Capítulo 29

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Assim que chegaram, Eren precisou levar Levi nos braços enquanto Damian carregava a bolsa com a chave. Depois de tê-lo deixado no quarto, com o mais novo fazendo companhia por vontade própria, foi até a cozinha com a desculpa de preparar um chá para quando o omega acordasse vomitando tudo o que bebeu.

Dando uma última espiada, garantiu-se que Damian não havia saído e sem mais delongas, pegou no seu celular, digitando o número de sua mãe com os dedos trêmulos. Por mais que estivesse tentando ser forte por sua família, até mesmo ele chegava ao seu limite às vezes. E como Levi estava mal, não iria perturbá-lo com seus problemas que seriam resolvidos agora. Deixando a água esquentar no baixo, apoiou-se no balcão, seus olhos enchendo de lágrimas no segundo que pôs o celular na orelha. Seu peito chegava a doer, mas ele permaneceu firme, controlando todo o seu feromônio para que nenhum dos dois percebessem o que estava acontecendo.

Eren? Querido! Há quanto tempo você não liga! E o almoço? Quando você virá aqui?

Lambendo seus lábios trêmulos, ele respirou fundo. "Oi, mãe." falou, "Você e o pai estão ocupados agora?"

Não. Ele está lendo o jornal na sala, tô indo até ele.

"Claro... Faça isso." murmurou, enxugando uma lágrima sorrateira.

Aquela espera parecia ter durado anos, tornando tudo ainda mais difícil. Memórias antigas de sua infância aos poucos foram tomando conta de sua mente, lembrando-lhe de quando tudo era simplesmente fácil. Onde seus pais não o enganavam, onde Zeke ainda era o seu irmão... Sem injustiça... Sem cadeia.

Oi, Eren. Sua mãe falou que queria falar conosco.

"Sim. Eu quero." falou, fingindo animação. "Sabe, eu estava meio pensativo nos últimos dias... Eu tenho andado bastante pensativo."

Se quiser voltar para casa e ficar sozinho, a porta sempre estará aberta.

"Não é sobre isso." murmurou, "Eu só...Eu tô dando o meu melhor para ser o pai que Damian não teve nos últimos doze anos, e o marido que Levi precisou e não teve." abaixando sua cabeça, ele fungou, deixando de se importar com as lágrimas que caiam. "Então, como meus pais... De alguma maneira vocês sempre estiveram com meu filho obviamente, então... Eu meio que quero as fotos que vocês têm com ele durante todo esse tempo."

Eren...

"Não se preocupem, eu mesmo vou buscar aí." insistiu, tentando não acreditar no que já sabia. "Vocês sabem... É o meu menino. O garotinho que eu não pude acompanhar... Por favor... Me digam que vocês têm algo com ele... Vocês são meu sangue... O sangue dele também... Por favor... Não me decepcionem outra vez..."

Eren, você está sendo infantil. - disse Grisha, - Você sabe muito bem que não nos damos bem com a sua família

"Ele era só um bebê..." chorou, "Por que vocês não conseguem ver isso? É só um garoto..."

Você realmente ligou para nos estressar? Eren, tenha consideração com seus pais velhos e cansados de um dia longo no hospital.

"Sabe, mãe? Uma vez ele me contou que ouviu você e o Levi batendo boca... Só pela forma como ele age em torno de vocês... Meu filho tem medo de vocês." mudando de posição, ele apoiou sua cabeça na parede. "Vocês são meus pais... Como isso veio acontecer?"

Você mais do que ninguém sabe como isso veio acontecer. Se você não tivesse enganado o seu irmão...

Rosnando baixinho, Eren trincou os dentes. "Eu fui preso injustamente, e vocês ainda dizem que somos os culpados? Eu esperava mais de vocês. Durante anos acreditei que vocês faziam parte da vida do meu filho, o neto de vocês. O sangue do seu sangue. Mas vocês só enxergam o Zeke. Nunca Eren."

InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora