CAPÍTULO DEZESSEIS

1.3K 134 39
                                    


Caça

Abri os olhos sentindo meu corpo arrepiar, sentia ondas de oscilações de chakra, não meu. Era uma sensação familiar.

Passei a mão pelo colchão e não encontrei Haru, levantei o tronco rapidamente em alerta, pisquei várias vezes me acostumando com a pouca claridade, o dia ainda iria amanhecer.

Arregalei os olhos vendo-a de joelhos escondendo a cabeça entre as mãos, joguei as cobertas e caminhei de forma afobada, e desajeitada até ela, respirei fundo vendo todo seu corpo arrepiado de frio, mas transpirando de calor.

Me ajoelhei ao seu lado e ela se esquivou me olhando assustada, ergueu o punho pronta para me atacar, mas seu braço caiu como se ela não conseguisse controlá-lo.

- Sai...! Sai de perto! - tinha os dentes cerrados e o rosto confuso, desnorteado, me aproximei devagar e tirei os cabelos de seu rosto suado, automaticamente seus olhos brilharam em lágrimas - eu... eu não consigo – ouvi seus dentes rangerem e seu corpo caiu por cima do pequeno tapete, vi um pergaminho rolar para o canto do quarto – sair daqui... - se virou para o banheiro - é perigoso... - olhou para o lados aterrorizada.

Seus olhos reluziam em medo do que poderia existir ali, perto demais para sua mente, o completo vazio envolto pelas sombras do quarto escondia algo que a estava caçando como uma mera presa, na mente dela, em frente aos seus olhos o terror a perseguia freneticamente.

Apertei os lábios entre os dentes receosa em fazer contato, sabia que ela estava em nervos, qualquer toque poderia piorar.

- Haruze... - sussurrei e ela balançou a cabeça negativamente.

Seus braços tremeram e ela foi ao chão, seu tronco se expandia e relaxava rápido, puxando ar de forma afobada, fugindo, querendo ter forças, sua boca se abria várias vezes enquanto seus lábios formulavam resmungos aterrorizados, pedidos mudos de socorro.

- Por... favor – implorou olhando para trás enquanto suas costas se curvaram em dor, e ela levou as mãos trêmulas ao peito rangendo os dentes, como se sentisse que seu coração iria explodir.

Engoli o gosto amargo em minha boca e um nó apertado se fez em minha garganta macetando meu peito, me aproximei devagar e apoiei sua cabeça em meu colo, seus olhos se arregalaram e eu segurei suas mãos devagar pedindo permissão em uma linguagem não verbal.

Lentamente seu corpo deixou de fazer tanta força para escapar, mas ainda permanecia trêmulo.

Deslizei minha mão por sua bochecha e ela a agarrou com força, fazendo doer, meu coração. Olhei para cima por um segundo piscando várias vezes seguidas e então voltei a ela que tinha os olhos cheios, pesados , brilhantes em pavor e os lábios ansiosos se mexiam sem parar, porém sem emitir algum único som, seu âmago inteiro se contorcia numa turbulência amargurante, por não saber se poderia sair viva daquela vez, sairia, mas sua mente estava angustiada demais para raciocinar.

- Nee-san... -sussurrou e engoliu em seco com esforço – ne...e-san – repetiu com dificuldade, com medo fechando os olhos.

Abri a boca, mas nada saiu, porque eu nunca sabia como lidar com isso, com alguém que amo sofrendo, é desesperador.

Cerrei os dentes e tentei manter o foco, tinha de manter, fechei os olhos por breves segundos evitando a cena a minha frente.

- Já aconteceu antes... Lembra...? - ela apertou minha mão assentindo – e você conseguiu passar por isso – afirmei abrindo os olhos e ela olhou para a porta em desespero balançando a cabeça negativamente, como se algo a estivesse perseguindo e então seu rosto ficou vermelho e ela se torceu soltando minha mão.

I Kill You  +18Onde histórias criam vida. Descubra agora