado, eu diria que era mais um quarto comum se não fosse pelo enorme poço no centro do aposento de onde vinha aquele maldito cheiro de carne podre.

Tapei meu nariz com a manga da camisa enquanto me aproximava aos poucos. É estranho, tudo era estranho, o primeiro quarto era exatamente como Naruto havia me contado, mas o segundo era totalmente diferente, eu não sabia como sair dali.

Ao chegar mais perto pude ver que uma vela iluminava o fundo do poço logo a frente dela em uma pequena porta havia o número 3, outra vela se encontrava em um canto de cima de uma parede do quarto. O poço era profundo de mais para que eu pudesse pular e não tinha nenhuma espécie de corda ou algo do tipo. Então comecei a vasculhar o que estava ao meu redor.

No canto de uma das paredes uma pequena fechadura, quase imperceptível, pode ser vista. Passei as mãos na parede ao redor dela e pude perceber que ali tinha outra porta, pressionei devagar mas estava trancada.

Fora o poço e a porta escondida não havia mais nada naquele quarto. Fiquei pelo que pareceram horas procurando uma saída, mas e se a saída fosse pular naquele buraco imenso?

Analisei novamente as paredes ao meu redor e mais uma vez não encontrei nada e então decidi saltar para dentro do poço. Coloquei um de meus pés na beirada do mesmo pronto para dar o primeiro impulso. Porém antes de eu pular pude ouvir um toque suave de piano ao fundo.

O som foi aumentando até o ponto de parecer que alguém o tocava ao meu lado. Um frio subiu pela minha espinha fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem e mais uma vez fui dominado pelo medo.

Dei alguns passos para trás até encostar em algo que eu tinha certeza de que não estava ali há alguns segundos antes. Seu peito descia e subia as minhas costas e eu podia sentir a sua respiração pesada contra a minha nuca. Fiquei paralisado e sem saber o que fazer.

Sem me virar continuei a andar em direção ao único lugar que poderia ser a saída. Quando estava prestes a pular outra sensação invadiu o meu corpo, mas ao contrário do que sentia antes esta me trazia conforto como seu alguém estivesse ali para me ajudar. Talvez fosse o Naruto? Ou quem sabe alguém que eu perdi a muito tempo?

Suspirei fundo e tirei meu pé da beirada me virando totalmente para trás. Senti meu coração falhar e minha respiração parar ao reconhecer quem estava na minha frente o seu sorriso era calmo porém os olhos tão negros quanto a noite mantinham uma certa preocupação.

Os longos cabelos negros estavam amarrados em um rabo de cavalo baixo, os braços abertos como se me convidassem para um abraço e sem hesitar levantei minha mão tentando tocar na face do espírito a minha frente.

- Itachi? - o som quase não saia da minha boca e tive que me esforçar para pronunciá-lo novamente - Itachi? É você mesmo? -

- sim, Sasuke, sou eu - lágrimas começaram a descer pelo meu rosto descontroladamente - eu vim te avisar -
- avisar sobre o quê? - não podia acreditar que depois de tanto tempo estava conversando com ele novamente - sobre a criatura com cabeça de carneiro? - ele negou com a cabeça me deixando ainda mais curioso.

- Naruto não está mais aqui - o quê? Como assim? - ele foi atrás de mim assim que soube aonde você tinha ido, ele está sumido Sasuke - eu não sabia mais o que pensar e única coisa que sentia era culpa por tê-lo abandonado.

- espera - algo há mais também não fazia sentido - se o Naruto estava preso aqui como ele desapareceu? E como ele conseguiu ir atrás de você? -

- isso é simples, a resposta é que eu sempre estive aqui, sempre estive ao seu lado - uma coisa me incomodava.

- se você estava mesmo ao meu lado esse tempo todo então por que não tentou me impedir de vir aqui? - precisava saber se ele era mesmo o meu irmão ou não.

Houve um momento de silêncio antes que ele pudesse responder:

- eu não podia, por algum motivo não conseguia interferir nas suas ações, era como se alguma coisa pudesse me impedir de salvá-lo Sasuke - bingo, agora eu sabia a resposta.

Comecei a me afastar lentamente até sentir a pedra fria do poço no meu calcanhar, eu tinha que escapar dali o quanto antes.

- Itachi nunca me chamava pelo meu nome - eu me lembrava muito bem de ficar irritado por ele me chamar de pirralho ou ficar muito feliz quando ele me chamava de irmãozinho - ele sempre me chamou de pirralho ou de irmãozinho, então sei que você não É ELE, VÊ SE ME DEIXA EM PAZ DE UMA VEZ - antes mesmo de completar a frase saltei com toda a minha força para dentro do poço.

Ao sentir o baque do chão frio de pedra minha visão se turvou sendo engolida pela escuridão e a única coisa que eu podia ouvir era a risada macabra daquele demônio. Algo que ficaria para sempre em minha mente.

Ao acordar senti uma dor latejando na lateral da cabeça e do meu corpo, o cheiro de podre assim como o som da risada e do piano haviam sumido, levantei devagar por conta da dor me apoiando nas paredes.

A vela que antes se encontrava em cima de uma mesinha de canto agora rolava pelo chão e de alguma maneira o fogo ainda permanecia aceso, por sorte não havia caído em cima da mesa.

Apesar da visão ainda embaçada consegui ver que ao lado número gravado na madeira havia uma mensagem:

               "Quando se chega ao fundo do poço a única saída que podemos encontrar é subindo" "as respostas sempre estão aonde menos esperamos"

Logo abaixo um pequeno cadeado com uma sequência de oito números trancava a fechadura.

Respirei fundo pela milésima vez e sentei no chão com as costas na parede pensando no que significava aquela frase. Foi então que ao olhar para cima pude ver algo que não tinha notado antes:

Quase imperceptível a olho nu uma data havia sido gravada no teto e era pouco iluminada pela luz da vela suspensa na parede do quarto.

                     "08/04/2011"

Ao tentar raciocinar mais um pouco percebi que aquela era a mesma data em que Itachi havia falecido. Será que aquilo era apenas uma coincidência? Ou realmente tinha algo haver com meu irmão?

A CASA SEM FIM -  BASEADO EM UMA LENDA URBANA ( Sasunaru ) ( Concluída )Onde histórias criam vida. Descubra agora