CAPÍTULO TRINTA E SETE

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○● Creia, não há pessoas tão insignificantes e desprezíveis, e elas podem, qualquer dia desses, ser úteis a você; o que elas certamente não serão se você já as tratou com desprezo. Injustiças se esquecem, desprezo, jamais. Nosso orgulho guarda essa lembrança
para sempre ●○

...

Mas o que caralhos?

MADARA UCHIHA

Levantei-me da cadeira alongando a lombar levemente. Levei meu olhar a Gunbai encostada no canto do cômodo, soltei um bufo andando até a mesma e deslizei meus dedos pela madeira da arma com o cenho franzido.

- Merda... - murmurei ao ver os resquícios de pó que grudaram na ponta de meus dedos – infelizmente, não será hoje que irei me divertir como deveria – levantei um olhar frustrado e me virei de uma vez batendo as mãos uma na outra.

Abri a porta de correr e avancei pelo corredor até a cozinha. Minhas narinas dilataram ao sentir o cheiro agradável da massa que assava ao forno, o ambiente diferente do lado de fora apresentava uma temperatura aconchegante. Olhei para Anin que usava um avental bordo enquanto lavava uma bacia na pia, a mesma deu um sobressalto ao me ver pelo canto dos olhos.

- Perdão, já irei servir o senhor e ir embora – disse rapidamente esfregando com mais força a bacia com massa cru escrutada nas bordas, levei meu olhar ao garoto esguio e pálido que trazia um cesto de roupas limpas nos braços - filho, se apresse.

O garoto parou de andar por alguns segundos e me encarou timidamente. Já fazia algum tempo que ele vinha ajudar a mãe no serviço, pois era incapaz de exercer funções que exigiam muito de sua saúde.

Dei-lhe as costas escutando seus passos rápidos se afastarem.

Andei até a porta que dava acesso a varanda e abri fazendo com que o vento frio contrastasse com o calor vindo do forno ligado. Respirei fundo dando um passo à frente, fechando logo em seguida a mesma.

Desci pelos três degraus de madeira escura e andei em meio ao jardim, algumas flores avermelhadas em meio as outras que não me interessavam. Corri o olhar pelos botões abertos e me abaixei tirando alguns ramos escolhidos enquanto observava a cor escarlate das pétalas. Algumas caíram quando as retirei e deixei por descartar algumas, ficando com apenas cinco flores nas mãos.

Levantei e me direcionei a uma parte mais bem cuidada do recinto. Em passos curtos em cima da calçada de pedras cinzas fui me aproximando. Ergui a cabeça lentamente quando parei de andar avistando a pedra que recebia pouca sombra do salgueiro atrás de si. O sol não iria dar as caras por um bom tempo.

Encarei as letras dos cinco nomes esculpidas e fui soltando devagar o punho ao redor dos caules que segurava. Flexionei um joelho devagar e usei a mão esquerda para tirar algumas folhas caídas e as flores de três dias atrás do lugar onde pus as flores.

Fechei os olhos por um instante sentindo um aperto distante se aproximar cada vez mais, até que meu peito ficasse pesado, inconsolável. Travei os dentes abrindo os olhos e me coloquei em pé com as mãos nos bolsos.

Respirei profundamente e olhei por mais alguns instantes as flores deixadas ali, esperava que de algum modo elas os confortassem, mas não sabia se na verdade desejava aquele conforto tanto para mim quanto para eles. Desviei o olhar.

I Kill You  +18Onde histórias criam vida. Descubra agora