Raul 8

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Essa garota só pode ser louca, normal ela, com certeza, não é.

Ela é intrometida, implicante, certinha, e gostosa.

Droga, como ela é gostosa.

Eu deveria ser o pior que consigo, para afasta-la de mim, seguir a ordem de meu pai, mas isso está parecendo mais um missão impossível.

Porque tudo nela me encanta, os cachos que estão quase sempre armados, seus grandes olhos castanhos.

Quero ser ruim para ela, porque eu sou ruim, sou um drogado de merda, e ela merece coisa melhor, quero ser a pior versão da qual sou capaz, e estou decidido a ser.

Mas então ela faz aquilo de novo, o que sempre faz quando esta nervosa.

Pressiona o pulso direito.

E eu esqueço, esqueço que deveria a odiar consequentemente, me esqueço de ser ruim, me esqueço de afastá-la.

Ainda mais quando ela caminha em minha direção, parando na minha frente, ela ainda esta pressionando o pulso, mas o solta, e passa à costa de sua mão direita em meu rosto, sinto seu toque úmido.

Não, não é sua mão que esta úmida, são lágrimas dos meus olhos, sou eu quem estou chorando.
Deixo algumas lágrimas caírem, deixo que ela as seque, e depois me afasto, saindo da sua frente e caminhando até uma das cadeiras de sol perto da piscina, e ali me sento.

Caipira.

Permito que um riso saia de mim, porque o apelido que a dei quando a conheci, combina com o apelido que dei para sua mãe.

Ela se senta na cadeira ao lado da minha, levo o cigarro até a boca, e trago lentamente, ela me observa, e só então me lembro de sua pergunta.

O que eu deveria responder? "Sim tudo bem, fuma aqui o meu baseado", ou a mandar ir à merda? Ela que compre suas próprias drogas se quiser, sem contar que, com certeza, meu pai me mataria, se eu tivesse qualquer mínimo envolvimento que seja com a filha perfeita de sua perfeita esposa.

— Você enlouqueceu?— O que mais eu poderia responder? Não faço a menor ideia, ela me confunde, quando chegou até aqui, pensei que fosse me xingar, me bater, ou sei lá o que, qualquer coisa por ter falado de sua mãe, mas agora está me olhando com aqueles grandes olhos castanhos, me fazendo sentir totalmente impotente, como se dizer não para ela fosse a coisa mais difícil do mundo a ser feito.

— Qual o problema? Você trombou em mim, puxou meu cabelo, xingou minha mãe, me xingou também, acho que me deve isto — não, eu não devo nada a ela, mas porque não consigo dizer não? Seria um superpoder? Ela é sempre assim tão convincente?
Deveria ficar longe dela, mas porque sinto como se eu tivesse sendo atraído, como um ímã para a confusão que essa garota provavelmente é.

— Você, pelo menos, já é maior de idade? — pergunto como um sussurro ao vento, mas ela ouve.

— Você me viu em uma balada, me levou a bares, sabe que sou maior de idade.

— Ficaria surpresa se soubesse a quantidade de menores de idade que tinham naquela festa, e naquele bar, quantos anos você tem Princesa?

— Vinte, e você Plebeu?

— Vinte e quatro — respondo entregando a ela o cigarro.

— Isso é um sim então?

— Sim, não me faça desistir disto, pegue logo — ela lança a mim, um olhar de confusão, tenho a impressão de que a confundo, será que ela também se sente sendo puxada por essa onda que quer a todo custo nos aproximar?

Dos sonhos eu sou o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora