04. shot

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Safira Point of View

Alpine, 10 de novembro de 1896

Era envergonhante, ele me segurava fortemente pelo braço e me puxava até o exterior da cabana. Minhas mãos continuavam atadas e se não fosse pela força dele, eu mal conseguiria andar pela fraqueza.
Lá fora eu pude ver, era um pequeno acampamento e havia várias pessoas, pareciam trabalhar em conjunto, não me parecia estranho apesar de nunca ter visto o antes. Pelo que percebi, estavam unidas pelas infelicidades da vida.

Harry me levou até uma pequena cocheira, era apenas um cargo engatando onde amarravam os cavalos. Ele assobiou e um pessoal se juntou até nós, estavam todos armados e atentos.

- Nós vamos dar um passeio - Ele disse enquanto desamarrava a corda num desengate rápido.

É como se eles conversassem em códigos e olhares, Harry não ousou muito e todos já estavam se aprontando, principalmente eu, que pela sua ajuda já estava na garupa de seu cavalo.

- Vamos fazer uma visitinha ao nossos amigos.

Ele atirou para cima, atiçando a correia e fazendo o cavalo correr.

O caminho era árduo e a posição que eu estava não me favorecia. Meus pulsos estavam assados e eu sentia arder cada vez mais. Eu escutava eles jogando conversa à fora enquanto galopavam, mas não conseguia ao menos me concentrar.

- Ali, pela esquerda atrás da colinas - Disse.

Eles seguiram e não demorou até chegarem. Eu nunca estive aqui e se quer falei com o chefe dos Hardins, só sabia sua localização pelo o que ouvi anteriormente. Se estiver errada, joguei todas as minhas chances no lixo.

Nós paramos antes, no muro que antecedia.

- Você tem certeza que é aqui? - Harry disse enquanto me ajudava a descer do cavalo.

- Só pode ser aqui - Ele tapou minha boca com um pano e amarrou na parte de trás.

- Esther.

Ele chamou uma morena, provavelmente era para ficar de olho de mim enquanto eles invadiam. Ela tinha longos cabelos morenos, a pele bronzeada e traços indígenas, não parecia ofensiva ou qualquer coisa do tipo pelo seu olhar até mim.

Eles amarraram os cavalos num tronco e preparavam as armas. Conversaram entre si e decidiram que iriam furtivamente para não causar alarde, até conseguirem oque queriam.
Mas não durou muito tempo, e eu já escutava os barulhos de tiros. Esther espionava de canto ao muro e eu ficava de olho na estrada.

- Marcus! - Ela gritou e saiu correndo.

Estava sozinha. Era a hora perfeita para fugir, mas ao mesmo tempo que eu queria e devia, uma parte culpada dizia para ir ajudar. Talvez essas pessoas precisariam de mim quanto eu delas.

Caminhei agachada, tentando desviar dos tiros e cheguei até eles, escondidos atrás de uma velha carroça no campo. Esther chorava sentada com Marcus em seus braços.

- Que merda você ta fazendo aqui?! - A mesma disse quando me viu.

Era difícil responder com o pano em minha boca, então olhei para a ferida no ombro do rapaz. Ela entendeu o recado e desatou o nó de minha cabeça e mãos.

- Nós precisamos voltar - Rasguei um pedaço da camisa do moço ferido e amarrei em seu ombro.

Os olhos de corça dela pareciam preocupados e já estavam marejados.

- Vamos, me ajude a levar ele.

Começamos a nos movimentar, ele era pesado e eu não estava em meu juízo normal, por sorte, ele estava consciente e conseguia andar também. Esther colocou ele em seu cavalo e eu peguei emprestado o dele. Era de se notar o desespero dela, pois pra ter confiado em mim era porque ele era alguém importante, e eu espero algum dia ter esse vínculo com alguém.

A ferida estava feia e o tempo frio ajudava a piorar, mesmo que estivéssemos dentro de sua cabana. Marcus estava deitado na cama e eu respectivamente ao seu lado numa cadeira. Tentava tirar os fragmentos de bala com uma pinça para melhor cicatrização, mas ele não parava de ser contorcer.

- Tá.... Isso vai doer mas vai ser rápido - Disse enquanto colocava a linha na agulha.

Entrepassava a linha pela sua pele, obviamente aquilo não poderia ficar aberto, e mesmo com poucos recursos aquilo daria por hora.

- Como ele está? - Esther apareceu.

- Está melhorando, eu acredito - Finalizei com um nó.

Arrumei os utensílios utilizados, tinha uma pequena bacia onde pude dar uma pequena limpada com água e os enrolei num pano.

- Está tudo aqui - Disse.

Levantei e fui rumo até a porta, mas Esther me parou no meio do caminho, segurando meu braço.

- Foi de se orgulhar oque fez. Fuja, e eu não direi nada á eles.

- Se não consigo lidar com isso, não vou conseguir lidar com mais nada.

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Oii gente! 
Espero que curtam <3

All kisses
Kharol.

Wild East • h.sWhere stories live. Discover now