1. ALMAS GÊMEAS

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            A existência de almas gêmeas é um dos maiores debates que existem. Elas são reais? E se são, então como as encontramos? E se não a encontrarmos, ainda poderemos amar outra pessoa e ser feliz? Existem céticos que irão negar com toda a força, talvez por terem se decepcionado no amor antes, eu particularmente acho que estão com medo de amar e é mais fácil acreditar que essa possibilidade é inexistente. Há uma lenda budista que eu li quando eu tinha 12 anos enquanto pesquisava para um trabalho da escola que diz que quando você sente o seu coração acelerar, isso é um sinal de que a pessoa não é a sua alma gêmea, mas ao longo dos anos eu sempre me questionei como seria comigo e a verdade é que eu estava muito focada em mim mesma e eu não olhei todo o amor ao meu redor. Hoje eu escrevo sobre casamentos para a Hermes Magazine e eu posso dizer que não existe uma fórmula para a felicidade no amor, muitos casais que eu entrevistei eram claramente destinados a se conhecer, outros fizeram dar certo e é por isso que eu amo o que eu faço, porque todos os dias eu ganho esperança de que existe uma felicidade esperando por mim. Mas é fácil falar, o problema é me permitir. Será que terei coragem de amar com todas as dificuldades que vão aparecer ao longo de nossas vidas? Gostaria de acreditar que sim, mas quem não está sentindo a dor de um coração ferido pensa que é fácil. Estou voltando de São José, Califórnia, de um casamento entre uma mulher chamada Maria, uma imigrante brasileira e Harold, um britânico que se mudou para os Estados Unidos ainda jovem. Hoje os dois com os seus 60 anos estão unidos em votos de matrimônio e comemoram encontrar o amor. Eu perguntei a noiva se ela esperava encontrar seu, agora marido, um dia, ela olhou nos meus olhos e disse "Na sua idade eu já era casada, não fui obrigada, mas era natural isso acontecer, eu amei o meu marido, mas o amor não é geográfico, não sai procurando o amor, mas quando eu conheci o Harold, fez sentido." E agora estou voltando para São Francisco e mesmo que a viagem de carro seja curta, ela sempre me faz ficar pensativa, mesmo que faça sentido, isso é uma garantia de que irá funcionar?


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            Eu amo viajar seja a trabalho ou a lazer, mas chegar à editora é uma das sensações mais prazerosas que eu já encontrei, é claro que tem dias extremamente estressantes, mas quando eu passo pela porta do escritório e eu sinto aquele chei...

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            Eu amo viajar seja a trabalho ou a lazer, mas chegar à editora é uma das sensações mais prazerosas que eu já encontrei, é claro que tem dias extremamente estressantes, mas quando eu passo pela porta do escritório e eu sinto aquele cheiro de manhã misturado com o de papelaria e o café que tomam, eu me sinto confortável, mas confesso que me fico enjoada quando eu sento na minha mesa e o cheiro de chá de erva-doce da Tori vem até mim, a escritora da sessão de Saúde e Nutrição, não porque eu não gosto dela, muito pelo contrário, ter ela comigo deixa os dias mais interessantes, mas isso não quer dizer que eu tenho que gostar do chá que ela toma ou de qualquer outra coisa que ela me coloca para testar para a suas matérias. Hoje eu cheguei e ela estava na minha mesa me esperando e eu já sabia do que aquilo se tratava.

-Ele já está na sala, eu não o vi antes de entrar. – Tori disse sem nem ao menos pensar.

-Bom dia para você também Tori, como você está? Eu estou bem Jules, como você está? Como foi a sua viagem? Ah foi tranquila Tori, é bom estar de volta. – eu debochei.

- Desculpa – a escritora pediu – mas faz tempo que não tem uma movimentação nesse escritório.

-Eu sei, eu disse para a Flynn que isso seria algo bom, agora vamos torcer para ele ser bom como a chefe ta falando que ele é. – eu disse.

-Espera, acho que eles estão saindo! – ela me disse toda apressada.

Eu que estava de lado para a porta da editora-chefe, no caso, a Flynn, me virei e eu não acreditei no que eu vi saindo da sala junto a ela. Ele era lindo. Ponto. Cabelos castanhos e olhos verdes que eu poderia reconhecer em qualquer lugar, olhos esses que quando olharam para mim, o fizeram parar e me encarar, eu não sabia o que esta sentindo, eu estava nervosa, ansiosa, eu não esperava por isso, é uma segunda-feira, isso não acontece em dias normais. Isso no caso eu nem ao menos sei dizer o que é. Eu só parei de encará-lo quando eu ouvi a Tori dizer:

-Vem Jules, eles estão vindo na nossa direção! – e eu a acompanhei no sentido deles.

-Bom dia meninas – disse a Flynn com um semblante igual ao de uma criança que ganhou um brinquedo novo – bem-vinda de volta Julie, chegou bem a tempo de conhecer o Luke Patterson, o novo fotógrafo da revista. Luke, essa é a Tori Brooks, da Saúde e Nutrição.

-Oi Tori, muito prazer, eu sou o Luke – ele disse e a minha amiga sorriu.

-E essa é a Julie Molina – Flynn continuou apontando para mim agora – de Relacionamentos e Casamento.

Eu não sabia o que dizer, eu o estava encarando, então ainda olhando nos fundos dos olhos dele eu simplesmente disse:

-Muito prazer em te conhecer, Patterson.

Eu vi a expressão dele mudar, como se não tivesse entendido o que eu disse e com um semblante serio me olhando de cima a baixo, parecia estar me avaliando, talvez me julgando e parecendo até mesmo bravo ele estendeu a mão para mim e falou:

-Oi Molina, o prazer é todo meu. – E apertou a minha mão como se ele realmente não acreditasse no que acabou de falar.

Eu fiquei confusa, o que eu fiz que pudesse dar a ele essa postura de menino mimado, ele parecia feliz com a Flynn e a Tori, eu é que não vou ser obrigada a ter que lidar com ele. Não mesmo.

LADY MAY | AU JUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora