21. Coragem

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Satori P.O.V

Eu demorei um tempo pra assimilar a situação. Por breves segundos meus olhos não estavam acreditando na cena. O quê diabos o Wakatoshi estava fazendo aqui?

Eu corri até o corpo do maior, que estava caído no chão e o segurei nos meus braços, chorando desesperadamente. O tiro tinha sido em seu peito e o local sangrava.

– Wakatoshi, por favor não morre! – falei nervoso, passando minha mão suja de sangue no seu rosto, sujando um pouco o local, mas eu não estava me preocupando muito com isso.– Eu preciso de você...

– Não se preocupe, Satori-kun... O sofrimento dele já vai acabar.– Hiroshi disse soltando uma risada sarcástica e se aproximou com certa dificuldade por conta do tiro que dei em sua perna mais cedo.– Ele não vai se dar o trabalho de ficar vivo por sua cau–

Não deixei que o Hiroshi  terminasse a frase. Retirei a arma que estava no coldre e atirei nele duas vezes, sem hesitar. A bala foi de encontro com o rapaz, fazendo-o cair no chão, dando o último suspiro.

Joguei a arma pro lado e voltei minha atenção pro rapaz deitado no meu colo. Ele me olhava com os olhos quase fechados e com lágrimas.

Peguei meu celular no bolso do sobretudo e disquei o número do hospital. Após três longos toques, uma mulher atendeu. Pedi uma ambulância e passei o local, avisando, antes de desligar, que a mesma viesse o mais rápido possível. Assim que encerrei a ligação, voltei a olhar pro Wakatoshi.

– T-Tendou...– ele tentou dizer, mas estava fraco demais para tal ato. Minha mão tremia no rosto rapaz, enquanto a outra estava sobre seu peito, na tentativa inútil de parar o sangramento

– Não poupe toda sua força falando, Wakatoshi-kun.– eu sussurrei, sorrindo fraco no pior momento.– Você não era pra estar aqui... Eu não consigo pensar na possibilidade de te perder.

– Não queria... que você morresse...– sua voz era fraca e pude ver o sangue saindo no canto da sua boca.

Eu realmente estava confuso. Meu cérebro não me deixou em paz em nenhum minuto. Dúvidas e mais dúvidas se passaram por minha cabeça, mas não tinha nenhuma resposta para elas.

Alguns passos foram ouvidos entrando pela casa e logo vozes gritando: "Se afaste do corpo e mãos pra cima!!". Era a polícia, mas não me dei o trabalho de olhar pra eles. Minha atenção estava toda no rapaz que parecia batalhar pra continuar vivo e me olhando.

Minhas lágrimas caíam sobre seu rosto, enquanto eu fazia carinho na sua bochecha, pedindo ao universo que me ouvisse e deixasse com ele ficasse vivo. Eu me culparia pelo resto da minha vida se algo acontecesse com esse garoto e sinceramente, eu não conseguiria ver minha vida sem ele. Já foi difícil ficar duas semanas longe do meu melhor amigo...

– Wakatoshi!! – um homem gritou desesperado. Eu olhei pro policial e era o pai dele. Ele se ajoelhou na minha frente e segurou na mão do rapaz.– O quê...? Por quê?! – ele já estava chorando e me olhava procurando respostas.

Quando fui responder, Wakatoshi tossiu, atraindo nossa atenção.

– O Satori... pai.– ele disse baixo.– Não podia deixar ele morrer.– ele deu um pequeno sorriso. Suas mãos subiram até meu rosto, limpando minhas lágrimas.

– Você é tão chato.– sussurrei fechando os olhos com o toque.

A ambulância chegou e os paramédicos entraram correndo, pedindo para todos se afastarem. Eu não queria sair de perto do Wakatoshi, mas o pai do mesmo veio até mim e me ajudou a me levantar.

Monster [Satori Tendou]Onde histórias criam vida. Descubra agora