Raul 14

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Precisava deste beijo, ligo o carro e dirijo até minha casa, por todo o trajeto, Aurora não para de fazer carinho em meu pescoço.

Descemos do carro, ela entra em casa e segue direto para o quarto de Brenda, que ainda está dormindo. Aurora me pede para ir descansar, e diz que me chama caso ela acorde.

Sigo para o meu quarto, quando deito a cabeça no travesseiro não consigo dormir, estou cansado, com sono, mas meu corpo não relaxa, sinto espasmos nas minhas pernas enquanto tento pegar no por fim dormir.

De nada adianta, por mais que eu tente.

Passo a mão por debaixo do travesseiro para pegar a lata, mas encontro um fio de cabelo da Aurora.

Não posso mais continuar nesta, ela merece alguém melhor do que a pessoa que sou agora.

Desisto de dormir, vou até o quarto de Brenda e me sento aos pés da cadeira de onde Aurora está.

— Não conseguiu dormir? — Me pergunta assim que passo pela porta.

— Não consigo dormir sem fumar, e estou mesmo tentando parar.

— Você consegue, sei disso. — Responde, dando um leve aperto em meu ombro, que está escorado em sua perna.

— Quero tentar.

— Quando estava te dando banho, vi uma pinta vermelha que você tem no pulso direito.

— Essa aqui? — Levanto meu pulso e mostro para ela.

— Essa, mesmo. — Responde passando a mão na pinta.

— Essa pinta tem uma história bem engraçada, quando eu tinha uns quatro anos, meus pais compraram esse Jeep, então nas férias, sempre íamos para um sítio que minha avó tem no interior, era feriado de 9 de julho. Estava deitado em uma rede com a minha mãe, quando uma borboleta veio voando em minha direção, levantei minha mão para tentar tocar nela, e ela pousou em meu pulso direito, era linda, dourada, nunca vi outra daquela, e então ela me picou, senti uma fisgada muito forte, como se tivesse sido queimado, ficou inflamado por alguns dias, e quando cicatrizou, tinha essa pinta, que mais parece o formato de um coração humano, estranho não é?

Aurora continua passando o dedo pela pinta, absorvendo cada uma das palavras que contei a ela.

— Borboletas não picam, — é o que ela responde depois de minutos de silêncio.

— Sei disso, por isso que disse que era uma história engraçada, loucura não é?

— 9 de julho é meu aniversário.

— Jura? — Pergunto virando meu corpo, ficando sentado de frente para ela.

— Sim, quantos anos você tinha?

— Uns quatro, tenho certeza, porque foi quando meus pais compraram o Jeep, sei pelo ano que está no recibo, não lembro de muitos acontecimentos de quando tinha esta idade, mas me recordo perfeitamente deste dia, poderia até ter sido um sonho, mas a pinta me prova que não, que foi real.

Ela estica a sua mão esquerda para mim, não entendo o que está querendo me mostrar, mas quando puxa a manga de seu pijama, é uma pinta igual amiga está em seu pulso.

— É isto que você tanto pressiona quando está nervosa? — A questiono passando o dedo sobre sua pinta.

— Sim — diz baixo demais, quase não sou capaz de ouvir.

Coloco meu pulso ao lado do seu, e as nossas pintas se completam, formando o desenho perfeito de um coração. Um desses corações que a gente desenha com um lápis vermelho e pinta.

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⏰ Última atualização: Mar 05, 2022 ⏰

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