Paid Dating

𝓜𝓪𝓼 𝓮𝓾 𝓰𝓸𝓼𝓽𝓸 𝓭𝓮𝓵𝓮, 𝓶𝓪̃𝓮...

Como eu poderia explicar as últimas horas?

Bem, na fatídica noite do meu primeiro encontro, eu descobri que aquele evento incrível e maravilhosamente surpreendente, era nada mais nada menos que uma grande armação caluniosa. Jeon foi pago para sair comigo, JiYong arquitetou todo o plano e Yoongi acobertou tudo... Eu fiquei quebrado.

Me enfiei no quarto, e chorei enquanto ouvia música no último volume, claro, usando fones de ouvido. Não tive nem mesmo coragem de abrir minhas comics... Só consegui pensar em como eu poderia ter tido meu primeiro beijo numa droga de mentira. 

Passei por longos estágios de emoções. O primeiro, tristeza. Eu chorei muito, chorei até não ter mais líquido no corpo e secar. Chorei até sentir tanta dor de cabeça e desmaiar na cama. Acordei de madrugada, ainda triste e chorando. E foi então que eu decidi que não queria ver meu irmão, ou seja lá o que ele é. Arrumei uma mochila e sai de fininho pela janela. Andei tanto que minhas pernas falharam. Me sentia num filme dramático quando assisti o dia nascer no banco de uma praça. 

Bem, o segundo estágio veio quando me esgueirei para dentro da casa dos meus pais. Papai e mamãe moravam em outro bairro, um lugar bem tranquilo, e eu andei até lá. Entrei na casa e me sentei no sofá, remoendo tudo o que aconteceu na noite passada. As mentiras, as sensações deliciosas que eu tinha remorso de sentir. Nada conseguia tirar Jeon JungKook de minha cabeça, e eu estava odiando isso.

Minha mãe acordou e quase teve um enfarte quando me viu no sofá. Não brigou comigo, mas pareceu preocupada quando reparou em meu rosto acabado pelo choro. Senti muita raiva, mas guardei na minha cabeça. Deixei que ela me colocasse pra dormir, e sabia que ela gritaria depois. Cansado, com as pernas latejando, eu dormi, e acordei perto do almoço. Tomei um banho e quando entrei na cozinha, encontrei a mulher preparando bolinhos de arroz. Me sentei para ajudar, e minutos depois ela começou a pedir explicações.

-Chega desse silêncio, Park Jimin! - a mulher exclamou. -Não me olhe desse jeito! Por que estava parecendo um defunto no meu sofá às seis da manhã? - perguntou.

-Não queria ver o JiYong, então vim pra cá... - murmurei, sentindo um bolo na garganta. Era pedir demais que um raio caia na minha cabeça e me faça perder as memórias dos últimos dias?

-Ah, céus, esse garoto! - praguejou irritada. -O que ele fez? Não me diga que ele está usando a casa como prostíbulo?

-Ele fez pior... - murmurei, fungando. -Ele me acha tão patético ao ponto de pagar o cara que eu gosto pra sair comigo. - grunhi irritado.

-O-O que? - disparou chocada. Engoli em seco, me sentindo horrível. -Ele não seria tão louco! - esbravejou.

-Bom, ele fez... - suspirei. -Mãe, eu sou tão estúpido assim? - perguntei, sentindo os olhos arderem. 

-Ah, meu bebê! - ela logo veio me abraçar e me deixei chorar em seu colo. -Você nunca será estúpido! Você é um menino lindo e genial. É talentoso e tenho certeza de que é o primeiro da turma. - ela elogiava.

-Segundo. - corrigi, fungando.

-Bem, ainda está no topo! - riu, me apertando mais. -Seu irmão é um imbecil, e eu irei confiscar o carro dele por isso. - disse, me olhando. Eu ri, achando fofo seu jeito de tentar me consolar. -Eu sinto muito por tudo isso, meu pequeno mexilhão. - apertou minhas bochechas. 

-Eu fico me perguntando o motivo disso tudo... - funguei. -E-Eu não preciso de encontros, não preciso de namorados, então... Por que JiYong estava tão desesperado para pagar alguém?! Eu não sou descolado, eu sei, não sou o cara mais divertido do mundo, mas... Pagar alguém... Pagar Jeon JungKook pra sair comigo, isso me deixa terrível, mamãe. - voltei a chorar mais. 

-O mundo não te merece, Jimin... - suspirou, me acolhendo. -Seu irmão acha que todos deveriam fazer o que ele faz. Pagar alguém foi um absurdo, nem consigo imaginar o que se passa na cabeça daquele moleque. - suspirou furiosa. -A questão agora é... - ela me afastou, encarando-me. -Esse Jeon JungKook, é igualmente um bocó por ter aceitado. 

-Sim, ele é. - assenti. -Mas eu gosto dele, mãe... Eu gosto muito dele. - funguei, soluçando. -E talvez tudo o que ele tenha dito pra mim seja mentira, e se for... - respirei fundo. -Se for mentira, então eu não sei como vou superar isso...

-Você acha que esse rapaz realmente aceitaria esse plano insano de JiYong? - perguntou. 

-Eu não sei. - dei de ombros sem ter resposta melhor. -Durante o encontro, JungKook foi tão legal e diferente do que ele parece ser na escola... Ele faz aqueles bolinhos decorados que eu gosto. O pai dele é o dono da confeitaria, e ele ajuda aos domingos. Ele é divertido, e não parecia me julgar por ser meu primeiro encontro... - suspirei. -E agora, eu não sei o que pensar sobre ele. Se ele aceitou sair comigo por dinheiro, então eu deveria sentir raiva dele também, mas... Eu gosto dele, gosto tanto. - funguei.

-Entendo... - suspirou.

-E também, tem o Yoongi. - falei. -Ele sabia desde o início sobre tudo. Meu melhor amigo sabia e não me contou. - respirei fundo. -Sem falar na bagunça que deve estar a sua cabeça. Eu não sei como proceder, ele está passando por problemas e eu me sinto tão egoísta em estar aqui chorando e com raiva, em vez de ir lá e apoiar o meu melhor amigo. - confessei. -O que eu deveria fazer?

-Você deveria enxugar esse rosto, e reorganizar sua mente. - ela passou as mãos macias em meu rosto, enxugando minhas lágrimas. -Seu irmão agiu de forma desapontadora, e tenho certeza de que ele tem noção disso. Vou deixar que você se acalme antes de fazer qualquer coisa, mas saiba que irei dar uma boa bronca nele. - disse, e eu assenti, fungando. -Sei que se sente egoísta em relação a Yoongi, mas antes de pensar nele, pense em si mesmo. Sei que você irá passar por cima de tudo isso, sei que você é um menino forte e determinado. 

-Obrigado. - agradeci. -Eu posso ficar aqui? Não quero voltar pra casa... - pedi.

-Ora essa, meu amor! - sorriu. -Você já está em casa.