11 - "Primeiro dia".

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[DORMITÓRIO DOS MAROTOS – 06:00 DA MANHÃ].

Pela primeira vez em muito tempo, desde que a guerra começou, Harry Potter teve uma noite tranquila de sono.

Sem invasões em sua mente, sem visões de pessoas sendo torturadas, sem pesadelos com Voldemort matando seu pai, sem os gritos da sua mãe, sem Bellatrix atingindo Sirius com um feitiço que o fez atravessar aquele maldito véu, sem vê-la torturando Hermione ou Dobby morrendo.

Nada disso.

Ele apenas dormiu.

Tinha uma forte suspeita de que a grande responsável por isso foi a companhia dos marotos.

O moreno despertou com os raios do sol atingindo seu rosto. Gemeu em frustação ao perceber que já era hora de levantar.

Olhou para o lado e, a sua direita, encontrou um meio em coma Sirius, que roncava baixinho, ao seu lado esquerdo seu pai dormia em uma confusão de cobertores abraçando um travesseiro enquanto murmurava algumas palavras incompreensíveis, a sua frente dormia um muito sereno Remus virado para o lado esquerdo e com um travesseiro em sua cabeça, para abafar os roncos dos garotos, ao lado de Lupin havia um Peter dormindo de boca aberta e com uma leve babinha escorrendo enquanto emitia roncos do fundo de sua garganta.

Realmente uma cena não muito animadora para começar a manhã.

Reunindo toda a sua coragem Grifinória se pôs de pé e caminhou até o banheiro.

Quando teve a certeza de que estava sozinho desfez o feitiço glamour para poder olhar para si mesmo, mesmo que por poucos momentos, e o que o espelho a sua frente o refletiu foi:

Um moreno com olheiras, formadas pela guerra, que agora estavam suaves, quase inexistentes, os cabelos estavam mais bagunçados que o normal, muito escuros e apontando para todas as direções, os olhos que haviam perdido o brilho que sempre tiveram, agora estavam renovados, tinham uma chama, um brilho de esperança.

Ou seja, o que o espelho revelou foi: A cópia exata de James Potter com os olhos de Lílian Evans.

– Uou! – Impressionado murmurou com sua voz rouca e sonolenta.

Sempre ouvira que era igualzinho ao seu pai com os olhos de sua mãe. Todavia, ele só ouvia, nunca teve a possibilidade de ver com seus próprios olhos e agora que estava tendo era até meio assustador sua semelhança com o seu pai.

Riu com o pensamento.

Seu pai.

A noite se perguntou o que o garoto que estava na exata cama ao seu lado pensaria se dissesse que é seu filho, que por sinal viajou no tempo.

Chacoalhou a cabeça, não era hora de pensar nisso.

Suspirou e se encaminhou até o chuveiro e deixou a água levar toda a sua preocupação. Ficou até mais tempo do que costumava gastar no chuveiro, apenas para aproveitar a sensação de ser ele mesmo. Não que ele estivesse assumindo outra personalidade para estar com os Marotos ou com as garotas. Nunca. Mas é que para eles, ele era Tiago Star, eles não faziam ideia do que ele passara, dos traumas que enfrentara, das cicatrizes que ele tinha, não fisicamente, mas sim eu seu ser, cicatrizes que não eram visíveis ao olhar.

Então, aproveitou aquele momentinho para ser Harry Potter. Aquele que estava morrendo de medo de não ser aceito por sua família, que passou a noite inteira com vontade de sair correndo para a cama do seu pai apenas para checar se ele estava respirando mesmo, que tinha vontade de abraça-lo a todo instante e dizer que o amava muito, que palavras não bastariam para explicar para o amor que sentia por ele. Que sentia vontade de correr para Sirius e abraça-lo até esmagar suas costelas, pedir perdão por ter sido manipulado por Voldemort e que isso acabou resultando em sua morte, dizer que ele é o melhor padrinho do mundo e repetir quantas vezes necessário que ele o amava. Que tinha desejo de dizer a Remus que também o amava e que ele fora uma figura paterna, para ele, tanto quanto Sirius, por mais que ele não tivesse dito isso a ele. E que também sentia vontade de se estuporar por estar gostando do Rabicho, que tinha vontade de odiá-lo por ter matado Cédric, por ter traído seus pais e condenado Sirius, mas não conseguia sentir ódio dele, não conseguia odiar aquele adolescente e se odiava por isso.

Construindo meu futuro - HARMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora