A Ceia

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– Vai ficar brava comigo até quando?

Você repousa a prancheta sobre o próprio peito, mais uma vez encontrando os telhados das construções à frente pintados pela neve branca do lado de fora da janela. A inexistência de cor anteriormente na visão agora permanecia coberta por uma camada alaranjada do fim da tarde, quase como se uma película transparente fosse colocada em frente aos seus olhos, obrigando-a a enxergar o clima frio como quente.

Suspirou pelas narinas, o ar saindo lentamente, e então sem ao menos se virar, responde:

– Não estou brava.

O capitão, sentado no sofá faziam mais de trinta minutos em silêncio, apenas bebericando o chá que ele mesmo teve de preparar, agora parecia começar a sentir as consequências do que fizera há dois dias atrás. Não achou que ele fosse dar o braço a torcer tão cedo.

– Bom, – Ele seguiu falando, mesmo notando sua resistência para respondê-lo. – eu assumo que quando uma pessoa imediatamente se afasta no mínimo cinco metros da outra a qualquer sinal de aproximação existe alguma coisa errada.

Você tenciona os ombros, ponderando pela primeira vez desde o incidente com Alice de que talvez realmente estivesse exagerando para o lado de Levi. Não forçava a distância à toa, especialmente porque ainda se sentia presa no sentimento eminente de irritação toda vez que se lembrava da expressão desentendida de Levi quando ele a viu irritada e teve todas as chances para revelar que fora o responsável pelos eventos infortunos que te perseguiram naquele dia. A raiva se intensificava especialmente quando o rosto assustado de Alice surgia em sua mente, no exato momento em que você a ameaçou nos corredores. Tal violência poderia ter sido impedida se o capitão não tivesse sido tão egoísta.

– Você sabe que ainda estou irritada com tudo aquilo que aconteceu.

Mesmo sem se virar, soube que Levi havia se levantado do sofá. A voz parecia ligeiramente mais próxima.

– E o que posso fazer para te livrar disso além de já ter me humilhado na frente de uma soldada e organizar a sala de arquivos por uma tarde toda?

– Eu não sei.

Massageia com os dois dedos a gola de seu casaco grosso caindo sobre seus ombros, pensativa, ao tempo em que sente as mãos do capitão deslizarem em sua cintura por trás. Fora um movimento repentino, então retraiu os músculos sem ao menos perceber, mas não teve forças para se desvencilhar. O sinal de que a irritação estava finalmente passando era que gostaria de ser segurada por ele. Se manteve imóvel, ainda sem pretensão de desistir tão facilmente.

– Vamos lá... – Levi começou a dizer, antes que você pudesse ameaçar fugir mais uma vez. A voz dele estava aveludada e levemente rouca, resultado de um leve resfriado que ele havia retraído por se expor tanto ao frio do inverno. – Não gosto de te ver assim comigo.

Você esconde o rosto entre na gola do casaco com a qual brincava anteriormente, sentindo o próprio hálito esquentar seu nariz gelado. Pisca algumas vezes, se concentrando na sensação dos dedos do capitão massageando vagarosamente o tecido de sua roupa.

– Pensei que gostasse. – Você diz baixinho, envergonhada.

Levi pareceu gostar da resposta, porque seu tom de voz soou como se estivesse com um sorriso. Além disso, os braços agora envolveram seu torso por inteiro, trazendo-a de encontro ao seu corpo. Apoiou a cabeça em um de seus ombros e, bem próximo ao seu ouvido, ele respondeu:

– Só quando eu posso te segurar. – Com um apertão carinhoso, completou: – Não fuja mais de mim, ouviu bem?

O último pingo de resistência presente em você escapou – quase pode senti-lo deixando seu corpo pela respiração pesada que expeliu pela sua boca. Uma de suas mãos instintivamente pousa na lateral da cabeça de Levi, encontrando os fios lisos de seu cabelo negro. Você a move, os fios transbordando por entre seus dedos, acariciando-os repetidas vezes.

The Endgame (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora