Starboy - Romanogers

Sol

[N/A: Me ausentei alguns dias, tava meio cansada e ontem tive reação à vacina que tomei, então não consegui postar. Mas hoje tô de volta. Obrigada pelo carinho de vocês, e espero que curtam!]

Desnecessário dizer, não fez o teste. Era uma coisa com a qual poderia se preocupar depois. Além do mais, não tinha motivos para achar que estivesse grávida: estava usando um DIU, afinal. E também, era perfeitamente plausível que estivesse atrasada - tudo o que comia, vomitava. Estava se alimentando mal e absorvendo poucos nutrientes. Nada fora do esperado.

Então seguiu a vida - buscou a tia Irina no aeroporto e tentou lidar com aquele clima esquisito de vários familiares ao mesmo tempo no mesmo lugar, trazendo um presságio ruim. Quando Lucy foi vê-la no fim do dia, Nat desabou no colo dela, exausta. Cochilou várias vezes no banco do hospital, com a cabeça apoiada nas pernas da 'sogra'. Nunca pensou que fosse se ver naquela situação, mas ali estava.

"Você sabe por que eu e sua mãe ficamos amigas?" Lucy perguntou, passando os dedos de leve entre as mechas dos cabelos de Natasha, que fez que não com a cabeça.

"Meus primeiros meses de casamento com Grant não foram tão ruins, apesar de achar que me casei pelas razões erradas. Sabe, não faz tanto tempo assim, mas meus pais sempre foram meio conservadores. Então nós namorávamos, e obviamente nos envolvemos como qualquer casal, e bem, eu acabei grávida, e meus pais acharam isso a maior desgraça do mundo, então arranjaram um casamento da noite para o dia. Eu gostava de Grant, é claro, acho que na época estávamos os dois apaixonados, ou pelo menos atraídos um pelo outro, mas acho que nenhum de nós dois queria realmente se casar. Então nos primeiros meses, até o primeiro ano da vida de Ethan, as coisas eram boas. Só que Grant teve um grande problema em se adaptar à vida de pai. Sinceramente, às vezes acho que nem tentou. E se com um filho só estava difícil, imagine quando engravidei de novo. Ele jurava que Steve não era dele, veja que coisa mais ridícula. E com o tempo, ele começou a tratar mal os meninos, e a mim pior ainda. De nós três, a única pessoa que era tratada um pouco melhor era Ethan, mas pouca diferença. Grant jurava que eu o traía, e foi fisicamente abusivo muitas vezes. Pedi ajuda para a minha mãe, e ela disse que eu tinha que suportar, ser uma esposa melhor. Tinha vergonha de falar com a minha sogra, e sinceramente, nunca contei para ninguém diretamente. Quando Grant produziu um filme e nós conhecemos Melina em alguma premiação, ela foi uma das únicas a conversar comigo e se interessar pelo que eu falava. Para todos os outros, eu era uma esposa troféu, para ela não. E com a sensibilidade que ela tinha, acabou percebendo que algo não estava certo. Chegou inclusive a oferecer a própria casa para que eu saísse de perto de Grant, e eu recusei todas as vezes. Mas ela conseguia perceber como os meninos estavam afetados, então sempre que os via, oferecia uma refeição, um abraço, um carinho... alguma coisa que eu não conseguia dar naquele momento. E nunca disse nada para eles. Eu gostava que eles saíssem com Carol pois provavelmente acabariam encontrando Melina, e sempre voltavam melhores."

Nat ouviu com atenção, se sentando para olhar para Lucy diretamente. A mais velha não tinha lágrimas nos olhos nem nada, só estava reflexiva.

"Eu não tenho filhos, mas me identifico com todo o resto." ela disse. Lucy olhou para ela, subitamente entendendo tudo; o que foi bom, Natasha não queria se alongar.

"Steve sabe disso?"

Nat se mexeu desconfortável no banco e engoliu em seco, subitamente sentindo o pescoço doer.

"Sabe. Descobriu no mesmo dia em que resolveu que precisava pensar." ela deu de ombros, mordendo os lábios por dentro.

Lucy concordou.

"É... Faz sentido. Fico triste que ele tenha ido embora, mas também entendo o que aconteceu na cabeça dele. Cada aspecto do que ele viveu na infância e adolescência foi influenciado pelo que acontecia em casa. E tudo que acontecia em casa tinha a ver com isso. Enfim."