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abstinence 

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abstinence 

Sentir o corpo da Alya tão perto do meu depois de tanto tempo chega a ser regozijador. Eu não me lembro da última vez que consegui fechar os olhos e dormir tranquilamente. Na verdade, acho que nunca vou dormir bem outra vez, mas confesso que estar perto da Alya me faz sentir um pouco de paz outra vez.

Tem sido difícil. Tudo que aconteceu ainda está tão vívido na minha mente, como se estivesse acontecendo outra vez. Minha cabeça está uma confusão enorme, Alya quer que eu a explique as coisas que aconteceram, mas como falar sobre algo que ainda parece uma grande incógnita para mim?

Fingi que estava dormindo só para ela me olhar, gosto de sentir os olhos dela sobre mim, acredito que porque eles me dão a certeza de que nada mudou, de que nada vai ser diferente.

Mas assim que os olhos de Alya se fecham, me viro para admira-la. Passeio com as minhas mãos pelo seu rosto e não posso deixar de pensar na sorte que tenho de tê-la aqui.

Parece repetitivo falar outra vez, mas não sei o que faria da minha vida, se não a tivesse comigo.

Permito fechar os olhos um pouco, minha vista está tão cansada que é difícil manter meus olhos abertos por muito tempo, por mais que eu queira continuar olhando-a. Não sei após quantos minutos apago, mas quando apalpo a cama não encontro seu corpo mais perto do meu. Uma sensação de pavor percorre todo o meu corpo e a minha mente caminha involuntariamente para o lugar mais sombrio da minha memória.

Aquele lugar que me faz reviver tudo novamente. Odeio essa sensação.

Levanto para procura-la, mas ela não está em lugar nenhum. Em um impulso completamente involuntário, pego a chave do carro e corro para o elevador.

Os corredores silênciosos do meu prédio só enaltecem ainda mais a voz que tento calar dentro de mim. A voz que me tortura afirmando que está acontecendo de novo e que nunca vai parar de acontecer...

Não na minha mente.

Já fiz isso outra vez... Conheço cada detalhe como se estivesse repassando um roteiro. Minhas mãos se esfregam uma na outra com tanta força que chegam a arder, e o elevador, esse elevador desgraçado, não parece chegar nunca no meu andar.

Eu sei tudo que vai acontecer, mas tenho a sensação de que está acontecendo pela primeira vez. É como se meu corpo estivesse em piloto automático, como se ele soubesse exatamente o que precisa fazer.

E para onde precisa ir.

─ Alya... – Eu grito. Nem me importo com o horário e se tem pessoas dormindo.

Algo aconteceu, a minha mente repete o tempo inteiro sem parar. Preciso encontra-la, preciso protege-la. Não posso falhar.

Não posso falhar de novo.

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