"Eu preciso que você me escute... Eu preciso que você ao menos tente me entender..." - Seus olhos fitam os meus desesperados, como se procurassem em um algum lugar distante um pouco de perdão. "Eu fiz isso porque amo você... Por favor... Só me escut...
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awakening | part two
Apesar de Nikki tentar disfarçar de todas as formas que está extremamente nervosa de ficar comigo no hospital, acaba ficando bem nítido a cada novo "você está bem?" que ela solta. Adoro ter a Nikki por perto, adoro poder conversar sobre tudo e sou completamente encantada pela preocupação e pelo carinho que ela tem por mim e Brianna, mas confesso que me deixa preocupada imaginar que as pessoas agora vão me enxergar assim.
Como uma garota extremamente frágil, que precisa de cuidados constantes.
Não culpo as pessoas por me enxergarem nessa condição, mas admito que odeio estar nela. Provavelmente porque eu odeio dar trabalho as pessoas, odeio. E também porque sempre fui a garota forte que cuidou de todo mundo, estar na posição reversa me frustra um pouco, logo agora que percebi o quanto o Tom precisa de mim.
A carta de Ethan, por mais que odeie admitir ainda passeia pela minha mente. Com certeza, eu deveria mostra-la ao Tom. Deveria deixa-lo a par dessa situação e me desculpar por ter achado seu ciúme completamente bobo.
Preciso que ele confie em mim. Preciso que ele perceba que não precisamos, que não devemos, de maneira alguma, esconder algo um do outro.
Minha mente praticamente me implora para interrogar Nikki, fazê-la falar, confessar qualquer coisa que me faça entender o que se passa na cabeça de Tom e porque eu tenho a recorrente sensação de que a mente dele está o destruindo aos poucos.
Meu coração deseja ardentemente que ela me acalme e me diga que está tudo bem, que é só mais uma paranoia minha. Que nada aconteceu enquanto eu dormia e que eu devo parar de me preocupar à toa. Mas tenho a sensação de que não é exatamente isso que vai acontecer.
Nikki conversa com algumas enfermeiras sobre a minha possível alta e mal nota que eu a observo esperando o momento em que finalmente ficaremos sozinhas e eu tentarei, insistentemente, arrancar algo dela. Ela me encara e sorri antes de sentar-se próxima de mim na cama.
─ Parece que alguém vai finalmente sair desse quarto branco... – Ela diz sorrindo e segurando a minha mão. – Não via a hora de te ver fora daqui princesa...
─ Nossa... – Digo me afundando na cama. – Já não aguentava só enxergar as luzes brancas desse quarto... – Ela me encara com olhos de compaixão. – Quero voltar a trabalhar, poder dormir numa cama confortável, assistir B99... Sentir que estou em casa.
─ Já está chegando a hora, querida. Logo, logo você estará em casa com todos nós... – Ela fala passando as mãos sobre os meus cabelos. – Vai estar mais perto do Tom também...
─ Tenho medo, Nikki... – Falo e ela me encara com os olhos semicerrados. Hora de atacar, Alya. – Medo de que nada volte a ser como antes.
Tudo bem que eu estava desesperadamente tentando arrancar algo de Nikki, mas preciso confessar que isso tem sido o meu maior tormento nos últimos dias. Estar sentada em uma cama de hospital, sem muitas coisas para fazer lhe traz uma infinidade de pensamentos e no meu caso, nenhum deles era bom.
