Aurora 1

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2005

Há uma lenda chinesa, chamada Aka Ito que fala sobre um fio vermelho invisível que une as pessoas que estão predestinadas a ficarem juntas, independentemente do tempo, lugar ou circunstância, há sempre este fio vermelho, que os liga, os puxando de volta para si.
Um laço eterno, incapaz de ser quebrado.
O quanto isto pode ser verdade?

Será que em algum lugar tem alguém com a outra ponta do meu fio vermelho?

Forço esses pensamentos a irem embora, com tantas coisas acontecendo, não é o momento para pensar nisto.

Mas então, qual é o momento certo? Já ouvi dizer que o amor chega para os distraídos, é quando não está o procurando, que ele vem, e bate em sua porta, arrombando a sua janela, entrando com tudo.

Eu deveria mesmo acreditar nisto? Neste amor de contos de fadas.

Com certeza não, não viajei até aqui para encontrar o amor da minha vida.

Tem uma semana que cheguei ao Brasil, e não teve um dia se quer desde a minha chegada que eu não tenha me arrependido de vir.

Tudo nesta casa me irrita, a minha mãe, seu novo marido, seus novos amigos.

A única coisa que faz com que tudo aqui tenha um lado positivo é a Bruna, minha amiga mais antiga.

Quando decidi vir ao Brasil, depois de ter uma longa conversa com o meu pai, ela foi à única pessoa que fui ansiosa contar da minha vinda, e foi ela quem me fez sobreviver a esses sete dias.
Talvez Bruna não queira que eu simplesmente sobreviva.
Talvez ela só esteja fazendo de tudo para que eu viva.

— Bru, tem certeza de que esta festa é uma boa ideia? O tempo nem está tão bom amiga, certeza que vai chover. — Pergunto pela última vez, em uma tentativa falha de tentar ir embora.

— Claro que eu tenho, amiga, confia em mim, e vamos ficar lá dentro, é coberto, pode chover a vontade.

Confiei, mas não deveria.

Passo a mão direita ao pulso esquerdo, e pressiono bem ali, onde tenho uma pinta vermelha, quando eu era criança minha mãe me levou a médicos, pensando que poderia ser algo, mas nunca encontraram nada de preocupante em relação a ela, é só uma pinta vermelha, menor que um grão de feijão, que se parece um pouco com o formato de um coração humano. Sempre a pressiono quando estou nervosa, por alguma razão, isto sempre me acalma.

Bruna sempre teve as piores ideias, e consequentemente me arrastava para cada uma delas, desde criança. Quando éramos vizinhas, sempre íamos brincar em lugares proibidos, e quebrávamos algo, fazendo com que levássemos as maiores broncas de nossos pais.

Não sei onde eu estava com a cabeça, quando a deixei me convencer de que uma festa em plena terça feira seria algo bom.

— Para de fazer essa cara, Áu, aproveita a vida.

— Eu aproveito a vida, tá? — respondo encolhendo o corpo, e colocando as mãos dentro do bolso do moletom que estou usando, não sei por que, mas esse comentário me deixa na defensiva.

— Aproveita nada, é só uma balada, e combinamos de que depois de uma hora eu te liberaria.

Olho para o relógio conferindo as horas e respondo — Ótimo, as 23h30m posso ir para casa.

Chegamos à fila, estamos esperando chegar a nossa vez para comprar o ingresso, dez minutos se passam,  estamos na porta de entrada, até que alguém passa a minha frente apressadamente e tromba em mim, pisando em meu pé.

— Ei, brutamontes, o de baixo é meu — balbucio entre dentes, enquanto empurro um corpo, tentando bloquear a dor que sinto em meu pé direito.

— Calma, Princesa, foi sem querer — responde um rapaz alto, virando-se para mim, olhando em meus olhos.

Dos sonhos eu sou o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora