"Já vai."
Um pouco zonzo pelo sono, Zeke foi até a porta com passos lentos, ainda bocejando pelo longo cochilo que havia tirado no começo da tarde. Com a continuação de batidas incessantes na porta, ele franziu o cenho com a petulância do sujeito. "Eu já disse, estou indo!"
Sem paciência alguma pela insistência, quase pensou em pegar sua arma e matar de vez essa pessoa que o acordou, mas logo lembrou-se que a polícia tinha estado de olho bastante naquela redondeza e que não poderia atrair atenção deles de jeito nenhum, então logo desistiu dessa ideia e abriu a porta, se surpreendendo-se ao ser abraçado pelo Damian.
Sentindo sua blusa ficar um pouco molhada, ele revirou os olhos antes de suspirar e afastá-lo. "O que aconteceu dessa vez, Damian? Por que está chorando?"
Sem conseguir conter suas lágrimas, ele fungou e as enxugou, mesmo sendo inútil. "Ele esqueceu novamente."
Ao ouvir isso, Zeke teve que conter seu revirar de olhos, e com um sorriso amigável, apenas deu-lhe um abraço. "Eu sinto muito. Mas... Feliz aniversário, Damian."
Retribuindo o abraço do seu velho amigo, Damian sorriu apesar das lágrimas em seus olhos. Ficando realmente feliz ao lembrar-se que tinha ao menos o Zeke do seu lado, um homem que conheceu quando tinha apenas dez anos. Na época em que se conheceram, Zeke havia o encontrado tentando fugir de casa, e após horas conversando enquanto passeavam por um parque, ele conseguiu fazê-lo voltar para casa, ficando de vigia por trás de um carro até que entrasse em sua casa. E mesmo com um padrão de vida completamente diferente da sua, Damian ficou feliz com a amizade que tinha com o Zeke. Chamando-o até mesmo de tio quando estavam sozinhos.
"Obrigado, tio." choramingou, encolhendo-se em meio aquele forte abraço.
"Não há nada para agradecer, garoto. A única coisa que me faz sentir muito é o fato de não ter comprado nenhum bolo. Você me disse que não viria, então não comprei nada."
"Eu fui um idiota, tio. Pensei que dessa vez ele se lembraria... Eu deveria ter vindo direto para cá invés de ter ido para o colégio." chorou
Apesar de notar o quão parecido o garoto se tornava com o Eren com o passar dos anos, Zeke se viu erguendo uma sobrancelha ao notar um curativo na testa do garoto. "O que foi isso?"
"Eu pensei que se eu entrasse em algum tipo de briga... Talvez ele saísse de lá, mas... Eu errei."
"Pare de ficar dizendo coisas desse tipo, ok? Vá no banheiro e lave esse rosto. Irei pedir uma pizza para nós dois. Depois irei te ensinar a como abrir uma porta com um grampo."
Sentindo-se um pouco mais animado com a menção da pizza e de outro truque que iria aprender, logo Damian sorriu e assentiu, indo na direção do banheiro com passos longos. Afinal das contas, os truques que Zeke o ensinava, sempre serviam para alguma coisa. No seu aniversário passado, Zeke o ensinou a como se esconder entre as pessoas sem chamar atenção. Já no seu retrasado, ele havia o ensinado a manusear facas para se defender, o presenteando com uma adaga depois de uma semana. Damian poderia dizer com toda firmeza, e sem sombra de dúvidas, que Zeke era a única figura de pais que tinha.
Entrando no banheiro, ele lavou bem o seu rosto, afastando qualquer vontade que tivesse de chorar. E após ter certeza de que parecia bem, ele saiu com um ar mais alegre, se jogando no sofá assim que ficou próximo. "Vai ser muito difícil?"
"Não muito. Mas vai exigir bastante paciência de sua parte para conseguir abrir um cadeado. Se for realmente esperto, conseguirá abrir até mesmo uma fechadura." disse ao jogar o celular no balcão, já tendo feito o pedido por meio de mensagens.
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Inocente
FanfictionPara Levi, sua vida teve muitos momentos bons e ruins, mas se fosse para escolher a dedo o pior dia de sua vida, ele diria sem nem pensar direito: "O dia do julgamento." "O réu é considerado, culpado." Ouvir que o seu marido é culpado, quando você s...