As duas faces do diabo

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Dias se passaram desde aquele estresse. Evitei trocar palavras com o meu patrão. Quase não o respondia, eu entrava e saia do seu quarto sem dizer nada. Também não ia acorda-lo para deixar seu café na cama. Não ficava mais que alguns segundos aos seu lado. Tudo nele me deixava irritada.

Estava cortando os legumes com outra funcionária quando ele entrou na cozinha todo molhado.

"Por que não foi deixar a minha toalha como eu mandei?" – ele cruzou os braços ao meu lado.

"Por que o senhor me mandou preparar um lanche".

"Não sabe parar e ir pegar o que eu pedi?"

"O senhor está molhando toda a casa". – mudei de assunto.

"Então limpa. Se tivesse pegado a toalha eu não precisaria entrar todo molhado. Está vendo, a culpa é toda sua". – ele olha para a outra moça que estava comigo. "Vai enxugar o chão". – vi ela suspirar e largar os legumes. "Por que você está me evitando? Você trabalha exclusivamente para mim, não para a mansão. Ultimamente outras pessoas tem arrumado a minha cama. O trabalho que é justamente seu. Está ganhando um bom salário sem cumprir as normas trabalhistas".

Meu Deus, mata esse homem por favor.

Não o respondi.

"Está acontecendo alguma coisa que eu não estou sabendo? Vocês tá com algum problema?" – ainda continuei sem responder. "Você quer que eu te ajude?"

"Não, eu estou bem. Ninguém fala com o senhor e está tudo bem, mas quando eu fico calada por alguns dias o senhor insiste em ficar no meu pé".

"Só estou querendo ser gentil". – ele usa um tom mais grosseiro. "Depois reclama quando eu te trato mau".

"Eu prefiro quando você não tenta se meter na minha vida".

Ele fechou a cara.

"Vaca nojenta". – ele se afasta.

"Porco solitário". – respondi no mesmo tom.

"Vai se fuder!" – ele gritou lá fora.

...

Ao jugar o comportamento do meu patrão, ele estava implorando por atenção. Ele sabia que eu era única que fazia tudo o que ele queria, ainda o mimava. Mas agora que não tem ninguém para ele fazer de capacho ele parece estar ainda mais maluco antes.

"Garota! Oh garota vem aqui!!!"

Ele estava berrando como um animal. Eu não tinha um segundo de paz. Segui até a cozinha, que era de onde vinha a sua voz.

Ele estava segurando a mão, que estava sangrando.

"O que está fazendo?!!" – corri até ele vendo o ferimento.

"Estava tentando cozinhar". – ele diz eu eu ajudo a lavar o corte com sabão neutro. Depois ponho um pouco de pomada antisséptica e faço um pequeno curativo.

"Está Melhor?" – ele assentiu olhando a mão. "Quando for fazer algo que não sabe, peça ajuda. Tente evitar ficar se arriscando desse jeito. Mas o que você queria fazer?"

"Estava cortando batatas, para fritar. Queria fazer sozinho, por isso mandei todo mundo sair do meu pé".

"Está vendo? Se não fosse tão cheio de si e tivesse pedido ajuda isso não teria acontecido. E não é assim que se descasca batatas, você acaba desperdiçando enchendo de buracos. Você tem que pegar uma faca pequena, e raspar levemente. Mas o senhor nem precisava disso. Era apenas para colocar nesse ralador e sairia já no ponto".

"Eu não sabia, não sei nada sobre cozinha". – ele disse e se sentou.

Liguei a airfryer joguei as batatas dentro da máquina. Esperei das os minutos certos.

"Está doendo?" – perguntei e ele negou.

"Eu queria ter feito sozinho". – resmungou baixo.

"Se eu tivesse ido embora, as batatas fritas seriam seus dedos. Poxa, o senhor consegue ser pior que eu na cozinha".

Ele sorriu.

"Eu gosto da sua comida".

"O senhor precisa verificar deus emails pessoais. Tem várias pessoas querendo falar com o senhor". – mudei de assunto.

"Eles querem que eu faça uma entrevista falando sobre as fotos. Eu não quero mostrar meu rosto nunca mais".

"Para de ser bobo. Essa entrevista pode ser sua salvação para explicar o que de fato aconteceu. Pode ser que eles parem de pegar tanto no seu pé. Vai que seu pai entende o seu lado".

"Não quero dar explicação a ninguém garota".

"Então como pretende resolver? Se esconder aqui dentro não te ajuda em nada sabia?"

O bip da máquina avisa que as batatas estavam prontas. Estavam lindas, e cheirando muito bem.

"Eu sei fazer um molho para acrescentar com as batatas. O senhor quer?"

Ele assentiu. O molho era basicamente vinagrete com creme de leite. Foi Isabella que me ensinou.

"É uma delícia". – ele disse provando. "Por que nunca fez isso antes?"

"Como eu ia saber? Só lembrei agora".

"Conheci uma garota".

"Uau". – fingi interesse. "Mas como se não sai de casa".

Ele revirou os olhos.

"Nunca ouviu falar em internet não? Aliás, eu já a conhecia a bastante tempo".

"Qual o nome da doida?"

"Muito engraçado". – ele diz sério. "Ariliza Mendes. Ela é legal".

"Mas é normal mesmo? Não tem nenhum desvio na cabeça não?" – Ele jogou água em minha direção e eu ri. "Estava só brincando. Mas pretende ficar com ela? Alguma coisa séria?"

"Não sei. Mas pelo menos ela não se importou de me ver nu em uma revista".

"Quem não gostou?"

"Então você também gostou?"

Merda.

"Ergh... Hã... Digamos que... Sim eu gostei. Mas isso não quer dizer nada. O senhor tem um belo Pênis da América".

Ele ficou pasmo.

"Você é muito esquisita". – ele disse se retirando.

Blank Space [Tom Hiddleston × You]Onde histórias criam vida. Descubra agora