31. Pedidos

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Já passava das 20:00 quando Alfonso estacionou o Jeep há alguns metros da casa de Ian. Ele parecia divertido, os olhos verdes brilhantes enquanto – claramente – achava graça da expressão totalmente emburrada de Anahi.

Ela estava a ponto de explodir, e ele era o culpado disso.

Há algumas horas, quando ele parou em sua frente – na saída lateral da empresa – a animação da loira parecia emanar por cada poro de seu corpo.

O fato era que Ana – guiada pelas palavras incertas do namorado – tinha certeza que ele a levaria à algum lugar que fizesse parte da surpresa do dia seguinte, ou que, pelo menos, pudesse indicar alguma pista do que estava sendo planejado.

Mas não foi exatamente isso que aconteceu.

Não que ela tivesse notado, pelo menos.

Às 18:17, eles estacionaram diante à uma confeitaria, há algumas quadras do centro de Manhattan. Alfonso adentrou a loja, a guiando pelas mãos e parecendo totalmente à vontade ao receber uma caixa de papelão – repleta de muffins de chocolate – em nome de Ian, papeando sobre assuntos que ela, honestamente, não estava interessada.

Afinal, ela não queria saber sobre muffins.

Ela queria saber sobre a surpresa, e no porque infernos ele a fizera o acompanhar até uma confeitaria – sem qualquer chance de reluta sobre o assunto – apenas para buscar uma caixa de bolinhos para o amigo.

Desde quando ele comprava comida para Ian?

Ou será que ...

Talvez os tais "bolinhos" fizessem parte de sua surpresa, afinal.

Ela franziu o cenho para si mesma, tão envolta nos próprios pensamentos que não percebeu quando um sorriso pequeno se formou no canto dos lábios de Alfonso.

Havia começado.

E Ana sequer tinha noção disso.

A ida à loja de doces foi seguida por uma visita rápida à uma gráfica local, onde os entregaram um pacote de tamanho médio – envolto em papel Kraft e barbante de sisal – que Herrera, com uma expressão totalmente neutra, fez logo questão de esclarecer ser apenas algumas fotos que mandara revelar na semana anterior.

A última parada – finalmente – foi em uma casa de vinhos do lado oeste da cidade. Para total confusão de Anahi, o namorado seguiu com sua expressão tranquila enquanto lia alguns rótulos, pacientemente dispensando algumas garrafas e separando outras, que gostaria de levar. O súbito interesse pela bebida – totalmente aleatório, se levando em consideração que, normalmente, Ela era a pessoa que gostava de vinhos caros, e não Ele – os fez tardar muito mais do que o necessário na escolha de um tinto suave, de duas safras atrás.

Quando voltaram para o carro, – rumando em direção à noite de jogos – o bico que havia se instalado nos lábios de Anahi, o fez sorrir. Ela bufou.

Anahi: Isso é muito injusto! – gemeu, batendo a nuca no encosto do banco do carona como uma criança chateada. A loira virou a cabeça para olhá-lo, e pode ver quando Alfonso puxou a chave da ignição, estacionando o veículo e dando a ela o olhar mais calmo que pode reunir. – Eu achei que íamos fazer algo sobre a minha surpresa. Você gosta de me ver sofrer?– A pergunta o fez novamente sorrir, e ela esperou até que o namorado a fitasse para, só então, revirar os olhos para ele. – Você é um homem perverso, Alfonso Herrera.

Something Stupid | Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora