O Convite

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– Tem certeza que não está muito pesado pra você, capitão?

Levi encontrou um espaço estreito entre as quatro sacolas que segurava em mãos para colocar seu rosto e poder te enxergar, então respondeu:

– Não se preocupe comigo.

Você deu de ombros e seguiu andando rua abaixo em meio às barraquinhas de comércio, com o capitão seguindo logo atrás. O fluxo de pessoas não era tão alto por conta do horário – já era quase fim de tarde –, então era possível transitar pelo espaço apertado sem muitas complicações. Sentia o cheiro das especiarias preencher seu olfato, o murmúrio das pessoas da vizinhança pelos cantos chega aos poucos em seus ouvidos, e a gritaria incessante dos comerciantes abordando qualquer um que passasse para comprar seus produtos te causava a sensação de estar encurralada. 

O dia estava ligeiramente mais fresco com o fim do outono e a chegada do inverno. Você sentia dia após dia o clima trazer consigo ventanias mais fortes e frias, que cortavam seu rosto como navalhas invisíveis. Com a eminente ameaça às colheitas chegando, valorizando mais o mercado de carnes – nada acessível –, sua tia lhe pedira para ir à feira recolher o máximo de legumes, frutas e raízes possíveis. Mais cedo naquele dia, após o capitão questionar porquê estava saindo do QG tão cedo após as tarefas serem cumpridas, se ofereceu para ajudá-la nas compras; o que veio bem à calhar, porque aquele seria o estoque para as próximas semanas, portanto o número de sacos de comida não era pouco. Apesar disso, Levi parecia estar dando conta de segurar tudo sem esforço algum.

– Sente falta da comida de sua tia agora que fica nos dormitórios do QG durante a semana? – Levi puxou papo, erguendo a voz para que você o ouvisse sobre o homem da barraca de peixes gritando alto logo à esquerda.

– Bastante. Mas parece que passei a apreciar sua comida muito mais depois que comecei a almoçar lá nos sábados e domingos. – Você ajeita as duas sacolas sobre o colo, virando a cabeça ligeiramente para o lado, na tentativa de olhar para Levi. – Deveria ir conhecê-la um dia desses.

Tentou enxergar a reação do capitão pelo rosto, mas a pilha de sacolas com repolhos, trigo, maçãs e cenouras que ele segurava a impediu de fazê-lo. De qualquer forma, conseguiu ouvi-lo dizer:

– Seria ótimo.

Você parou de andar assim que ouviu a vendedora logo à frente anunciar os preços dos tubérculos, que estavam muito mais baratos que na semana anterior. Coloca as duas sacolas no chão, Levi para ao seu lado e também deposita a maior parte da bagagem ao lado, esticando os braços para cima. Você requisita uma sacola com beterrabas, batatas e cebolas. Enquanto a vendedora separa a sua compra, o capitão cruza os braços e começa a dizer:

– Vocês só comem vegetais durante o inverno? 

– Na verdade não, mas evitamos ao máximo comprar carne. Então eu normalmente saio para caçar nessa época do ano. – Você inclina o corpo para perto do capitão, agora sussurrando: – Nem sempre em áreas legais.

Levi esboça um sorriso e sussurra de volta:

– Quero mais é que aqueles mercenários se fodam.

– Evito em partes próximas de fazendas e tudo mais. – Você continua, remexendo no bolso para alcançar as moedas. – Mas esses criadores de gado tomaram conta de todos os campos próximos das muralhas. Fica impossível conseguir qualquer espécie de animal selvagem sem depender dessas áreas.

– Costumava caçar quando ainda estava no subsolo. – O capitão ajeita o cabelo, puxando-o para trás, correndo os olhares pelas raízes expostas na barraca da mulher. – Sou bom armadilhas. Já peguei uns quatro javalis assim.

The Endgame (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora