Delphi Lestrange

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(leiam escutando "Happy Pills" de Weathers)

Necessidade 

Todos temos necessidade de algo ou alguém. 

Tem gente que tem a necessidade do toque. 

Outros tem necessidade de dormir abraçado com o travesseiro. 

Ela pode ser da mais infantil desde a mais severa e bizarra. 

Eu tenho necessidade das minhas pílulas. 

Desde que sai da casa que foi criada assim como os outros filhos de comensais, nos deram pílulas para dormimos, com nutrientes, para qualquer tipo de coisas nos enfiaram pílulas goela a baixo. 

Nos deram também pílulas antidepressivas. 

É delas que hoje tenho necessidade, que sempre tenho necessidade. 

 Todos acham que sempre estou perturbando ou atazanando a vida de alguém por pura diversão ou pelo simples fato de eu ser filha de Bellatrix Lestrange. 

O quão perto minha mãe chegava de ficar um tanto lúcida era quando rastejava aos pés do meu pai, ou corrigindo, do todo poderoso Lorde Das Trevas. 

A última vez que eu chamei ele de pai ele me fez limpar os cadáveres e todos sangue seco do calabouço durante duas semanas. 

Eu tinha sete anos.

Ele não podia me ferir fisicamente já que eu era uma parte preciosa do seu grande plano. Mas isso não o impedia de me ferir psicologicamente e emocionalmente. 

No final ele sempre me trazia presentes caros para que eu não ficasse ressentida com ele e me rebelasse contra o mesmo. 

Mas isso não conseguiu apagar o caos da minha mente. 

Todos os corpos, todo o sangue, toda a carnificina, ainda estão empreguinados na minha mente assim como o sangue seco de uma criança de 5 anos que foi torturada estava no piso do calabouço e que eu tive que ficar três horas esfregando pra que pudesse sair. 

Nenhum presente caro vai apagar isso. 

Nada vai. 

As pílulas antidepressivas são apenas uma distração, um escape de uma mente escura e assustadora para uma mente colorida e feliz. 

Chamo ela de pílulas da felicidade. 

Passo 24 horas do meu dia sob efeito delas. 

Passo 24 horas sorrindo igual uma maluca pelas coisas que a pílula me faz ver. 

24 horas drogada.

Não faço a mínima ideia do que seria sem elas. 

Provavelmente deixaria as lembranças da minha mente me consumirem e me deixarem em estado completamente vegetativo. 

Não que eu que reclamasse disso. 

Mas com todo esse plano de trazer meu pai de volta, preciso mostrar que ainda consigo me manter em pé, pois ao contrário serei apenas uma peça de tabuleiro.

Apenas isso. 

Não uma filha;  

Não uma amiga; 

Não uma pessoa; 

Apenas uma peça. 

E é por isso que quero reviver meu pai, para mostrar a ele que eu não sou apenas uma peça. 

Mas ao mesmo tempo tudo que Clarice me contou, tudo que ela passou por causa dele, me fazem ter dúvidas. 

Sei que Clarice não inventaria tudo isso. 

Quando uma pessoa passa de ser importante para ela, a pessoa simplesmente para de valer o ar que respira para ela. 

Então se ela não tivesse vivido tudo isso e brigasse comigo por outro motivo ela simplesmente pararia de ligar para minha existência e para o que eu estivesse fazendo. 

Então quando disse que eu ajudaria a bolar qualquer que seja o plano para acabar com o Lorde das Trevas, eu não estava mentindo. 

Eu vou avaliar tudo primeiro, avaliar as forças e chances do menino Potter antes de decidir o meu lado. 

Eu não quero me arriscar a não acabar com a vida do meu pai de uma vez, pois se a tentativa de matar qualquer oportunidade dele voltar a vida falhar e no final ele voltar eu não quero estar do lado errado para presenciar. 

Pois sei que ele caçara todos que fugiram, que mudaram de lado e sei que ele consegue fazer uma pessoa morrer durante uma semana, consegue matar todos relativamente importantes dessa pessoa, e eu definitivamente não quero ser essa pessoa. 

Eu não arriscar a ter a fúria do meu pai em cima de mim, não quando a única coisa que me faz levantar são meras pílulas.

Não posso sonhar em estar tão vulnerável quando ele voltar independente de qual lado eu vou estar agindo. 

Mas eu não vou conseguir ficar limpa sozinha, mas eu estou sozinha e tenho que me conformar com isso. 

Tenho que me conformar que o garoto com quem vou para cama todas as noites é apenas sexo. 

Tenho que me conformar que a pessoa que eu mais confiava me odeia. 

Tenho que me conformar que todos me odeiam, sem exceção alguma. 

Tenho que me conformar que a garota pela qual vejo no meu reflexo está acabada. 

Ela foi forçada a crescer, a matar, a ter que parar de brincar de bonecas muito cedo. 

Ela foi forçada a deixar toda infância e toda a inocência assim que entrou naquele calabouço com apenas sete anos; 

Tem que se conformar que ninguém ao menos deu importância a isso. 

Que ninguém percebe o qual danificada a mente dessa garota está.

Tem que se conformar que ninguém percebe que o sorriso estampado na cara dela é artificial. 

Mas quem vai perceber não é mesmo, ela está sozinha; 

Eu estou sozinha;

E isso não vai mudar; 

Ninguém quer andar lado a lado de uma possível maníaca e lunática. 

Ninguém quer contar seus segredos para ela; ela não merece confiança.

Mas eu não posso reclamar, eu não faço nada para mudar essa imagem, faço?

Mas não é porquê não me importo, é porquê as pílulas fazem com que eu não me importe. 

Pois o mundo que elas me fazem ver está perfeito do jeito que está. 

E que eu não preciso mudar nada. 

Pois é, no final tudo se volta as pílulas da felicidade, alias, são as únicas que ainda não me abandonaram. 

Talvez elas me abandonem algum dia, todos fizeram isso, com elas não vai ser diferente. 

Mas enquanto isso não acontecer sigo me aproveitando delas. 

Igual agora, em que enfio três pílulas da felicidade pela goela e tudo volta a ficar colorido e engraçado. 

A vida deveria ser assim, feliz e colorida ao em vez de sangue seco e pessoas peões;

Ou será peões de pessoas? 

Bom eu não sei e não dou a mínima. 

Tudo está feliz e colorido de novo. 

Muito feliz. 

Muito colorido. 

Tudo está bem. 

estou de volta 

link do grupo no whats pra quem ainda não entrou https://chat.whatsapp.com/DbXXoioJNRj1Q3cOXeyUnQ

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