A Fortaleza

38 16 31
                                    

A estrada Real era exageradamente larga (talvez 10 cavalos pudessem andar lado a lado sobre ela). Também era impecavelmente lisa, as pedras da cor bege polidas até não sobrar uma ruga; murada dos dois lados; e com cercas-vivas nas beiradas. Três caminhos, incluindo o caminho que estávamos seguindo até então, convergiam nela. Ali havia um grande pórtico, com colunas redondas e altas e pequenos degraus na frente, que nos convidavam a atravessá-lo.

Ao lado da entrada, humilde, ficava um poste de madeira de lei, com placas em forma de seta que indicavam de onde vinha cada uma das estradas.

Enquanto passávamos pelo pórtico, os cascos de nossos cavalos passando a fazer um estalo agudo ao tocar na pedra lisa, pude ver quer havia várias saídas elegantes mais ao longe, ao longo da estrada, que davam em caminhos para outras cidades. Também havia postes de iluminação ao longo da estrada (coisa que não tinha visto até então nas outras estradas pelas quais passamos).

Mais tarde aprendi que havia estradas como aquela interligando todos os povoados das proximidades a uma das Quatro Cidades. Welkam, virada para o norte, era uma cidade turística, cheia de hotéis, bancos, comércio e estabelecimentos de entretenimento. Aqueles que iam para Vanaddor todo ano assistir o Grande Torneio ficavam hospedados lá. Alainn, virada para o oeste, uma cidade cheia de cultura, teatros, galerias de arte, músicos e escultores. Para o leste, havia Merach, a cidade do conhecimento, onde viviam a maioria dos eruditos do reino, com uma grande biblioteca e centros de debate, bem como espaços reservados para reflexão silenciosa. Lá era onde se escreviam os livros e jornais mais famosos de todo o reino. E finalmente, para o sul, Prolum, a cidade da guerra. Nela havia a Escola de Guerra; um quartel general; e era onde moravam os guerreiros aposentados, bem como os melhores ferreiros conhecidos. Essas Quatro Cidades cercavam a fortaleza de Vanaddor, e davam a ela força, como se fossem pilares primordiais da sua grandiosidade. Elas eram cercadas por uma grande e única muralha, conectadas umas às outras por estradas angulosas que atravessavam os campos verdejantes entre elas, e formavam um grande circulo ao redor do castelo.

O castelo, realmente, era uma catedral da cultura, do conhecimento, e da guerra. Por causa de seu tamanho fora do comum, as pessoas costumavam dizer que era uma cidade a parte! Até mesmo as pessoas que moravam lá ainda não tinham visto tudo que os corredores e salas de cada andar e de cada torre tinham a oferecer.

Ele era cercado por colinas, de onde desciam rios por graciosas cachoeiras. Estes rios irrigavam as Quatro Cidades, e também as separavam do castelo. As estradas reais atravessavam as Cidades e se transformavam em pontes, que davam acesso pelos muros do castelo em quatro pontos diferentes.

De onde estávamos, podíamos vê-lo como se estivesse a apenas alguns metros de distancia. Tão maciço. Tão grande. Àquela distância pudia enxergar muito melhor os detalhes. De tantos em tantos metros no alto das muralhas cheias de ameias, havia grandes estações de vigia, com telhados pontudos azuis, como os do castelo. As estações continham sinos que tocavam em determinadas horas do dia, e que também podiam ser usados para soar um alarme. A fortaleza tinha sete torres: duas grandes torres com ameias à direita, separadas do predio principal, conectadas a ele apenas por uma enorme ponte no topo; uma torre com ameias a direita; mais uma pequena torre com ameias pouco a frente do prédio principal; a construção central ficava na frente de três torres, finas, redondas e com telhados pontudos. Uma delas era muito maior que as outras - era a que tinha me chamado a atencao no Bosque Dei'fiodh. Todas elas tinham sub-torres menores grudadas em suas paredes. O prédio principal tinha o formato de um cilindro deitado, e seu teto era uma abóboda escamada bege. Ele tinha uma enorme plataforma de observação na frente, no topo, e era cheio de vitrais chamativos; enquanto as torres possuíam estatuas esculpidas nas paredes, e plantas que pediam dezenas de metros de sacadas e janelas.

As Crônicas das Muitas Terras - Um Novo Horizonte        (#letrasdouradas) Onde histórias criam vida. Descubra agora