Inocente

Capítulo 7

"Está aqui." disse Levi ao entregar a ficha de volta a uma enfermeira, após terminar de colocar todos os dados decorados do Damian.

Olhando para a ficha, ela assentiu antes de voltar sua atenção para o omega parado em sua frente. "No momento seu filho está sendo atendido."

"Qual sala?" perguntou impaciente, não gostando da ideia de ter que esperar longe dele. "Por favor."

Suspirando, ela revirou os olhos. Estava exausta, e não tinha nem um pouco mais de paciência sobrando para aturar isso. "Sala 101, oitavo andar."

Assentindo, ele se afastou dela e foi na direção do elevador, sendo seguido por Kenny que estava atrás dele. Logo após terem entrado, Kenny aproveitou que era somente eles lá e quebrou o silêncio que consumia o local. "Odeio ter que dizer isso por entender seu sentimento em relação ao que está acontecendo, mas você precisa se acalmar. E precisa rápido."

Franzindo seu cenho, ele cruzou os braços sobre seu peitoral na espera que o andar chegasse rápido. "Não finja que não está me escutando, Levi."

"Meu filho está mal. Não pode pedir que eu esteja calmo com isso."

"Estou preocupado com você, Levi."

"Não sou eu quem está precisando de ajuda." dito isso, ele suspirou aliviado quando o elevador parou e abriu a porta.

Observando-o em silêncio, Kenny voltou a seguí-lo. "Ainda. Você pensa que está enganando, mas eu sei que não está nem um pouco bem."

"Boa hora para tentar entrar nesse assunto, pai." cortou-lhe de uma maneira ríspida sem dó alguma. "Eu já disse, preocupe-se com o Damian. Ele é o único que está mal, e essa conversa acaba aqui."

Estalando sua língua em irritação, o mais velho optou pelo silêncio e focou na procura do devido quarto, sendo Levi o único a encontrá-lo. Parando em frente a porta, ele estendeu o mão na direção da fechadura, sem sequer lembrar que durante um exame não poderia ter nenhum acompanhante por perto. Percebendo o que Levi faria, Kenny o segurou pelo ombro e o puxou de volta. Irritado pela mudança repentina, Levi o encarou com seu famoso olhar mortal, que quase fez Kenny recuar por um segundo.

Franzindo seu cenho, ele não se deixou abalar pelo olhar do outro, e sim devolveu com o seu próprio. "Se acalme agora, Levi. Eu não estou brincando."

Desviando seu olhar do mais velho, Levi virou o rosto em outra direção, cortando de vez qualquer tipo de contato visual. "Estou calmo. Agora me largue, eu já estou bem."

Fazendo o que foi pedido, Kenny cruzou seus braços sobre seu peitoral quase que ao mesmo tempo que Levi, o que só serviu para lembrá-lo mais um pouco que aquele ali ao seu lado era seu filho que, por mais que não se parecessem em nada, havia herdado bem a sua personalidade. Suspirando em irritação por perceber que novamente havia pisado na bola de alguma maneira com ele, ambos tiveram suas atenções voltadas para a porta.

Por sorte ou azar, a pessoa que saiu de lá não era ninguém menos que uma enfermeira qualquer, e isso trouxe um grande alívio para o Levi, que não perdeu tempo e começou a questioná-la logo de cara. "O que ele tem? Por que ele teve aquela convulsão? Ele está bem?"

"Senhor, acalme-se por um momento. O paciente está bem melhor agora. Seu filho está no soro e tomou um medicamento para-"

"Vomitar a porcaria do remédio que deu a ele." concluiu Carla ao parar próximo a eles, surpreendendo a enfermeira por ver a chefe lá e usando  um tom incomum em horário de atendimento.

Sem hesitar, ela estendeu a mão para a ficha médica que a outra tinha em mãos. E ao tê-la, ela deu uma breve leitura no papel sem dar a mínima para a presença indiferente que Levi mantinha perante ela. Não recuando com o tratamento recebido, ele deixou isso passar em branco em prol de saber o que seu filho tinha. E aparentemente ela sabia que iria perguntar isso, então tratou de responder logo para não precisar ouví-lo.