A Decisão

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– ...E como o senhor requisitou comandante, já fiscalizei e revisei o material da última conferência com a coroa. Emiti três cópias para mantermos arquivadas por segurança, as recebi prontas hoje, então peço perdão pela demora. O escrivão levou mais tempo do que me prometera. Apesar disso, tudo está dentro dos conformes.

Você vasculha sua mente buscando por qualquer informação que poderia ter esquecido ao relatar o andamento da semana. A prancheta em sua mão está mais pesada que o normal – não tem certeza se é pelo peso emocional que ela te fez carregar durante a semana cheia de obrigações e burocracias para resolver ou se somente pela quantidade de papéis. A luz das velas tremulam dentro da sala, tornando as cortinas pesadas que caíam como cascata para o piso de mogno ainda mais escuras. Observa Erwin se levantar de sua cadeira para fazer uma leve reverência para você, um sorriso satisfeito contornando seus lábios.

– Não sei o que seria de mim sem sua ajuda, minha jovem. – Ao erguer o corpo, o comandante projeta uma grande sombra na parede. Mesmo com a penumbra, você teve certeza que o sorriso brilhante naquele rosto poderia iluminar a sala toda. – Quero agradecê-la por tudo, mas ao mesmo tempo me sinto péssimo por jogar tanto trabalho para você.

– Não precisa se preocupar, comandante. – Você apoia a prancheta contra o peito, a abraçando enquanto continuava falando: – Eu entrei no QG para cumprir essa função, então quero me manter útil como posso.

Erwin forçou uma risada amigável e esticou as costas, as mãos se enlaçando formalmente atrás do próprio corpo.

– Obrigado, mesmo. – As palavras saem de sua boca com uma sinceridade quase palpável. – Qualquer dia desses, adoraria me sentar com você para tomarmos um chá e conversarmos sobre como tem sido sua vivência no QG. Não tenho estado tão presente para você quanto gostaria ultimamente.

Você sorri de volta, os dentes à mostra. Era engraçado pensar sobre a relação que desenvolvera com Erwin dentro do QG nesse último ano: ao mesmo tempo mantinha a postura profissional, inevitavelmente se tornou uma aproximação afetuosa. Quando estava desafogada de trabalho, o comandante sempre a convidava para conversar, e passavam horas falando sobre assuntos que não necessariamente envolviam trabalho. No começo, você se culpava por estar tomando o precioso tempo do comandante, mesmo que ele a chamasse por vontade própria e que iniciasse a maioria dos assuntos corriqueiros. Com o tempo cedeu à realidade de que era apenas um momento que poderiam agir como amigos. Notava, inclusive, um cuidado quase paternal vindo de Erwin, que procurava sempre por oportunidades para te aconselhar, te acolher, te ouvir e te ensinar. Esse tipo de presença em sua vida era bastante significativa. Contar com o Comandante Erwin para ser o mais próximo de uma figura paterna que você já teve era algo que fazia em segredo, apesar de que sabia bem que se dividisse esse sentimento com ele, seria muito bem recebida.

– Pare de se desculpar tanto, comandante. – Você responde. – Você esteve tão ocupado quanto eu nessa última semana. Mas... – Suas mãos automaticamente cobrem uma parte de seu rosto conforme sentiu as orelhas formigarem. – admito que sinto falta de nossas conversas.

O sorriso de Erwin ficou ainda mais largo. Parecia ter ouvido um elogio gratificante.

– Eu também sinto falta, minha jovem. – Ele contorna a mesa para caminhar em sua direção lentamente. – Ofereceria para fazermos isso agora, mas já está muito tarde. Quero te liberar para aproveitar seu final de semana o quanto antes.

Seu olhar para numa pilha de duas caixas sobrepostas em um canto escuro da sala. Conseguia vê-las transbordando de arquivos.

– E aqueles documentos? – Você pergunta, apontando o dedo para a direção na qual ainda fixava o olhar. – Vai deixá-los ali?

The Endgame (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora