— Você de novo — falo pausadamente entre dentes.— Você esta me seguindo? — grita impaciente segurando o pulso, ela percebe que estou olhando, e logo cruza os braços.
O que essa garota tem no pulso? Pelo amor, será que ela se automutila? Já vi de tudo, que isso não me assustaria.
— Princesa não surta, meu pé ainda esta doendo.
Ela faz sinal indicando ao ouvindo, dando a entender de que não ouviu uma palavra se quer da última frase que disse.
Dou um passo até estar em sua frente, me abaixo até perto de seu ouvido e repito, para que ela ouça.
— Princesa — dou uma pausa só para senti-la puxar e soltar o ar, perto o suficiente de meu pescoço — Não surta, meu pé ainda esta doendo.
Afasto-me olhando para seus olhos, novamente ela faz sinal, desta vez indicando para que eu me abaixe.
— Bem feito, Plebeu — é tudo o que ela diz antes de virar as costas e sair andando em direção ao bar.
Essa garota só pode estar de brincadeira comigo, tudo nela me irrita, a maneira como estufa o peito para falar, como se estivesse usando uma armadura, o seu sotaque arrastado, de paulista, puxando o "r" mais do que o normal, e principalmente a maneira como ela me olhou, como se eu fosse um et que invadiu o seu planeta.
Plebeu, ainda por cima é assim que ela me chama, mas também, quem me mandou ouvir o conselho do JP e chamar toda garota bonita de Princesa.
Garota bonita?
Ela esta mais para uma Caipira do que para Princesa! Isso sim.
Vou até o outro lado da pista de dança, encontrar Brenda, que era o que eu estava indo fazer antes de ser interrompido.
— Raul, você demorou. — Diz Brenda me puxando pelo pescoço e me abraçando.
— Tive um imprevisto, uma caipira trombou em mim.
Decido mudar o foco de meus pensamentos, e começo a dançar com Brenda, ou melhor, tentar dançar, porque sou definitivamente péssimo nisto.
Algumas músicas se passam, até que eu olho para o lado e vejo a Caipira conversando com um cara diferente, não é o mesmo cara que a puxou na porta de entrada, é um cara diferente, e ela parece não esta gostando.
Tomado por um impulso, caminho até onde eles estão quando noto que ele esta tentando beijá-la, e ela, o afasta. Nitidamente desconfortável.
— Oi Princesa, estava te procurando — ela me olha, e eu ergo uma das sobrancelhas dando de ombro, para que ela perceba a encenação e entre na onda.
— Oi Plebeu, até que enfim me encontrou, pensei que estivesse se perdido — ela responde soltando o ar e me abraçando, como se tivesse aliviada.
— Não me disse que tinha namorado, gata — diz o cara analisando nós dois, enquanto permanecemos abraçados.
— Você não perguntou — responde a garota em meus braços, agora com o seu corpo ao lado do meu, sem me soltar, segurando em meu braço para que eu fique ao seu lado.
— Vocês são todas umas vadias mesmo — responde o cara dando de costas e indo embora.
Ela solta o ar, suspirando totalmente aliviada, percebo pela maneira que seu corpo relaxa ao meu lado. Mas isso não faz com que ela me solte, pelo contrário, vira o seu corpo para frente do meu, me dá um abraço apertado e sussurra "muito obrigado Plebeu", concordo com um aceno enquanto a abraço mais forte, inspirando seu cheiro adocicado.
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Dos sonhos eu sou o Amor
Roman d'amourAVISO IMPORTANTE! Ao decorrer da narrativa, serão citadas questões como Abuso sexual, suicídio, vícios (uso de drogas e álcool). Peço que você leitor preste atenção, e caso seja uma leitura pesada, não leia. Tenho outras obras "leves" que vai fazer...