Capítulo I - A Sombra Se Espalha

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Uma Semana Depois da Ordem 66


Tudo estava calmo. O grande cervo azul, animal nativo do planeta de Vensodred, bebia sua água matinal na silenciosa lagoa. Estava relaxado, não conseguia notar o predador atrás da mata, se aproximando cada vez mais. Nem mesmo conseguiria se quisesse, pois o predador era ardiloso e muito bem treinado, cada um de seus passos era calculado. O pobre cervo mal teve chance de sentir a lança atravessando seu corpo antes de morrer. O caçador saiu do esconderijo, analisando o almoço, seu corpo estava completamente nu, expondo todas as cicatrizes que a guerra lhe trouxera. Tudo que ele carregava consigo eram uma lança, uma mochila e uma enorme rede. Se ajoelhou na beira do lago, ao lado do animal morto, e começou a quebrar seus ossos um por um para que ele coubesse na rede. Foi quando percebeu que não era o único faminto naquela manhã, mas já era tarde demais.

O enorme crocodilo tentou abocanhar seu corpo por inteiro, mas só conseguiu agarrar a mochila, puxando-o junto para o fundo do lago. Ele se debatia para se soltar da mochila, mas ela estava muito bem amarrada a seu peito. Quando conseguiu realizar o feito, usou as amarras para coordenar o crocodilo, como se o usasse de montaria. O animal, zangado, deu meia volta e pulou para a superfície, fazendo o caçador ser jogado entre as árvores. Vendo o cervo morto ao seu lado, a preferência do crocodilo mudou, mas seu oponente não ficou nada feliz em notar isso.

Rugindo como um animal, ele foi correndo em direção ao crocodilo, que abriu completamente a boca em desafio, mostrando todos os seus dentes. A lança no corpo do cervo de repente foi levitada para as mãos do caçador, que pulou para dentro da boca do crocodilo, atravessando-a com sua lança e atingindo a cabeça. A boca do animal, agora morto, logo caiu em cima do caçador, que a segurou e escapou. Depois de recuperar o fôlego, ele gritou com toda a força de seus pulmões, fazendo os pássaros apoiados nas árvores fugirem assustados. A floresta inteira devia saber que ele estava no topo da cadeia alimentar.

Arrastando o corpo do cervo pela floresta, o caçador levou vinte minutos para chegar em sua cabana, encontrando um velho speeder estacionado na frente dela. Deixou o corpo do animal no lado de fora, e quando entrou em casa encontrou o dono do speeder sentado em sua sala, vestindo uma jaqueta azul e uma calça preta. Ele mexia inquieto em seu colar de pérolas preciosas, esperando a volta do caçador.

- Meu Deus, Kohr, você está imundo! - Foi a primeira coisa que o homem disse quando notou a chegada do caçador e viu seu corpo totalmente sujo de terra e sangue.

Kohr ignorou o comentário, respondendo-o apenas com uma expressão brava de reprovação. Depois de pendurar sua bolsa e encostar sua lança na parede, ele enfim disse: - Eu estava caçando, você devia ter avisado que viria. Matei um crocodilo enorme no lago aqui perto, se chamar seu pessoal eu ajudo a carregar até a vila...

- Sabe que eu não vim falar sobre crocodilos, Kohr.

- Tô falando sério, ele era enorme...

- Minha mãe quer falar com você - O homem foi direto ao ponto, e aquilo cortou todas as chances de Kohr mudar de assunto.

- Fala pra ela que minha resposta é não, e que não quero ela tocando nesse assunto de novo. Escolhi morar nesse planeta para enterrar meu passado, não reformulá-lo.

- Ela não quer que você reformule seu passado, e sim que construa seu futuro. Já faz quase um ano que você abandonou a Ordem, está na hora de seguir em frente.

- Estou seguindo. Gosto da minha vida nova.

- A vida de um ewok?

- Vai se ferrar, Hetro.

- E aí, vai atender ao chamado de minha mãe?

- Só para acabar com isso de uma vez por todas.

Star Wars: Honra e DesonraOnde histórias criam vida. Descubra agora