29 - Livre

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Cheryl Blossom point of view

Sinto algo quente ser prensado contra meu braço e gemo de dor. Carmen estava com um cigarro nas mãos.

– P-pare! – balbucio. – Por favor! – sinto as lágrimas quentes descerem pelo meu rosto.

– Oh, está doendo? – pergunta cinicamente. – Eu não me importo! – ela dá um sorriso frio e pega uma tesoura próximo à ela. – Sabe... – pega uma mecha do meu cabelo. — Seus cabelos são um tanto parecidos com os da sua mãe. – dá uma risada.

Corta a mexa que tinha nas mãos.

– Você é, em tudo, parecida com ela. – corta mais uma mexa. – E eu a odeio por isso!

– E-ela não veio por causa do pa-pai e sim por mim. – uma mecha de cabelo cai ao meu lado. – Então... Me deixe em paz!

Ela dá uma risada irônica.

Eu não tive a melhor reação quando descobri que minha mãe estava viva. Era doloroso saber de tudo isso. Mas Carmen, com a finalidade de me fazer sofrer ainda mais, me contou que me tirara dos braços da minha mãe quando eu tinha apenas 5 anos e que mentira sobre a morte dela, apenas para que minha mãe não se aproximasse do meu pai.

Suspiro.

Eu estava presa nesse lugar à alguns dias, que pareciam longos anos. Eu já não comia e muito menos bebia. Eu tinha medo de tudo.

Salazar, o homem que minha mãe se envolveu, é um completo louco. Mas mesmo assim, ele não me assusta como Carmen, que tem seu juízo perfeito, mas continua a fazer suas maldades por puro prazer.

Ela corta mais mechas de cabelo, os deixando curtos na altura dos ombros.

Mas não se preocupe, querida! Logo Austin chegará e acabará com seu sofrimento. – ela diz. – Pena que não estarei aqui para isso. – diz e se levanta dali.

– P-por que? Não é isso que quer?

– Sim, claro que é! – sorri. – Mas eu não sou tão idiota.

– Como assim?

– Não é nada! – estala a língua. – Até mais. – diz e ri.

Ela sai do quarto e eu desabo em lágrimas. Eu já não aguentava mais isso, eu só queria Toni. Eu não me importava com o que acontecera à dias atrás entre nós duas, só queria apenas estar em seus braços e me sentir segura.

Mas e se Toni não se importasse mais comigo?

Tento me sentar, pois minhas mãos e pés estavam amarrados. Com certa dificuldade, consigo.

Salazar não me batia, sempre vinha até o quarto e ficava acariciando meus cabelos, dizendo o quanto eu era linda e que logo eu e mamãe estaríamos juntas para ele.

Mas ao contrário dele, Carmen não media esforços em me bater e deixar marcas pelo meu corpo.

Suspiro e sinto meu estômago doer. Dias sem comer, obviamente, estavam me deixando fraca e doente. Mas eu não me importava. Só queria minha liberdade.

--×--

– Você tem que comer, querida! – Salazar diz e eu aperto meus olhos com força.

– Não estou com fome! – resmungo.

– Você é igual sua mãe. – ele sorri. – Teimosa!

– Se você... Me ama me tire daqui! – ele me olha desconfiado.

– Eu não posso fazer isso. – mexe nos meus cabelos que estavam curtos e sem vida. – Sua mãe tem que voltar pra mim. Sei que ela me ama.

– Salazar...

– Chega desse assunto! – grita. – Você não vai sair! Nunca! E assim que sua mãe voltar, vocês serão apenas minhas! Minhas!

Me encolho e suspiro pesadamente.

– O que Austin irá fazer comigo? – murmuro.

Ele dá de ombros, mas sorri.

– Austin vai te levar pra passear! – diz animado, mudando de humor drasticamente. – Carmen que me disse. Não está feliz?

Claro, Carmen não iria dizer que Austin me mataria à ele.

Provavelmente ele não permitiria, a visto que crê que sou sua filha e minha mãe logo estaria com ele, assim, podendo nos tornar uma família feliz.

Abaixo a cabeça e sinto meus olhos arderem.

– Não fique assim, filha! – levanta meu queixo, me fazendo olhá-lo.

Desvio meus olhos dos deles e logo ouço a porta ser fechada. Suspiro.

Iria ser assim? Eu iria ser morta por esse tal Austin e nunca mais veria meu pai, ou até mesmo minha mãe, que até então estava morta. Betty, a qual eu estava morrendo de saudades. E... Toni. Minha Tee-Tee. Sorrio tristemente e me encolho ainda mais.

Sinto algo gelado em minhas pernas e me afasto. Vejo então, a tesoura prateada que Carmen usara pra cortar meus cabelos. Olho para porta, com expectativa de que Salazar não passasse por ali naquele momento.

Tento pegar a tesoura com minhas mãos, mesmo que as mesmas estivessem amarradas. Com dificuldade, a pego e a abro, deixando sua lâmina afiada exposta. Começo a cortar a corda com dificuldade.

Meu coração estava acelerado e a fina camada de suor já havia se formado em minhas têmporas. A chances de Salazar flagrar tudo era grande.

Depois de alguns minutos a corda é solta e eu suspiro, sentindo as lágrimas escorrerem. Sem hesitar, começo a desamarrar as cordas dos meus pés com um auxílio da tesoura.

Pronto!

Eu estava livre daquelas cordas!

Massageio os locais e ouço a porta ser aberta. Minha respiração fica irregular e escondo a tesoura debaixo da minha coxa.

– Ei, querida! – ele trás uma bandeja com sopa e meu estômago embrulha. – Trouxe para você comer e dessa vez nada de rejeitar. Sua mãe vai ficar brava comigo se eu não cuidar de você. – sorri.

Suspiro aliviada. Ele ainda não percebera a ausência das cordas.

– Tu-tudo bem! – ele sorri e se aproxima da cama, com a sopa quente em mãos.

Sem hesitar, empurro a bandeja contra com o seu rosto, fazendo o alimento quente escorrer por seu rosto.

Ele grita de dor.

Sinto meu coração se apertar, mas não hesito em correr. A casa era velha. Continha apenas uma sala, uma cozinha, um banheiro pra lá de sujo e o quarto onde estava presa.

Corro, logo saindo da casa. Vejo carros se aproximarem da mesma e acelero meus movimentos. Com toda certeza, era Austin e companhia.

Corro para os fundos da casa, mas sinto braços me envolverem.

– ME LARGA! – grito. – ME LARGA! – as lágrimas caem e eu grito desesperadamente.

Meu porto seguro - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora