(2196 palavras)
Portland, 20:00h.
Kiara andava de um lado para o outro em seu apartamento enquanto roía as unhas de seus polegares. Era um péssimo hábito, ela sabia, mas estava inquieta desde que Leonel telefonou dizendo que o celular de Felicity estava irrestreável, mas que havia conseguido os dados do último local onde foi possível rastreá-lo: o cais. Agora, ambos iriam averiguar o perímetro próximo ao cais em busca de câmeras de segurança que pudessem ter captado o paradeiro de Felicity.
Após alguns minutos, o celular de Kiara vibrou anunciando uma nova mensagem de texto. Era Leonel dizendo que havia chegado. A garota mais do que depressa pegou sua bolsa que estava em cima do sofá e desceu a passos rápidos para encontrar o amigo no estacionamento. Assim que abriu a porta do carro, disse:
— Por que demorou tanto assim? — questionou ansiosa.
— Não é tão fácil quanto você pensa conseguir uma pausa no serviço — ele responde dando de ombros.
— Então vamos logo, você tem certeza de que o último lugar em que a Felicity esteve foi o cais?
— À menos que ela tenha perdido o celular no meio do mar, então sim, eu tenho certeza que o último lugar em que ela esteve com o celular, foi o cais.
Leonel dá partida no carro e eles saem em direção ao cais. Kiara tem uma expressão pensativa em seu rosto.
— Isso tudo é muito estranho — ela declara — quando fui à casa dela, o avô não mencionou nada sobre ela ter perdido o celular, até mesmo disse que o sinal era péssimo na casa dos avós paternos.
— Talvez ele tenha se esquecido de te dizer — ele dá de ombros.
— Eu tenho certeza que tem algo errado, minha intuição nunca falha — Kiara diz decidida.
— Eu ainda acho que você está se preocupando sem motivos, Sr. Burnett nunca teria motivos para fazer algo contra a neta.
Kiara ficou em silêncio diante dessa constatação. Leonel estava certo quanto à isso, não haviam dúvidas de que o Sr. e a Sra. Burnett amavam Felicity, mas por quê ainda assim ela tinha a sensação de que algo não se encaixava? Tentou se lembrar de todos os detalhes da conversa com o avô da amiga alguns dias atrás e lembrou-se de um fato muito importante.
— Leonel! — ela solta um grunhido frustrada que assusta o amigo.
— O que foi? — ele questiona assustado — Não me assuste assim.
— Eu sabia que havia algo errado no discurso do Sr. Burnett! Ele me disse que o sinal não pegava bem na reserva onde os avós de Felicity moravam, mas logo após disse que ela foi para ficar de acompanhante com o avô no hospital!
Leonel olhou para Kiara ainda confuso sem entender e a garota se perguntou como o amigo havia conseguido entrar para a polícia com aquele raciocínio tão lento.
— Essas reservas do interior do país não têm hospitais, o que significa que é necessário ir até a cidade mais próxima para receber tratamento e, inclusive, ficar internado. Então é óbvio que haveria sinal de celular!
— Okay, mas isso ainda não quer dizer que o Sr. Burnett mentiu pra você.
— Argh! — Kiara solta um gemido de insatisfação — Você não vai mesmo acreditar em mim enquanto não encontrarmos provas concretas… — ela afirma para si mesma.
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Por água abaixo
FantasíaExistem momentos na vida em que a sensação de estar indo por água abaixo é tão intensa que é possível sentir o nível de oxigênio cair drasticamente. Felicity Burnett pensava conhecer bem essa sensação até o dia em que, literalmente, desceu por á...