Mais uma perda

1K 147 73
                                    


Dias depois, voltei ao meu trabalho. Era cedinho quando recebi uma ligação que me destruiu. Vovó não havia acordado aquela manhã, e parte de mim se foi junto com ela. Nem deu tempo de acordar direito quando eu peguei algumas coisas e saí às pressas.

E eu achando que tudo estava bem. As coisas nunca ficam totalmente bem não é? Algo sempre tem que nos pegar de surpresa e nos jogar ao chão.

Quase me joguei no buraco junto com ela. Vovó era a minha segunda mãe. Se não fosse a primeira. Eu amo a minha mãe, mas nada supera o amor que a vovó me deu. Eu sempre fazia questão de passar as férias em sua casa. O vovô ainda era vivo.

Foi um dos piores dias da minha vida. Engraçado que a família só se une quando alguma coisa do tipo acontece. Pelo menos a minha é assim. Eu não vou muito com a cara de muitos dos meus familiares. Mas naquele momento, eu me senti mais próxima a eles do que nunca. Todo mundo pareceu sofrer bastante com a morte dela. Principalmente por que ela estava tão bem.

No fim do velório, a noite, eu fui dormir com um enorme nó na garganta. Estava com uma insônia desgraçada, tinha algo me incomodando e eu não sabia. Depois, era difícil dormir com os olhos inchados de tanto chorar.

...

De repente eu estava tão distante de tudo. Do mundo, das pessoas... Era como se um enorme vazio estivesse me corroendo. E estava. Aquele nó se formou bolo, era difícil assimilar as coisas. Não só pela perda da vovó, mas aquele sentimento estranho estava me matando.

"Eu sinto muito pela sua avó". – disse o senhor Hiddleston, estava na cama. Havia acabado de acordar. Ele parecia tão bem. Como alguém pode acordar tão perfeito assim?

"O senhor prefere chá ou café?" – tentei não tocar no assunto.

"Café". – disse ele levantando. "Meio amargo".

"Fiz crepes com queijo". – disse colocando a bandeja em seu colo.

"Se você não está se sentindo bem. Pode descansar". – ele não tirava os olhos de mim.

"Não posso me deixar só por que perdi alguém. A vida continua. É difícil, mas continua".

Senhor Hiddleston ficou pensativo.

"Quer que eu te faça companhia durante o café?"

"Já comi. Os funcionários comem sempre primeiro senhor".

"Coma de novo".

E foi assim que acabamos na mesa, comendo crepes com queijo derretido. Lilian nós fez estava com a gente, mas logo me levantou por que tinha acabado primeiro. Nós havíamos acabado de começar.

"E como foi seus dias na casa da Ariliza?"

"Foram os melhores dias que eu já tive durante anos. Os pais dela são humildes, e sabem muito bem acolher as pessoas. Me senti em casa".

Ele diz com um certo brilho no olhar. Ele estava apaixonadinho, meu Deus que fofo.

"Aí senhor... As coisas andam tão boas ultimamente não é?"

Não para mim, mas está tudo bem.

"Sim". – ele tinha um sorriso encantador. "Você está bem mesmo apesar de tudo?"

"Vou ficar. Não se preocupe". – sorri e ele pôs a mão sobre a minha e a massageou.

"Se precisar de alguma coisa, me fala está bem?"

Santa Ariliza abençoada. As mulheres tem poder mesmo não é? Ah que é isso, quando a gente está apaixonado a gente fica enfeitiçado mesmo né?

"Sim senhor". – sorri. "Quero conhecer a sua namorada. Ela parece ser maravilhosa".

"Não se preocupe. Ela virá semana que vem. Ela está muito ocupada trabalhando em uma ong de animais de rua. Ela passa o dia todo falando daqueles bichos".

"Senhor isso é maravilhoso! Imagina o tamanho do coração dela! Cabe amor pra tanta coisa. Ah senhor, isso que está acontecendo se chama milagre. Essa garota é um anjo em sua vida".

Ele apenas ouvia com um sorri. Ah ele tá todo bobo apaixonado. Uma graça!

Blank Space [Tom Hiddleston × You]Onde histórias criam vida. Descubra agora