Inocente

Capítulo 9

"-- Como o trabalho do Levi é bem mais puxado que o meu, decidimos que eu que cuidaria de você. Acredite quando digo que foi uma loucura maior do que a outra, Damian." contou, rindo junto do mesmo enquanto Levi dirigia rumo a casa deles, onde Kuchel havia ficado para preparar o almoço de boas vindas.

"Sério?"

"Sim! Uma vez... Acho que você tinha uns oito meses, que seja. Estávamos sozinhos e o leite armazenado que Levi sempre deixava havia acabado. Você fez um escândalo tão grande, que eu tive que ir até onde era o escritório dele na época."

Conforme Eren contava a história, um pequeno sorriso aparecia em Levi, que aos poucos iria lembrando de tudo isso. "Ainda não acredito que fez aquilo." deixou escapar, arregalando os olhos quando notou que ambos tinham suas atenções voltadas para si.

"O que fez?" questionou Damian, puxando assunto até mesmo sobre o vento para ter o que conversar com o Eren, e o mais velho não perdia tempo em retribuir o interesse, assim fazendo a viagem de volta ser bem descontraída e familiar.

"Antes de tudo, juro pra você que não sabia que ele estava em uma reunião importante com um cliente." riu, limpando as lágrimas no canto de seus olhos, que haviam se formado de tanto que ria. "Eu entrei gritando: 'Onde está o peitinho, mamãe?! O neném quer peitinho!'. Eu juro, queria ter gravado a reação do Levi na hora. A do cliente foi impagável, disso eu me lembro muito bem."

"Você não fez isso..." resmungou envergonhado, escondendo seu rosto com as mãos enquanto não tentava imaginar a cena.

"Me dê um crédito, eu estava desesperado. Se você chorasse mais um pouco, era capaz de pensarem que eu estava te matando. Chorar não, gritar. E se pensa que era aqueles gritinhos que a pessoa olha e acha fofo, está muito enganado. Era aqueles gritos de quem estava pra morrer. Eu tentei te ajudar e quase morri quando cheguei no trabalho do Levi. Pra você ter uma noção, Levi reclamou até chegar em casa só porque você chegou todo roxinho. Mas que culpa eu tinha? Você não parava de chorar nem com a chupeta."

"Você estava sufocando ele com a chupeta."

"Ele não se acalmava!"

"Mais um pouquinho e teria matado ele."

Fazendo beicinho, Eren cruzou seus braços sobre o peitoral. "Depois daquilo, eu tive que ficar sob supervisão de sua avó Kuchel. E então perdemos os nossos momentos de alfa no controle."

Revirando os olhos, Levi riu baixinho com o retrucar do moreno, que parecia cada vez mais animado para pôr os assuntos pendentes em dia. "E então, Damian? Você têm alguma matéria favorita? E a que mais odeia?"

O garoto, que parecia perdido em meio a sensação de calmaria que o par liberava a cada mínima interação, voltou sua atenção para o pai, encarando-o um pouco boquiaberto. Então era assim que se sentia ao ter a família completa? Não era ruim. Ele gostava. Fechando sua boca, ele sorriu ao responder: "Eu sou muito bom em química e em matérias que envolvam cálculos."

"Vejamos só... Pra quem duvidou que meu filho seria inteligente, se deram muito mal." brincou, "Infelizmente, você não puxou esse lado de mim. Embora seja muito bom ser de exatas, eu prefiro humanas."

"Humanas é muito ruim." disse sem sequer pensar, e isso fez com que Eren o encarasse como se estivesse sido ofendido de uma maneira imperdoável, o que fez Levi olhar pra fora da janela por um momento para que não risse da reação exagerada do moreno.

"É sério mesmo que até esse lado ele herdou de você, Levi?" resmungou emburrado, ganhando apenas um dar de ombros. Olhando para o banco de trás, Damian encolheu-se um pouco com o olhar sério que o mais velho dava, apenas para sorrir quando ele riu.