CAPÍTULO SETE

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CONTEÚDO VIOLENTO

...

Interrogatório

- Está escrevendo o que? - não me dei ao trabalho de parar o que fazia para dar lhe atenção, mas pude ver que ele levantou os braços de forma agitada rindo nervoso - eu não disse nada para você - vi seus punhos algemados se cerrarem após baterem na mesa.

Não mexi um músculo em reflexo. Minha função é tirar ele do sério e o conhecendo sabia que não era algo tão difícil de se conseguir, ele tem um narcisismo primário que precisa desesperadamente de atenção. Vendo-o agora, percebo que ele não é assustador, embora escroto, bom... Talvez seja para aqueles que não estão calejados, a maldade não me surpreende mais, não depois de todos esses anos na Anbu, de ninguém, nem minha. Sempre achei que fui miserável, mas conhecendo a história de outros, a realidade, minha visão mudou de uma forma drástica, percebi que talvez todos nós sejamos vítimas uns dos outros.

- Você é muito irritante...  - resmungou - como é seu nome, linda? - levantei o olhar para ele que sorria de canto - vai dizer que você não tem? - se encostou na cadeira arqueando a sobrancelha - se bem que... podem ter tirado sua identidade quando você virou uma Anbu - disse com desdém cruzando os braços - afinal vocês só são números, não é? Garanto que os chefes de vocês devem fazer aqueles discursos antes de saírem para missões...  - tombou a cabeça para o lado de forma cínica, suspirei - como é mesmo...? - apoiou o queixo nas mãos - vocês têm valor e blá blá blá... Sabe aquela coisa de '' vocês são heróis'' - voltei a ignorar o que ele dizia e seu sorriso vitorioso morreu - como se morrer por outras pessoas fosse honroso -  revirou o olhos - não é mais lógico se proteger? É burrice proteger os outros - suspirei retomando a linha de pensamento - é verdade que vocês não podem foder uns com os outros? - ele gargalhou - viver sem sexo deve ser a coisa mais triste... - encostei- me na cadeira ajeitando a pasta de uma maneira confortável para escrever - você pelo jeito deve estar um bom tempo sem fazer... Está de mau-humor, boneca? - tombou o pescoço para trás - pensei que veio aqui para conversar comigo... Porque está tão quieta então?! - espalmou as mãos na mesa e eu continuei ignorando, sorri por debaixo da máscara.

Posso considerar que levou um tempo considerável para ele começar a se incomodar com meu silêncio.

- Boneca... Seja legal comigo e quem sabe eu vou te dar o que você quer, quem sabe até mais dependendo do seu rosto... - ri fraco daquilo, ri com cinismo, como se houvesse algo nele que fosse agradável, que eu fosse querer - está rindo do que? - girei a caneta entre os dedos deixando um longo suspiro escapar, vi seus dedos ficarem brancos enquanto seus punhos tremiam fechados - PORRA SUA VAGABUNDA!! - soltei um riso leve - EU QUERO VER VOCÊ RIR ASSIM DAQUI UMA SEMANA! - ele bateu os punhos na mesa, parece que deixou escapar algo e nem percebeu, fechei a pasta e me levantei.

Eu já esperava uma mudança drástica no humor dele, claramente ele só piorou desde aquela época.

- Então, quer conversar comigo? - perguntei, ele relaxou os ombros tombando a  cabeça para o lado.

- Está indo embora já? - passou a língua pelos lábios - por que não traz seu chefe aqui? Garanto que ele faria essa merda melhor que você - sorriu se encostando na cadeira, desviei o olhar segurando o riso - como dizem mesmo...? O Hatake... - ele arregalou os olhos fingindo estar amedrontado e então caiu na risada.

Dei um passo para trás fingindo estar intimidada, quanto mais confortável ele estiver mais vai falar. Era fato que eu ordenava os Anbus sempre deixarem incerto sobre minha identidade, sempre foi mais fácil conseguir o que queria, haviam menos chances de barrarem uma mulher qualquer do que um possível chefe de uma organização assassina. A incerteza, uma cortina de fumaça, coisas que confundem sempre são bem vindas. 

I Kill You  +18Onde histórias criam vida. Descubra agora