Ela é coração, cérebro e coragem

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Não era fácil estar lá sozinha, sem sua mãe, seu irmão, seu pai que mesmo aos onze anos ainda lhe contava histórias antes de dormir para que ela tivesse uma noite tranquila de sono. Como dormiria em Hogwarts sem uma história? Quis chorar, mas pegou um livro que ele havia separado para que ela lesse, era infantil e gasto, já havia decorado aquela história.

Lembrou-se:

— ...Então um precisa de coração, outro de cérebro e outro de coragem?

— Sim. – Rony sorriu em nostalgia, lembrando-se de outros tempos.

— Você é o coração, a mamãe o cérebro e o tio Harry a coragem.

Rony sentiu algumas lágrimas preencherem seus olhos, engoliu em seco, Rose não era mais boba, todas as histórias da guerra, mesmo que nunca contadas em detalhes, não passaram despercebidas por ela.

— Você pode ser a Dorothy. – ele se limitou a falar.

— Quando eu for pra Hogwarts, o que vou fazer sem o coração e o cérebro?

Sabia que ela se referia a ele e Hermione.

Rose era muito apegada aos dois e só agora se perguntava se não devia ter criado ela mais independente.

— Posso levar o Totó comigo? – voltou a perguntar quando viu que seu pai não tinha uma resposta.

— Totó, mais conhecido como Hugo? Só dali dois anos, pode ser? – ele afagou os cabelos da testa dela, querendo lhe consolar.

— Como vou dormir sozinha lá?

— Você nunca estará sozinha, terá seus livros, primos e fará amigos. Eu garanto, parece assustador, mas vai dar tudo certo.

Naquela primeira noite em Hogwarts ela dormiu lendo. Nunca imaginou que seria o cérebro de um trio de coração e coragem que estava formando com Scorpius e Albus.

Rony, por outro lado, pensava em qual momento sua pequena entenderia que todos tinham o cérebro, o coração e a coragem. Ele precisou de um desiluminador para isso. Mas Rose sendo o cérebro certamente descobriria antes.

De pai, para filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora