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Desço as escadas com os olhos semi cerrados por conta do sono, eles estavam brigando? De novo. Parei em pé no último degrau da escada encarando os dois. Mamãe estava com uma das mãos na cintura e a outra no ar á altura do peito, enquanto falava balançando elas. Já papai, estava passando a mão no rosto.

— chega! Ok? Chega! Não vou tolerar isso! — interrompeu ele dando um passo a sua frente fazendo ela o encarar

—  quinze anos juntos. Quinze! Ou até mais. — continuou ela — e você conseguiu arruinar tudo isso, apenas me traindo. — retrucou fazendo ele a encarar por alguns longos segundos —  Eu tolero tudo! Menos traição.

Encarei mamãe que encarava o meu pai com um olhar desapontado e triste. Enquanto ele, estava com um olhar de culpa. Eles ainda tinha me visto aqui, encostada na escada.

— eu não...— ele negou — eu não te trair, eu juro!

— ah claro! O que? Vai me falar agora que foi ela quê atacou você? — cruzou os braços

— sim. Por que foi! Essa mulher fica no meu pé desde que eu trabalho lá! — ele suspirou fundo — eu não fiz nada! Eu não seria capaz de te trair! Nunca! Eu amo você! E amo nossas filhas.

— acabou. — desembuchou fazendo ele prender o ar com sua boca meio aberta

E derrepente, sentir meu coração aperta. Franzi um pouco a testa processando o que ela tinha acabado de dizer, eles...estão se separando?!
E por um momento eu queria que eles me notassem ali. Eu não queria ter ouvido aquilo, não mesmo.

— barbara...— ele tentou falar, mas, sua voz saiu falha. — não pode fazer isso, pode? — ele deu um passo em sua direção mas ela desviou dando um passo para trás

— não só posso, como já fiz. — disse por mim

Mamãe sempre foi muito curta e grossa dependendo da situação, na verdade, esta doendo muito nela, eu sabia disso. Ela só estava tentando parecer forte.

— E as nossas filhas? Nossas meninas?— perguntou olhando para o nada

Papai também estava processando aquilo tudo, ele sempre foi transparente, em questão a tudo. Principalmente, o que ele sentia.

— hein? E as nossas menininhas? E...— ele deu uma pausa junto com seu olhar desesperado — Anna. E a Anna? — ele se levantou novamente — como a Anna fica?!

Encarei mamãe por uma resposta, mas, ela apenas ficou encarando ele. Ela estava com seus pensamentos longe. Muito longe. Diferente de papai, que estava desesperado e ainda por cima, com um olhar de culpa. Uma enorme culpa. Sem resposta dela, eu dei um passo a frente enquanto encarava o chão e criei coragem para falar.

— eu vou ficar bem. — soltei um curto  riso sem ânimo

— filha?! — ambos me olharam espantados — quanto tempo está aí? — perguntou mamãe eufórica

— o suficiente, né? — encarei ela, meu olhar estava perdido, percebi isso quando seu olhar mudou para pena.

— filha, Não deveria estar dormindo? — perguntou papai

— vocês brigando de novo?...— disse baixo olhando para os seus pés no tive coragem de olhar no olho

E por um momento, o silêncio pairou. Ouvir papai engolir seco e dar uma rápida olhada para a mulher ao seu lado que me encarava um pouco eufórica, e um pouco de pena. A metade euforia dela, era de desespero.

— vão mesmo se separar? — perguntei baixo, mas não obtive resposta, o que me fez balançar a cabeça concordando e recuando dali, dando alguns passos atrás batendo no corrimão da escada — Ok. ok. — engoli seco

— filha..— papai tentou vim atrás de mim, mas foi interrompido por mamãe

— deixa, ela precisa de um tempo..— murmurou baixinho

~•~•~

— ah! Sério? Que legal! — sorri para câmera

— estava pensando em saímos, que tal? — papai sorriu

E eu gelei, pensei em negar, mas, lembrei do que o Henry disse. Precisava enfrentar isso. Nada de esconder.

— claro, porque não? — sorri e vejo ele ficar surpreso mas retribuiu o sorriso

— mas, apenas eu e você. Tudo bem? — perguntou e eu balançei a cabeça concordando — ótimo, ótimo. — riu concordando também

Era nítido sua felicidade, Alícia que estava do meu lado, começou a puxar assunto sobre algumas coisas Aleatórias, enquanto eu estava encarando nosso pai, ele estava feliz, e ele não tinha mudado muita coisa desde alguns meses para cá. Depois de sair dos meus pensamentos, entrei na conversa e começamos a debater sobre o assunto. Eu estava me sentindo um pouco mais leve depois de ter aceitado e saber que nada mudou entre nós.

— ah, filhas, desculpa. Eu preciso ir. — ele choramingou nós fazendo rir

— tudo bem, bom, também temos que ir. — Alícia sorriu

— tchau pai! — acenei e logo desligamos

Coloquei o computador na cama me virando para Alícia que tinha um enorme sorriso no rosto, continuei encarando ela e a mesma soltou um longo suspiro se encostando na cama

— que bom que vocês estão se entendendo, sabe? Voltando a ser o que era. — murmurou

— É. — concordei — bom, vamos. Temos uma torta de limão para fazer, esqueceu? — levantei às subrancelhas descendo da cama e Alícia faz o mesmo

— eu chego primeiro! — ela disse saindo dali correndo me fazendo rir

Desci as escadas correndo enquanto gargalhava até vê Alícia parada no penúltimo degrau.

— ah! Quanhei! Você não entrou na cozinha, não valeu! — falei assim que cheguei perto dela, mas ela não me deu ouvido — Alícia? O que...—  olhei na direção que ela estava olhando e arregalei levemente os olhos — Jay?!

Encarei Jay que estava em pé encarando nós duas com um curto sorriso de lado, enquanto vovó, encarava nós três. O que ele estava fazendo aqui?

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o garoto da bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora