CAPÍTULO QUARENTA E UM

777 104 28
                                    

Verdade

Quando eu era criança adorava dormir, adorava meus sonhos, as sensações gostosas que sentia arrepiando minha pele, o vento fresco não ardia contra minha pele, nem sequer lavar as mãos doía, eu podia correr, correr e correr até longe tinha tanto fôlego e força que era incrível. Uma vez, sonhei que a grama me fazia saltar tão alto eu conseguia tocar os passarinhos, eu sentia inveja deles, porque ter asas significa poder ir para qualquer lugar que você queira a hora que bem entende, não tem como segurar uma pessoa que sabe voar. Eu não sabia voar... e nem sei.

Quando retornei à consciência e pisquei os olhos duas vezes respirando devagar, meu corpo tremeu espreguiçando, estava coberta e aquecida, aconcheguei a cabeça no travesseiro imaginando que horas eram... desisti de tentar adivinhar depois de nem tentar muito.

Fechei os olhos encolhendo a cabeça e então me observei mentalmente, minha situação, Madara não estava brincando, nem mentindo como eu gostaria.

Como Misushi faz uma coisa dessas comigo e depois some? Não... não foi ele, foi o Alfa, então é isso? Ele não vai mais dar as caras agora que já tem o que precisava?

Não, neguei a mim mesma, ele não faria isso, não me deixaria sozinha também... Ele não tem motivo para me rejeitar agora...

Não posso depender dele... eu preciso ficar forte o suficiente para poder... poder fazer o que sei fazer... eu preciso sair desse lodo de uma vez, mas... E aquela porra que eu fiz? Por que eu fiz aquilo?

Abri os olhos fitando o teto e esfreguei os olhos inchados, a claridade andava lentamente pelo chão transpassando a porta envidraçada do jardim esbranquiçado de onde eu podia ver o sol dispersando a cerração fraca e fazendo a neve pingar.

Me sentei flexionando os joelhos e então estagnei vendo a cena no sofá a frente. Diante de meus olhos, Tobirama permanecia imóvel, sentado de forma desajeitada no sofá, desci o olhar pelo braço até a mão que segurava um livro que não fiz questão de saber o nome, voltei meu olhar ao seu rosto, a cabeça apoiada num travesseiro mal ajeitado. O peito subia e descia devagar, não sei se ele iria acordar tão cedo.

Espremi os lábios quando senti que talvez um sorriso iria nascer ali e então levei a mão a boca envergonhada, eu deixei ele me beijar ontem, deixei tão facilmente que até me envergonho disso, senti meu rosto esquentar e então me joguei debaixo das cobertas escondendo o rosto, então algo se destacou em meus pensamentos me deixando séria.

Eu não o senti por perto ao acordar, só notei quando o vi, estremeci. Será que perdi minha habilidade sensorial? A pergunta girou em minha mente me deixando nervosa, não é possível.

Fechei os olhos juntando as mãos e respirei entrecortada, não posso... não posso, flexionei a maxila e comecei a me forçar a respirar mais devagar, não posso.

Quando o calor debaixo das cobertas começou a ficar insuportável, joguei os tecidos pesados para o lado pronta para sair dali, mas nesse meio tempo escutei passos e logo meu olhar se direcionou a escada, onde depois de algum tempo Hashirama apareceu vestindo um roupão peludo e uma pantufa branca. Tinha os cabelos presos num único coque alto preso com o acessório que Mito usa. Parou de bocejar ao me ver acordada e então sorriu ainda com rosto inchado.

- Ohayo, querida - me analisou e então franziu o cenho - que tal ir ao banheiro? Vou preparar o desjejum para nós... - assenti devagar retribuindo um sorriso sem os dentes.

I Kill You  +18Onde histórias criam vida. Descubra agora