The Endgame (Levi Ackerman X Leitora)

A Creche

Ao terminar de subir as escadas do QG, bateu as botas sujas de neve no piso e chacoalhou o próprio casaco, deixando para trás todos os flocos congelantes que se prendiam às suas vestes. Segurou o cavalinho de madeira entre os braços com mais força quando tentou ignorar o fato de que todos os soldados que cruzavam o corredor naquela manhã voltavam o olhar para sua direção descaradamente. Ou melhor... Um pouco mais para baixo.

Envolvia a mão pequena de Thomas com a sua ao andar a passos largos até a sala do capitão, pensando que não fazia sentido sentir tanta vergonha. Não conseguia entender porquê chamava atenção apenas por estar levando consigo uma criança para dentro do QG. Por mais que não fosse muito racional, ainda assim sentir os olhares voltados para si era bastante constrangedor.

– Ei, você tá me machucando. – Resmungou o seu irmão, baixo o suficiente para que apenas você ouvisse. Pela forma como seus olhos estavam inquietos, ele também aparentava estar tímido perante tanta gente desconhecida. – Por que temos que ir tão rápido?

– Desculpa, Tommy. – Você desacelera, agora colocando ambas as mãos nos ombros do pequeno e o puxando para que andasse logo à sua frente. – Só estamos um pouquinho... atrasados.

Avistou surgir de uma das esquinas a Tenente Hange, segurando uma pilha de papéis que, ao observar mais atentamente, notou serem intermináveis esboços de anatomia dos titãs. A superior olhou de relance para sua direção e, ao perceber que estava trazendo uma criança consigo, correu para acompanhá-la.

– Ora, veja só! – Ela inclinou o corpo para baixo e acenou docemente para seu irmão, ainda andando ao seu lado. – Ei, mocinho! Como vai?

Seu irmão encolheu os ombros timidamente, apertando o livro que levava em mãos e acenou de volta sem sorrir, desviando o olhar. A tenente volta a endireitar a postura e te diz com os olhos brilhando:

– Você e o Levi tiveram um filho?

– Tenente, me desculpe a falta de respeito mas... Qual é o seu problema? – Você revirou os olhos, se arrependendo por não ter apressado Thomas o suficiente para que alcançassem a sala antes que Hange os visse. – Ele é o meu irmão mais novo.

– Ah, claro! Como não percebi a semelhança? – Ela volta a aproximar o rosto da criança, agora analisando-o de cima abaixo. Seu irmão apertou uma de suas mãos com força, agora uma expressão assustada tomava conta de seu rosto. – Ele tem exatamente os seus olhos. Genética é uma coisa formidável, não acha? – Hange tirou um dos desenhos que levava em meio à grande pilha em seu colo e o estendeu para Thomas. – Você gosta de titãs?

Suas mãos automaticamente o puxaram para longe da tenente, o colocando de volta para andar ao seu lado, escondendo-o atrás de suas pernas.

– Acho que ele não gosta muito, não. – Você responde, lançando um olhar repreensivo para Hange.

– Que pena, eles são fascinantes. – Ela ajustou a armação dos óculos sobre o nariz e não fez menção de parar de segui-los, mesmo quando você deixou claro o quão incomodada ficou pela forma como a tenente enfiou um desenho asqueroso do corpo de um titã aberto na cara de Thomas.

Finalmente alcançou a sala de Levi, abrindo as portas e deixando que seu irmão entrasse antes de você. Hange vinha seguindo logo atrás com um sorriso esquisito no rosto. Avistou o capitão sentado atrás da mesa lendo alguns relatórios, os flocos de neve caíam gentilmente do lado de fora da janela. Quando notou o trio atravessando para dentro do ambiente, franziu as sobrancelhas. Encarou por um bom tempo a criança que permaneceu parada, espiando em volta com curiosidade.

– Quem é o pirralho?

– É o meu irmão. – Você respondeu, dando a volta por Hange para fechar as portas.