Wild East • h.s

0.9 Santa Clarita

Safira Point Of View

Santa Clarita, 21 de novembro de 1896

Os raios solares incomodava-me os olhos, não havia descansado nada esta noite pela tensão e pelo Harry que falava baixinho enquanto dormia. Levantei, ajeitei meu vestido que estava todo sujo de feno e fui até o exterior encontrar com ele. Ele havia feito um fogueira, tinha alguns galhos e folhas secas mas queimava. Sentei ao seu lado e nada disse. Ele fez um gesto, me entregando um pedaço de carne que estava comendo.

- Oque é? - Perguntei.

- Coelhos - Não consegui disfarçar minha cara de indignação - Cacei esta manhã.

Apenas recusei com a cabeça

- Qual é! - Ele riu - Não tem dó de matar uma pessoa mas tem de um coelho.

- Coelhos não tem maldades como as pessoas.

- Coma ou vá ficar desnutrida - Após relutar muito, dei algumas mordidas, foi difícil descer mas não era tão ruim quanto pensava.

Terminamos de comer, por sorte, tinha uma pequena garrafa de Tenessee que Anne havia me dado em minha bolsa, ajudou descer a comida mais facilmente. Destruímos o pequeno acampamento, dei umas pisadinhas no carvão fraco e esperei Harry pegar Hades, apelido carinhoso que ele havia dado ao seu cavalo.
Caminhamos o bastante para reparar no horizonte, aqui é muito mais bonito que Virgínia, a paisagem e a forma como as nuvens se movimentam, tudo é diferente. Chegamos em uma mini metrópole, chamava Santa Clarita e era bem inusitada, os comércios já estavam se programando para o natal e a neve combinava com tudo.

- Vamos descer - Falei empolgada.

- Por que? - Ele me questionou.

- Vem, vamos!

Ele me escutou por algum milagre, então guardamos o cavalo em um estábulo e prosseguimos. Estava um fervo, como estávamos no meio da feira que acontecia, pessoas, mercadores, carroças, comerciantes passavam á milhão, era muito pra acompanhar mas era evidente como eu estava encantada.
Passamos por algumas tendas, eles eram uma sociedade bem patriota, tinham uma cultura forte, eram imigrantes ambiciosos o bastante. Tinha barracas de tudo, alimentos, jóias, brinquedos, amuletos, roupas.

- Olha, Andy amava esses bonequinhos - Falei enquanto pegava um desses colecionáveis na mão.

- Andy? - Ele questionou

- Meu irmão menor.

Deixei de volta á exposição e continuei andando em frente sem prosseguir com o diálogo, Harry também seguiu calado.
Acabamos em uma roda cultural, todos formavam um círculo enquanto pessoas dançavam no centro ao ritmo da música que tocava, parecia ser uma tradição antiga.
Ficamos observando, até um rapaz dançando pedir a minha mão, eu como mais desenrolada aceitei, ele até brincou tirando vantagem de Harry como se fôssemos um casal de verdade, ele se sentiu desafiado e como provocação entrou no meio também.
Rodávamos em sintonia, mexíamos nossos quadris, ríamos e trocávamos sempre de par e o ritmo aumentava conforme a música. Por fim, acredito que por coincidência, eu e ele paramos juntos. Harry estava tão perto de mim e nossas mãos unidas, minha respiração estava alta e ele sentia meu calor, seus olhos verdes me fitavam. Logo sai do transe, fiquei desconcertada, eu orei tanto pra Deus para não deixar minhas bochechas corarem.
Me virei e o puxei pelo pulso dentro á multidão, tentando desviar sobre o momento, mas ele me interrompeu, parou e eu retornei atrás.

- Eu vou resolver algumas coisas - Ele falou seco - Nós encontramos aqui mais tarde.

Não sabia o que responder, engoli seco e sai em sua direção contrária. Ele era estúpido.

Durante todo esse tempo todo tentei testar os métodos de mini furto de Esther, ela tinha a mão tão leve quanto uma pena, e o segredo na verdade era a distração, uma questão de perspectiva, ela citou que os homens são os mais fáceis a cair, principalmente se estiverem bêbados, então para ela, Saloon era considerado banco. Ao final, não foi fácil como ela disse, mas era um começo.
Percebi que as luzes dos postes começaram a ofuscar o céu, esse era uns dos meus motivos para odiar cidade grande mas não era de se negar que contrastava com esse clima de fim de ano, então parti de encontro ao lugar onde desencontrei Harry.

- Ai está você! - Harry chegou em uma pequena corridinha.

- Eu só estava do outro lado rua que nos separamos - Soltei um riso pelas narinas.

- Mas o que tá olhando hein? - Ele começou a reparar na vitrine da loja comigo. Eu sentia saudade do luxo, confesso, mas nada que pague minha liberdade - Vamos entrar - Ele percebeu como admirava os vestidos.

- Não estou afim - Relutei.

- Não te aguento mais neste trapo branco - Ele riu.

- Eu não preciso de caridade - Ele via minha irritação, era demasiada orgulhosa.

- Não é caridade, é presente - Ele me puxou - Vem, vamos logo.

A loja em questão era bem decorada, tinha vestidos de todos os tipos, até dos imperiais e os feitos sob medida, era uma mais apaixonante que o outro, porém mesmo que eu me esforçasse eu estava desconfortável, ele parecia uma caixinha de surpresas e sempre me deixava sem reação. A vendedora deve ter notado o climão por minha parte e tentava descontrair, mas eu deixei nas mãos de Harry, ele escolheria o que achasse cabível. Por fim, o moreno escolheu um de meio manga que se ajustou perfeitamente ao meu colo, ele era um turquesa claro e e tinha alguns detalhes abaixo com renda. De tanta insistência, provei a peça de roupa.

- O que acharam? - Sorria nervosa.

Harry me secava mas não falava nada.

- Não ficou tão ruim assim não - Ele soltou e riu.

- Sabia que isso seria perca de tempo - Revirei os olhos e voltei para me trocar porém não adiantou de nada pois o ouvi falando que iríamos levar.

Saímos da boutique e fomos de volta ao estábulo.

- Fica muito mais linda desse jeito - O rapaz acendeu um tabaco enquanto caminhávamos.
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Oi amores!
Não esqueçam de favoritar :)

All kisses,
Kharol