18

1.7K 225 113
                                    

Type

Chego em casa com Tul do meu lado, completamente mal humorado. Ele estava preocupado com o que poderia acontecer comigo, mesmo que eu dissesse que não precisava, mesmo assim ele me acompanhou. Entro e a casa está em um silêncio completo, mordo o lábio.

— Pronto, já cheguei, pode ir embora Tul, eu quero ficar sozinho. — digo suspirando. — Você largou o Max só pra me trazer até aqui.

— Type, você exagerou — ele finalmente fala e respiro fundo.

— Ele me marcou, errou feio e eu que estou errado? — bato o pé no chão e o Tul respira fundo.

— Sim, ele errou, mas você não podia dizer tudo aquilo, você se recusou a ser o Ômega dele, sabe o que isso pode causar aos dois por sua teimosia — o Tul diz e eu decido ignorar.

— Não estou sendo teimoso, tudo... —sou interrompido.

— Nem venha com o seu discurso, Type. Como tudo que aconteceu foi culpa dele? Você só consegue ver o seu lado, não deu nenhuma oportunidade a ele, você supôs que a vida dele foi perfeita, mas alguma vez você tentou conversar com ele direito?

Mordo o meu lábio e respiro fundo, o cheiro do Tharn ainda estava por todo lado.

— Você só está com medo de amar. Já pensou se ele desistir de você e seguir em frente porque você tem medo de amá-lo?! — Tul diz e sai me deixando sozinho.

Praticamente me arrasto até o sofá e me sento, olho ao redor, fecho os olhos, passo a mão em meu cabelo, me levanto devagar e vou até o quarto do Tharn, paro em frente a porta e mordo o meu lábio, bato, mas não tenho resposta, abro a porta, entro ali e mordo o lábio. Se não fosse pelo cheiro do Tharn, poderia dizer que nunca houve alguém ali. Sinto minhas pernas enfraquecerem e me sento no chão, abraçando meus joelhos, minha respiração estava entrecortada, me sinto sufocado.

— Você foi mesmo... — sussurro baixo, fecho meus olhos com certa força.


[...]


1 mês depois

Ando pela universidade com o Techno ao meu lado tagarelando. Faz um mês que não vejo o Tharn. Eu pedi, não foi? Então porque me magoa tanto não ver ele, não sentir o seu cheiro, não escutar a sua voz, sua risada. Por que me tornei tão dependente assim dele?

Deveria estar feliz, foi o que eu pedi, mandei ele ir embora.

Por que essa dependência que sinto por ele? Por que é tão difícil assim seguir em frente? Por que não consigo esquecer? Por que o mandei embora?

— Type, por que está chorando? — escuto a voz do Techno e passo a mão em meu rosto, realmente estava chorando, pisco várias vezes. — Você está tão diferente, parece que perdeu algo.

— Eu... — paro de falar quando sinto o cheiro de café e morangos chegar ao meu nariz, aperto a minha mochila, olhando ao redor e saio andando deixando o Techno falando sozinho, mas não o vejo. Levo as minhas mãos até minha cabeça e fecho os olhos.

— Type, cara, você não está bem — Techno fala e abro meus olhos, olhando ao redor.

— Ele não está aqui, No — falo baixo e o Techno faz carinho em meu braço. Ele estava tentando me consolar.

Abaixo a cabeça, quieto. Techno praticamente me arrasta para o refeitório, eu não deveria estar assim, por que estou então, será que é por causa da marca?


[...]


1 ano depois


O cheiro dele já não está pelo apartamento, não tinha praticamente nada ali que pudesse me lembrar dele, eu sinto falta dele.

— Droga.

Resmungo desde que ele se mudou. Estou no quarto que antes era dele, agora é meu, sempre durmo aqui. Suspiro olhando ao redor, meu celular toca e atendo.

— Diga — respondo, assim que atendo.

— Vamos sair para beber hoje, bora? — Techno pergunta e respiro fundo.

— Não tô afim — digo, já pronto para desligar, estava querendo passar o dia todo deitado.

— Vai o Champ e os amigos dele, o Tharn vai estar lá. — quando ele diz isso quase caio da cama com essa informação. — Venha logo, estamos esperando você — ele desliga antes que eu possa responder alguma coisa.

Demoro um pouco para processar e fico enrolando, pensando se eu deveria. A noite chega e ainda estou deitado, me levanto devagar, talvez deva ir e tentar conversar com ele. Sinto falta dele.

Me levanto, vou até o banheiro, tomo banho, me arrumo ansioso e logo saio, indo em direção ao bar que o Techno tinha falado. Eu sou tão besta, estou tão nervoso.

Entro no bar a procura da mesa que eles estão, primeiro vejo o Techno, ele acena para mim ao lado do Champ, me sento e eles continuam conversando, todos animados. É tão estranho isso, meus olhos vão como ímãs assim que sinto o cheiro dele próximo de mim.

Mordo meu lábio tentando ser discreto.

— Oi — ele cumprimenta a todos na mesa, mas não chega nem a olhar para o meu rosto, mesmo que tenha se sentado à minha frente, parecia estar evitando qualquer tipo de contato visual comigo.

Fico calado enquanto bebo, tento disfarçar minhas olhadas para ele, estava tentando não deixar na cara que o meu coração parece um tambor, mas ele sabe, ele sempre sabe.

— Tharn, seu desgraçado, você simplesmente some, — Champ bate no ombro dele. — ainda bem que veio, cadê o Long? — Champ continua falando e o meu corpo fica tenso.

Antes que o Tharn fale algo, um garoto se senta ao lado dele e dá um selinho nos lábios do Tharn. Techno me olha fazendo uma cara nada discreta e eu, que estava tenso, sinto uma raiva me dominar por completo.

— Estou aqui, Champ — ele diz com um sorriso — é claro que acompanharia meu docinho.

— Long, já vai ficar grudado com seu namorado? Bora, bora beber, não namorar — Champ diz sorrindo.

D-docinho... namorado...

Inimigos Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora