— Não podemos deixá-lo dormir para sempre.
— Não é como se ele fosse dormir para sempre de fato, Rabicho.
— Não sei... Ele está respirando?
Remus, definitivamente, queria dormir para sempre.
Aquela já era a sétima vez! Sete dias de aniversário, sete dias de lua cheia. Sete dias matando Regulus Black, porque o lobo sempre saía para a caça, sempre estava à espreita. Já não conseguia olhar para a cara de Sirius todas as manhãs, e conseguia menos ainda encarar ao morto-vivo, porque a única coisa que enxergava eram as vísceras sendo arrancadas pelas unhas do lobo. Suas próprias unhas. Estava cansado.
Sentou-se na cama e respirou fundo uma vez.
— Acordado, ótimo! — Sirius apanhou a capa da Grifinória no pé da cama, jogando-a sobre ele — Vista-se. Café da manhã.
Como se pudesse andar pelo castelo vestido somente com uma capa.
Mas não era como se tivesse alguma coisa a perder.
Vestiu primeiro os sapatos, depois a capa. E nada mais. De cueca e com a capa da Grifinória, Remus seguiu para a saída do dormitório, sem dar maiores satisfações aos outros que terminavam de se arrumar.
— Oh, Aluado! – James chamou atenção, correndo atrás – Aluado, aonde é que você vai?
Não respondeu. Meteu as mãos nos bolsos e brincou com o presente de Lily por entre os dedos enquanto seguia para o Salão Principal, James, Sirius e Peter o acompanhando a passos apressados. Nenhum deles entendia se aquilo era realmente hilário ou se deveriam ficar preocupados.
— Veste pelo menos uma calça! — Sirius incentivava entre risos.
— Só se vive uma vez, Almofadinhas.
Ou muitas.
Sentou-se na mesa de sua casa comunal, enchendo uma xícara de café, o mesmo café que aumentava a ansiedade, mas não conseguia se importar menos. O gosto amargo era bom. Recebeu o jornal, deixando-o com Sirius, guardando pela primeira vez a carta dos pais nos bolsos, mordendo um pedaço da torrada que mal descia por sua garganta. Quando Regulus se aproximou, por um momento ficou em silêncio, olhando para Remus Lupin de cima abaixo. Este, por sua vez, não se sentia nem minimamente envergonhado. Incomodado com as marcas da lua cheia, como um lembrete do que era agora diante dos olhos de sua vítima, mas se viveria aquilo para sempre, precisaria se acostumar.
— Bom dia, Regulus. Como tem estado? Eu estou muito bem, como pode ver – cumprimentava, ainda sem olhar para o Black mais novo.
Se o olhasse, poderia ver as bochechas ruborizadas.
— As suas cartas... – entregava ao irmão mais velho, sem ainda tirar os olhos do peito arranhado de Lupin, afastando-se daquela vez sem nenhum discurso.
Remus continuou tomando o café enquanto ouvia Sirius reclamar sobre a incompetência da coruja que não mais lhe entregava carta nenhuma. E então, o cupcake. Ainda focado na xícara quente, repetiu todas as falas junto aos outros dois:
— Claro que você disse que hoje não era um dia especial.
— Mas como diz um daqueles ditados importantes do Dumbledore: foda-se.
Forçou um sorriso e pegou o bolo que Peter lhe estendia. Soprou a vela e chupou o recheio que ficou na ponta no momento em que a tirou de lá, dando enfim uma mordida no cake que nunca havia provado. Era chocolate. Tinha um gosto bom.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Happy death day, moony
Hayran KurguNão havia pior dia para comemorar um aniversário se não na lua cheia. Remus Lupin já sabia disso antes do cair da noite, mas não imaginava o quão ruim as coisas poderiam se tornar depois de matar um aluno da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O...