Star Wars: Honra e Desonra

Capítulo III - Nascido Para Ser

As lembranças da guerra se embaralhavam na cabeça de Kohr e vinham a tona, como pesadelos, sufocando-o. Por sorte foi acordado pela criança que carregava, uma menina, que o tirou de seus devaneios. Parecia assustada, chorava em silêncio com medo de ser descoberta pelos homens maus que destruíram seu lar e a separaram de sua mãe. Kohr viu a situação, a criança estava tão suja e machucada quanto ele, a abraçou e ficou repetindo: "vai ficar tudo bem". Se levantou, olhou em volta e só viu mato e chuva, sem fazer ideia de onde poderia estar, ele e a menina pareciam ter desmaiado por muito tempo. Até que viu, bem de longe, o cachorro de Luipa, que latia pra ele com se pedisse para seguí-lo.

Kohr segurou a mão da menina e os dois foram correndo atrás do cachorro, até que chegaram em um buraco enorme debaixo de uma árvore, uma espécie de caverna, onde dez dos moradores da vila estavam escondidos, como a mãe da criança e Hetro, cuja perna estava machucada. A criança foi correndo abraçar sua mãe, que agradeceu Kohr, porém ele não lhe deu atenção pois ficou preocupado com Hetro.

— O que houve com sua perna? — Perguntou, analisando a situação. — Onde está sua mãe? 

— Onde você esteve, Kohr? Cheguei a pensar que estivesse morto... — Hetro conversava aos poucos, proferindo as palavras em meio a gemidos de dor. — Eles enviaram tropas para acabar com os sobreviventes, a coisa é séria. Troquei tiros com alguns deles e fui acertado na perna. Acho que levaram minha mãe, não a vejo desde que bombardearam a vila...

— Eu não queria que isso acontecesse com vocês, Hetro, sinto muito. Talvez eu deva me entregar...

— Tá brincando!? Eles destruíram nosso lar, mataram parte do nosso povo e estão tentando matar o resto. Não faz diferença se você se entregar ou não, esse novo Império não tem piedade. 

— Hetro, por falar nisso... — Kohr abaixou a cabeça e ficou desconfortável. — Eu matei um deles...

— Depois conversamos sobre isso, eu prometo. Agora por favor, preciso que vá atrás da minha mãe.

— Tem razão, me desculpe. Encontro vocês aqui?

— Se eles não aparecerem, sim. Vá!

Kohr correu o mais rápido que conseguia, em meio à chuva, mesmo sem saber direito para onde ir. Seus reflexos o impediam de tropeçar, mas toda a ansiedade não o ajudava a se concentrar. Sua amiga estava sumida, ele precisava salvá-la. Portanto, desacelerou e fechou os olhos, abrindo a alma e a mente para que fossem de encontro com a Força. Meditou, mesmo em todo aquele caos, e conseguiu sentir a presença de Luipa naquela imensa floresta. Ela estava na cabana de Kohr, e corria grande perigo. Ele retomou a corrida, se virando para a esquerda, tentando ir mais rápido do que seu corpo conseguia para alcançar o destino a tempo.

Quando chegou, viu oito soldados na frente de sua cabana, retirando Luipa totalmente ferida de lá. Seu primeiro reflexo foi pular no meio deles, mesmo sem nenhuma arma, usando apenas a Força e seus punhos para fazer o que precisava. Quando derrubou o quarto soldado, roubou seu blaster para atirar nos outros quatro restantes, apenas pelo ódio por terem deixado sua amiga naquele estado. Ficou ofegante depois da batalha, tanto satisfeito quando arrependido, até que voltou sua atenção para Luipa. Tinham três tiros de blaster pelo seu corpo.

— Luipa, se segure em mim, vou tirar você daqui — Disse ele, tentando carregá-la no colo.

— Não, Kohr, por favor... Preste muita atenção no que vou lhe dizer, porque esta será minha última oportunidade...

— Não fale besteira, vamos encontrar um lugar seguro e você vai ficar bem...

— Obrigada por ser como um filho pra mim. Obrigada por fazer companhia a Hetro, cuide dele quando...

— Luipa, depois a gente fala sobre isso, eu preciso te levar para um lugar seguro...

— Não... Kohr, por favor, me escute — Ela fazia enorme esforço para falar, abriu uma das mãos dele e o entregou algo. — Seja quem nasceu para ser... 

Foi assim que Luipa Lebet, mestra da vila de Vensodrak, deu seu último suspiro e morreu nos braços de Kohr. Ele tentou segurar as lágrimas, mas elas caíram rapidamente. Seu corpo tremia, se sentia frágil e incapaz, mesmo segurando seu sabre de luz, pois aquela arma já não lhe significava nada. Agora ela significaria o sonho morto de uma senhora morta, que foi até a casa dele apenas para pegá-lo e morreu por isso. Ela morreu por isso. Kohr carregou o corpo de Luipa e o levou de volta para Hetro, que não pôde acreditar no que estava diante de seus olhos.

***

A noite caiu e a chuva parecia diminuir aos poucos. Kohr estava de patrulha do lado de fora do buraco, enquanto os moradores da vila dormiam. Hetro não conseguia dormir, ficava pensando em sua mãe, enquanto segurava o colar que retirou do pescoço dela antes de enterrá-la com a ajuda de Kohr. Se levantou, com dificuldade por causa do ferimento na perna, e se sentou ao lado dele, mas ficou em silêncio por bastante tempo.

— Vocês precisam ir para um lugar seguro — Disse Kohr, quebrando o silêncio. 

— Não tem lugar seguro nesse planeta — Disse Hetro, com uma voz fraca, parecia que todas as suas energias e esperanças também haviam sido enterradas.

— Vocês devem atravessar o rio, estarão seguros do outro lado, bem longe do alcance...

— Eles nos perseguirão.

— Não se eu for na direção contrária.

— Isso está fora de cogitação. Você permanece com a gente, é um de nós, não deixarei que se entregue.

— Não vou me entregar, só distraí-los até que vocês atravessem o rio. Depois disso roubarei uma nave deles e voltarei para buscá-los. Fugiremos para fora do planeta e tentaremos uma vida em outro lugar.

— Promete?

— Eu prometo.

Hetro começou a sentir sono e voltou para seu local de descanso, mas ainda não conseguia dormir. Kohr encarava a floresta, culpado por ter mentido tão facilmente. Ele iria se entregar e o Império deixaria o planeta em paz. Hetro ficaria sozinho, mas pelo menos estaria seguro.

***

Olá, caro leitor!
Star Wars sempre foi meu principal escapismo, minha principal zona de conforto, onde esqueço dos problemas da vida real e abraço esse universo fantasioso tão vasto e aconchegante. Fico feliz de finalmente poder compartilhar minha primeira fanfic desse universo com o mundo e com você, espero que esteja tão empolgado lendo quanto estou escrevendo.

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Os próximos três capítulos serão publicados na sexta-feira que vem, dia 21/05, portanto já siga meu perfil para ser avisado assim que forem publicados. Enquanto espera pelo dia, sinta-se a vontade para ler minhas outras obras aqui no Wattpad.

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